Dom Bosco e a Igreja do Santo Sudário

O Santo Sudário de Turim, impropriamente chamado de “Santo Sudário” pelo costume francês de chamá-lo de “Le Saint Suaire”, era propriedade da Casa de Saboia desde 1463 e foi transferido de Chambery para a nova capital da Saboia em 1578.
            Naquele mesmo ano, foi realizada a primeira Exposição, que Emanuel Filiberto quis fazer em homenagem ao Card. Carlos Borromeu, que veio a Turim em peregrinação para venerá-la.

Exposições no século XIX e o culto ao Sudário
            No século XIX, as Exposições de 1815, 1842, 1868 e 1898 são particularmente dignas de nota: a primeira por ocasião do retorno da família de Saboia aos seus estados, a segunda no casamento de Vítor Emanuel II com Maria Adelaide de Habsburgo-Lorena, a terceira no casamento de Humberto I com Margarida de Saboia-Gênova e a quarta na Exposição Universal.
            Os santos de Turim do século XIX, Cottolengo, Cafasso e Dom Bosco, eram devotos do Santo Sudário, imitando o exemplo do Beato Sebastião Valfré, o apóstolo de Turim durante o cerco de 1706.
            As Memórias Biográficas nos asseguram que Dom Bosco o venerou especialmente na Exposição de 1842 e na de 1868, quando também levou os meninos do oratório para vê-lo (MBp II, 110-111; IX, 182).
            Hoje, a tela de valor inestimável, doada por Umberto II de Saboia à Santa Sé, é confiada ao Arcebispo de Turim “Custódio Pontifício” e mantida na suntuosa Capela Guarini, atrás da Catedral.
            Em Turim, há também, na Rua Piave, na esquina da Rua São Domingos, a Igreja do Santo Sudário, construída pela Confraria de mesmo nome e reconstruída em 1761. Adjacente à igreja está o “Museu Sindonológico” e a sede do Sodalício “Cultores Sanctae Sindonis” [Cultores do Santo Sudário], um centro de estudos sindonológicos para o qual fizeram valiosas contribuições estudiosos salesianos como o P. Natal Noguier de Malijay, o P. Antônio Tonelli, o P. Alberto Caviglia, o P. Pedro Scotti e, mais recentemente, o P. Pedro Rinaldi e o P. Luís Fossati, para citar apenas os principais.

A Igreja do Santo Sudário em Roma
            Também existe uma Igreja do Santo Sudário em Roma, ao longo da rua homônima que vai do Largo Argentina paralelamente à Avenida Vitório. Erguida em 1604 com um projeto de Carlos di Castellamonte, era a Igreja dos Piemonteses, Saboianos e Niceanos, construída pela Confraria do Santo Sudário que havia surgido em Roma naquela época. Depois de 1870, ela se tornou a igreja particular da Casa de Saboia.
            Durante suas estadas em Roma, Dom Bosco celebrou a missa nessa igreja várias vezes e formulou um plano para ela e para a casa adjacente, de acordo com o propósito da então extinta Confraria, dedicada a obras de caridade para jovens abandonados, doentes e prisioneiros.
            A Confraria havia deixado de funcionar no início do século e a propriedade e a administração da igreja haviam passado para a Delegação Sarda junto à Santa Sé. Na década de 1860, a igreja estava precisando de grandes reformas, tanto que em 1868 foi temporariamente fechada.
            Mas, já em 1867, Dom Bosco teve a ideia de propor ao governo da Saboia que lhe entregasse o uso e a administração da igreja, oferecendo sua colaboração em dinheiro para concluir o trabalho de restauração. Talvez ele tenha previsto a entrada das tropas piemontesas em Roma, não muito distante, e, desejando abrir uma casa lá, pensou em fazê-lo antes que a situação se precipitasse, tornando mais difícil obter a aprovação da Santa Sé e o respeito do Estado pelos acordos (MBp IX, 461-462).
            Ele então apresentou o pedido ao governo. Em 1869, durante uma escala em Florença, ele preparou uma minuta de acordo que, ao chegar a Roma, apresentou a Pio IX. Depois de obter seu consentimento, ele passou para a solicitação oficial ao Ministério das Relações Exteriores, mas, infelizmente, a ocupação de Roma acabou prejudicando todo o caso. O próprio Dom Bosco percebeu a inadequação de insistir. Assumir, de fato, naquela época, a oficialização de uma igreja romana pertencente à Casa da Saboia por uma Congregação religiosa com sua Casa Mãe em Turim, poderia ter parecido um ato de oportunismo e servilismo em relação ao novo Governo.
            Em 1874, Dom Bosco testou novamente o terreno com o governo. Mas, infelizmente, as notícias intempestivas que vazaram dos jornais interromperam definitivamente o projeto (MBp X, 1041-1042).
            Gostaríamos, porém, de recordar o fato de que Dom Bosco, ao procurar uma oportunidade favorável para abrir uma casa em Roma, pôs os olhos na Igreja do Santo Sudário.




O voluntariado missionário transforma a vida dos jovens no México

O voluntariado missionário representa uma experiência que transforma profundamente a vida dos jovens. No México, a Inspetoria Salesiana de Guadalajara desenvolveu, há décadas, um percurso orgânico de Voluntariado Missionário Salesiano (VMS) que continua a impactar de forma duradoura o coração de muitos rapazes e moças. Graças às reflexões de Margarita Aguilar, coordenadora do voluntariado missionário em Guadalajara, compartilharemos o caminho referente às origens, evolução, fases de formação e motivações que levam os jovens a se comprometerem para servir as comunidades no México.

Origens
O voluntariado, entendido como um compromisso em favor do outro nascido da necessidade de ajudar o próximo tanto no plano social quanto no espiritual, fortaleceu-se ao longo do tempo com a contribuição de governos e ONGs para sensibilizar sobre temas como saúde, educação, religião, meio ambiente e outros. Na Congregação Salesiana, o espírito voluntário está presente desde as origens: Mamãe Margarida, ao lado de Dom Bosco, foi uma das primeiras “voluntárias” no Oratório, dedicando-se ao cuidado dos jovens para cumprir a vontade de Deus e contribuir para a salvação de suas almas. Já o Capítulo Geral XXII (1984) começou a falar explicitamente sobre voluntariado, e os capítulos seguintes insistiram nesse compromisso como uma dimensão inseparável da missão salesiana.

No México, os salesianos estão divididos em duas Inspetorias: Cidade do México (MEM) e Guadalajara (MEG). Foi justamente nesta última que, a partir da metade dos anos 80, estruturou-se um projeto de voluntariado juvenil. A Inspetoria de Guadalajara, fundada há 62 anos, oferece há quase 40 anos a possibilidade para jovens desejosos de experimentar o carisma salesiano de dedicar um período de vida ao serviço das comunidades, especialmente nas zonas de fronteira.

Em 24 de outubro de 1987, o inspetor enviou um grupo de quatro jovens junto com salesianos para a cidade de Tijuana, numa zona de fronteira em forte expansão salesiana. Foi o início do Voluntariado Juvenil Salesiano (VJS), que se desenvolveu gradualmente e se organizou de forma cada vez mais estruturada.

O objetivo inicial era proposto a jovens de cerca de 20 anos, disponíveis para dedicar de um a dois anos para construir os primeiros oratórios nas comunidades de Tijuana, Ciudad Juárez, Los Mochis e outras localidades do norte. Muitos lembram os primeiros dias: pá e martelo na mão, convivendo em casas simples com outros voluntários, tardes passadas com crianças, adolescentes e jovens do bairro brincando no terreno onde surgiria o oratório. Às vezes faltava o teto, mas não faltavam a alegria, o senso de família e o encontro com a Eucaristia.

Essas primeiras comunidades de salesianos e voluntários levaram nos corações o amor a Deus, a Maria Auxiliadora e a Dom Bosco, manifestando espírito pioneiro, ardor missionário e cuidado total pelos outros.

Evolução
Com o crescimento da Inspetoria e da Pastoral Juvenil, surgiu a necessidade de itinerários formativos claros para os voluntários. A organização se fortaleceu por meio de:
Questionário de candidatura: cada aspirante a voluntário preenchia uma ficha e respondia a um questionário que delineava suas características humanas, espirituais e salesianas, iniciando o processo de crescimento pessoal.

Curso de formação inicial: oficinas teatrais, jogos e dinâmicas de grupo, catequese e ferramentas práticas para as atividades de campo. Antes da partida, os voluntários se reuniam para concluir a formação e receber o envio nas comunidades salesianas.

Acompanhamento espiritual: convidava-se o candidato a ser acompanhado por um salesiano em sua comunidade de origem. Por um certo período, a preparação foi realizada junto com aspirantes salesianos, fortalecendo o aspecto vocacional, embora essa prática tenha sofrido modificações conforme a animação vocacional da Inspetoria.

Encontro anual da Inspetoria: todos os anos, em dezembro, próximo ao Dia Internacional do Voluntário (5 de dezembro), os voluntários se reúnem para avaliar a experiência, refletir sobre o caminho de cada um e consolidar os processos de acompanhamento.

Visitas às comunidades: a equipe de coordenação visita regularmente as comunidades onde atuam os voluntários, para apoiar não apenas os jovens, mas também salesianos e leigos da comunidade educativo-pastoral, fortalecendo as redes de apoio.

Projeto de vida pessoal: cada candidato elabora, com a ajuda do acompanhante espiritual, um projeto de vida que ajude a integrar a dimensão humana, cristã, salesiana, vocacional e missionária. Prevê-se um período mínimo de seis meses de preparação, com momentos online dedicados às várias dimensões.

Envolvimento das famílias: encontros informativos com os pais sobre os processos do VJS, para fazer compreender o percurso e fortalecer o apoio familiar.

Formação contínua durante a experiência: a cada mês é abordada uma dimensão (humana, espiritual, apostólica etc.) por meio de materiais de leitura, reflexão e trabalho de aprofundamento em andamento.

Pós-voluntariado: após a conclusão da experiência, organiza-se um encontro de encerramento para avaliar a experiência, planejar os passos seguintes e acompanhar o voluntário na reinserção na comunidade de origem e na família, com fases presenciais e online.

Novas etapas e renovações
Recentemente, a experiência passou a se chamar Voluntariado Missionário Salesiano (VMS), em linha com a ênfase da Congregação na dimensão espiritual e missionária. Algumas novidades introduzidas:

Pré-voluntariado breve: durante as férias escolares (dezembro-janeiro, Semana Santa e Páscoa, e especialmente o verão) os jovens podem experimentar por curtos períodos a vida em comunidade e o compromisso de serviço, para ter um primeiro “gosto” da experiência.

Formação para a experiência internacional: foi instituído um processo específico para preparar os voluntários a viver a experiência fora das fronteiras nacionais.

Maior ênfase no acompanhamento espiritual: não mais apenas “enviar para trabalhar”, mas colocar no centro o encontro com Deus, para que o voluntário descubra sua vocação e missão.

Como destaca Margarita Aguilar, coordenadora do VMS em Guadalajara: “Um voluntário precisa ter as mãos vazias para poder abraçar sua missão com fé e esperança em Deus.”

Motivações dos jovens
Na base da experiência VMS está sempre a pergunta: “Qual é a sua motivação para se tornar voluntário?”. Podem ser identificados três grupos principais:

Motivação operacional/prática: quem acredita que realizará atividades concretas ligadas às suas competências (ensinar numa escola, servir em refeitório, animar um oratório). Muitas vezes descobre que o voluntariado não é apenas trabalho manual ou didático e pode ficar desapontado, se esperava uma experiência meramente instrumental.

Motivação ligada ao carisma salesiano: os que já se beneficiaram de obras salesianas e desejam aprofundar e viver mais intensamente o carisma, imaginando uma experiência intensa como um longo encontro festivo do Movimento Juvenil Salesiano, mas por um período prolongado.

Motivação espiritual: quem pretende compartilhar sua experiência de Deus e descobri-lo nos outros. Às vezes, porém, essa “fidelidade” é condicionada por expectativas (ex.: “sim, mas só nesta comunidade” ou “sim, mas se eu puder voltar para um evento familiar”), e é necessário ajudar o voluntário a amadurecer o “sim” de forma livre e generosa.

Três elementos-chave do VMS
A experiência do Voluntariado Missionário Salesiano se articula em três dimensões fundamentais:

Vida espiritual: Deus é o centro. Sem oração, sacramentos e escuta do Espírito, a experiência corre o risco de se reduzir a um simples compromisso operacional, cansando o voluntário até o abandono.

Vida comunitária: a comunhão com os salesianos e com os demais membros da comunidade fortalece a presença do voluntário junto a crianças, adolescentes e jovens. Sem comunidade não há apoio nos momentos de dificuldade nem contexto para crescer juntos.

Vida apostólica: o testemunho alegre e a presença afetiva entre os jovens evangelizam mais do que qualquer atividade formal. Não se trata apenas de “fazer”, mas de “ser” sal e luz no cotidiano.

Para viver plenamente essas três dimensões, é necessário um percurso de formação integral que acompanhe o voluntário do início ao fim, abraçando todos os aspectos da pessoa (humano, espiritual, vocacional) segundo a pedagogia salesiana e o mandato missionário.

O papel da comunidade de acolhida
O voluntário, para ser um instrumento autêntico de evangelização, precisa de uma comunidade que o apoie, sirva de exemplo e guia. Da mesma forma, a comunidade acolhe o voluntário para integrá-lo, apoiando-o nos momentos de fragilidade e ajudando-o a se libertar de vínculos que dificultam a dedicação total. Como destaca Margarita: “Deus nos chamou para ser sal e luz da Terra e muitos dos nossos voluntários encontraram a coragem de pegar um avião deixando para trás a família, os amigos, a cultura, seu modo de viver para escolher esse estilo de vida centrado em ser missionários.”

A comunidade oferece espaços de diálogo, oração comum, acompanhamento prático e emocional, para que o voluntário possa permanecer firme em sua escolha e dar frutos no serviço.

A história do voluntariado missionário salesiano em Guadalajara é um exemplo de como uma experiência pode crescer, se estruturar e se renovar aprendendo com erros e acertos. Colocando sempre no centro a motivação profunda do jovem, a dimensão espiritual e comunitária, oferece um percurso capaz de transformar não apenas as realidades servidas, mas também a vida dos próprios voluntários.
Margarita Aguilar nos diz: “Um voluntário precisa ter as mãos vazias para poder abraçar sua missão com fé e esperança em Deus.”

Agradecemos a Margarita por suas preciosas reflexões: seu testemunho nos lembra que o voluntariado missionário não é um mero serviço, mas um caminho de fé e crescimento que toca a vida dos jovens e das comunidades, renovando a esperança e o desejo de se doar por amor a Deus e ao próximo.




Patagônia: “O maior empreendimento de nossa Congregação”

Assim que chegaram à Patagônia, os Salesianos – liderados por Dom Bosco – buscaram obter um Vicariato Apostólico que garantisse autonomia pastoral e apoio da Propaganda Fide. Entre 1880 e 1882, repetidos pedidos a Roma, ao presidente argentino Roca e ao arcebispo de Buenos Aires foram frustrados por distúrbios políticos e desconfianças eclesiásticas. Missionários como Rizzo, Fagnano, Costamagna e Beauvoir percorriam o Río Negro, o Colorado e até o lago Nahuel-Huapi, estabelecendo presenças entre índios e colonos. A virada aconteceu em 16 de novembro de 1883: um decreto criou o Vicariato da Patagônia Setentrional, confiado a dom Giovanni Cagliero, e a Prefeitura Meridional, liderada por dom Giuseppe Fagnano. A partir desse momento, a obra salesiana se enraizou «no fim do mundo», preparando sua futura florescência.

            Os salesianos tinham acabado de chegar à Patagônia quando Dom Bosco, em 22 de março de 1880, voltou a pedir às várias Congregações romanas e ao próprio Papa Leão XIII a ereção de um Vicariato ou Prefeitura da Patagônia com sede em Carmen, que abrangeria as colônias já estabelecidas ou que estavam sendo organizadas às margens do Rio Negro, do paralelo 36° ao 50° de latitude sul. Carmen poderia ter se tornado “o centro das missões salesianas entre os índios”.
            Mas as desordens militares na época da eleição do General Roca como Presidente da República (maio-agosto de 1880) e a morte do inspetor salesiano P. Francisco Bodrato (agosto de 1880) fizeram com que os planos fossem suspensos. Dom Bosco também insistiu com o Presidente em novembro, mas sem sucesso. O Vicariato não era desejado pelo arcebispo nem apreciado pela autoridade política.
            Poucos meses depois, em janeiro de 1881, Dom Bosco encorajou o recém-nomeado Inspetor P. Tiago Costamagna a ocupar-se do Vicariato na Patagônia e assegurou ao pároco-diretor P. Fagnano que, em relação à Patagônia – “o maior empreendimento da nossa Congregação” – uma grande responsabilidade logo recairia sobre ele. Mas o impasse permaneceu.
            Enquanto isso, na Patagônia, o P. Emilio Rizzo, que em 1880 havia acompanhado o vigário de Buenos Aires, Dom Espinosa, ao longo do Rio Negro até Roca (50 km), com outros salesianos estava se preparando para outras missões móveis ao longo do mesmo rio. O P. Fagnano pôde então acompanhar o exército até a Cordilheira em 1881. Dom Bosco, impaciente, se agitava e o P. Costamagna, em novembro de 1881, aconselhou-o novamente a negociar diretamente com Roma.
            Por sorte, Dom Espinosa chegou à Itália no final de 1881; Dom Bosco aproveitou a oportunidade para informar por seu intermédio ao Arcebispo de Buenos Aires, que em abril de 1882 pareceu favorável ao projeto de um Vicariato confiado aos salesianos. Mais do que tudo, talvez pela impossibilidade de atender a região com seu clero. Mas, mais uma vez, não fez nada.
            No verão de 1882 e depois novamente em 1883, o P. Beauvoir acompanhou o exército até o lago Nahuel-Huapi nos Andes (880 km); outros salesianos fizeram excursões apostólicas semelhantes em abril ao longo do Rio Colorado, enquanto o P. Beauvoir voltava a Roca e em agosto o P. Milanesio foi até Ñorquín no Neuquén (900 km).
            Dom Bosco estava cada vez mais convencido de que, sem um Vicariato Apostólico próprio, os salesianos não teriam a necessária liberdade de ação, dadas as relações muito difíceis que tivera com o arcebispo de Turim e também levando em conta que o próprio Concílio Vaticano I não decidira nada sobre as relações nada fáceis entre os Ordinários e os superiores das Congregações religiosas nos territórios de missão. Além disso, e não era pouca coisa, somente um Vicariato missionário poderia receber apoio financeiro da Congregação da Propaganda Fide.
            Portanto, Dom Bosco retomou seus esforços, apresentando à Santa Sé a proposta de subdivisão administrativa da Patagônia e da Terra do Fogo em três Vicariatos ou Prefeituras: do Rio Colorado ao Rio Chubut, deste ao Rio Santa Cruz, e deste às ilhas da Terra do Fogo, incluindo as Malvinas (Falklands).
            O Papa Leão XIII concordou alguns meses depois e lhe pediu os nomes. Dom Bosco sugeriu então ao Cardeal Simeoni a criação de um único Vicariato para o norte da Patagônia, com sede em Carmen, do qual dependeria uma Prefeitura Apostólica para o sul da Patagônia. Para esta última, propôs o P. Fagnano; para o Vicariato, o P. Cagliero ou o P. Costamagna.

Um sonho que se torna realidade
            Em 16 de novembro de 1883, um decreto da Propaganda Fide erigiu o Vicariato Apostólico da Patagônia Setentrional e Central, que incluía o sul da província de Buenos Aires, os territórios nacionais de La Pampa central, Rio Negro, Neuquén e Chubut. Quatro dias depois, ele a confiou ao P. Cagliero como Provigário Apostólico (e mais tarde Vigário Apostólico). Em 2 de dezembro de 1883, foi a vez de Fagnano ser nomeado Prefeito Apostólico da Patagônia chilena, do território chileno de Magalhães-Punta Arenas, do território argentino de Santa Cruz, das Ilhas Malvinas e das ilhas indefinidas que se estendiam até o Estreito de Magalhães. Eclesiasticamente, a Prefeitura abrangia áreas pertencentes à diocese chilena de São Carlos de Ancud.
            O sonho da famosa viagem de trem de Cartagena, na Colômbia, a Punta Arenas, no Chile, em 10 de agosto de 1883, estava começando a se tornar realidade, tanto mais que alguns salesianos de Montevidéu, no Uruguai, tinham vindo fundar a casa de Niterói, no Brasil, no início de 1883. O longo processo para poder dirigir uma missão com plena liberdade canônica havia chegado ao fim. Em outubro de 1884, o P. Cagliero seria nomeado Vigário Apostólico da Patagônia, aonde chegaria em 8 de julho, sete meses após sua consagração episcopal em Valdocco, em 7 de dezembro de 1884.

A sequência
            Embora em meio a dificuldades de todos os tipos que a história recorda – inclusive acusações e calúnias – a obra salesiana, desde aqueles tímidos começos, desenvolveu-se rapidamente na Patagônia argentina e chilena. Criou raízes principalmente em centros muito pequenos de índios e colonos, que hoje se tornaram vilas e cidades. Monsenhor Fagnano se estabeleceu em Punta Arenas (Chile) em 1887, de onde pouco tempo depois iniciou missões nas ilhas da Terra do Fogo. Dedicados e competentes, os missionários gastaram generosamente suas vidas em ambos os lados do Estreito de Magalhães “para a salvação das almas” e até mesmo dos corpos (na medida de suas possibilidades) dos habitantes daquelas terras “lá embaixo, no fim do mundo”. Muitos reconheceram esse fato, entre eles uma pessoa que sabe disso, porque ele mesmo veio “quase do fim do mundo”: o Papa Francisco.

Foto de época: os três Bororòs que acompanharam os missionários salesianos a Cuyabà (1904)




O P. Pedro Ricaldone renasce em Mirabello Monferrato

O P. Pedro Ricaldone (Mirabello Monferrato, 27 de abril de 1870 – Roma, 25 de novembro de 1951) foi o quarto sucessor de Dom Bosco à frente dos Salesianos, homem de vasta cultura, profunda espiritualidade e grande amor pelos jovens. Nascido e criado entre as colinas de Monferrato, sempre carregou consigo o espírito daquela terra, traduzindo-o em um compromisso pastoral e formativo que o tornaria uma figura de destaque internacional. Hoje, os habitantes de Mirabello Monferrato querem trazê-lo de volta às suas terras.

O Comitê P. Pedro Ricaldone: renascimento de uma herança (2019)
Em 2019, um grupo de ex-alunos e ex-alunas, historiadores e apaixonados por tradições locais deu vida ao Comitê P. Pedro Ricaldone em Mirabello Monferrato. O objetivo – simples e ambicioso ao mesmo tempo – foi desde o início trazer a figura do P. Pedro de volta ao coração da cidade e dos jovens, para que sua história e sua herança espiritual não se percam.

Para preparar o 150º aniversário de nascimento (1870-2020), o Comitê pesquisou o Arquivo Histórico Municipal de Mirabello e o Arquivo Histórico Salesiano, encontrando cartas, anotações e volumes antigos. Desse trabalho nasceu uma biografia ilustrada, pensada para leitores de todas as idades, na qual a personalidade de Ricaldone emerge de forma clara e cativante. Fundamental, nesta fase, foi a colaboração com o P. Egídio Deiana, estudioso da história salesiana.

Em 2020, estava prevista uma série de eventos – exposições fotográficas, concertos, espetáculos teatrais e circenses – todos centrados na memória do P. Pedro. Embora a pandemia tenha obrigado a reprogramar grande parte das celebrações, em julho do mesmo ano, realizou-se um evento comemorativo com uma exposição fotográfica sobre as etapas da vida de Ricaldone, uma animação infantil com oficinas criativas e uma celebração solene, com a presença de alguns Superiores Salesianos.
Aquele encontro marcou o início de uma nova fase de atenção ao território de Mirabello.

Além dos 150 anos: o concerto pelo 70º aniversário de morte
O entusiasmo pela recuperação da figura do P. Pedro Ricaldone levou o Comitê a prolongar suas atividades mesmo após o 150º aniversário.
Em vista do 70º aniversário de morte (25 de novembro de 1951), o Comitê organizou um concerto intitulado “Apressar a aurora radiosa do dia esperado”, frase extraída da circular do P. Pedro sobre o Canto Gregoriano de 1942.
Em plena Segunda Guerra Mundial, o P. Pedro – então Reitor-Mor – escreveu uma célebre circular sobre o Canto Gregoriano na qual destacava a importância da música como caminho privilegiado para reconduzir os corações dos homens à caridade, à mansidão e, sobretudo, a Deus: “A alguns poderá causar espanto que, em meio a tanto fragor de armas, eu vos convide a ocupar-vos de música. No entanto, penso, mesmo prescindindo de alusões mitológicas, que este tema responde plenamente às exigências da hora atual. Tudo o que possa exercer eficácia educativa e reconduzir os homens a sentimentos de caridade e mansidão e, sobretudo, a Deus, deve ser por nós praticado, diligentemente e sem demora, para apressar a aurora radiosa do dia esperado”.

Passeios e raízes salesianas: o “Passeio de Dom Bosco”
Embora tenha nascido como uma homenagem ao P. Ricaldone, o Comitê acabou por divulgar novamente também a figura de Dom Bosco e de toda a tradição salesiana, da qual o P. Pedro foi herdeiro e protagonista.
A partir de 2021, a cada segundo domingo de outubro, o Comitê promove o “Passeio de Dom Bosco”, repropondo a peregrinação que Dom Bosco realizou com os jovens de Mirabello a Lu Monferrato de 12 a 17 de outubro de 1861. Naqueles cinco dias, foram planejados os detalhes do primeiro colégio salesiano fora de Turim, confiado ao Beato Miguel Rua, com o P. Álbera entre os professores. Embora a iniciativa não diga respeito diretamente ao P. Pedro, ela destaca suas raízes e o vínculo com a tradição salesiana local que ele mesmo levou adiante.

Hospitalidade e intercâmbios culturais
O Comitê tem incentivado o acolhimento de grupos de jovens, escolas profissionais e clérigos salesianos de todo o mundo. Algumas famílias oferecem hospitalidade gratuita, renovando a fraternidade típica de Dom Bosco e do P. Pedro. Em 2023, um numeroso grupo da Crocetta passou por Mirabello, enquanto durante todo o verão chegam grupos internacionais acompanhados pelo P. Egídio Deiana. Cada visita é um diálogo entre memória histórica e a alegria dos jovens.

Em 30 de março de 2025, quase cem capitulares salesianos fizeram uma parada em Mirabello, nos locais onde Dom Bosco abriu seu primeiro colégio fora de Turim e onde o P. Pedro viveu seus anos de formação. O Comitê, junto com a Paróquia e a Pro Loco [escritório de promoção cultural e turística], organizou a acolhida e produziu um vídeo informativo sobre a história salesiana local, apreciado por todos os participantes.

As iniciativas continuam e hoje o Comitê, liderado por seu presidente, colabora na criação do Caminho Monferrino de Dom Bosco, um itinerário espiritual de aproximadamente 200 km pelas rotas outonais percorridas pelo Santo. O objetivo é obter o reconhecimento oficial em nível regional, mas também oferecer aos peregrinos uma experiência formativa e de evangelização. Os passeios juvenis de Dom Bosco, de fato, eram experiências de formação e evangelização: o mesmo espírito que o P. Pedro Ricaldone defenderia e promoveria depois durante todo o seu reitorado.

A missão do Comitê: manter viva a memória do P. Pedro
Por trás de cada iniciativa está a vontade de destacar a obra educativa, pastoral e cultural do P. Pedro Ricaldone. Os fundadores do Comitê guardam memórias pessoais da infância e desejam transmitir às novas gerações os valores de fé, cultura e solidariedade que animaram o sacerdote de Mirabello. Numa época em que tantos pontos de referência vacilam, redescobrir o caminho do P. Pedro significa oferecer um modelo de vida capaz de iluminar o presente: “Onde passam os Santos, Deus caminha com eles e nada mais é como antes” (São João Paulo II).
O Comitê P. Pedro Ricaldone se faz porta-voz dessa herança, confiando que a memória de um grande filho de Mirabello continue a iluminar o caminho para as gerações futuras, traçando uma senda sólida feita de fé, cultura e solidariedade.




Finalmente na Patagônia!

Entre 1877 e 1880, ocorre a virada missionária salesiana rumo à Patagônia. Após a oferta da paróquia de Carhué em 12 de maio de 1877, dom Bosco sonha com a evangelização das terras austrais, mas dom Cagliero o aconselha a ter cautela diante das dificuldades culturais. As tentativas iniciais sofrem atrasos, enquanto a “campanha do deserto” do general Roca (1879) redefine os equilíbrios com os índios. Em 15 de agosto de 1879, o arcebispo Aneiros confia aos salesianos a missão patagônica: «Finalmente chegou o momento em que posso oferecer a vocês a Missão da Patagônia, pela qual seu coração tanto suspirou». Em 15 de janeiro de 1880, parte o primeiro grupo liderado por dom Giuseppe Fagnano, inaugurando a epopeia salesiana no sul da Argentina.

            O que fez Dom Bosco e o P. Cagliero suspenderem, ao menos temporariamente, qualquer projeto missionário na Ásia foi a notícia de 12 de maio de 1877: o arcebispo de Buenos Aires havia oferecido aos salesianos a missão de Caruhé (sudeste da Província de Buenos Aires), lugar de guarnição e de fronteira entre numerosas tribos de indígenas do vasto deserto dos Pampas e a Província de Buenos Aires.
            Abriam-se assim aos salesianos, pela primeira vez, as portas da Patagônia: Dom Bosco ficou muito entusiasmado; mas o P. Cagliero imediatamente esfriou seu entusiasmo: “Repito-lhe, porém, que em relação à Patagônia não se deve correr com excesso de velocidade, nem ir para lá a vapor, porque os salesianos ainda não estão preparados para esse empreendimento […] muito foi publicado e pudemos fazer muito pouco em relação aos índios. Não se pode desconhecer esta empresa, que é fácil de idealizar, mas difícil de realizar. Faz muito pouco tempo que chegamos aqui. Devemos sim trabalhar com zelo e atividade para esse fim, mas sem fazer alarde, para não despertar a admiração dessa gente daqui, por querermos aspirar nós, que chegamos ontem, à conquista de um país que ainda não conhecemos e cuja língua nem sequer sabemos”.
            Como a opção de Carmen de Patagónes não estava mais disponível, com a paróquia confiada pelo arcebispo a um padre lazarista, os salesianos ficaram com a paróquia mais ao norte de Carhué e a paróquia mais ao sul de Santa Cruz, para a qual o P. Cagliero obteve uma passagem marítima na primavera, o que lhe teria atrasado em seis meses o seu planejado retorno à Itália.
            A decisão de quem deveria “entrar por primeiro na Patagônia” foi, portanto, deixada para Dom Bosco, que pretendia oferecer-lhe essa honra. Mas antes mesmo de saber, o P. Cagliero decidiu voltar: “A Patagônia está me esperando, os de Dolores, Carhué, Chaco estão nos pedindo, e eu vou agradar a todos eles fugindo!” (8 de julho de 1877). Retornou para participar do 1º Capítulo Geral da Sociedade Salesiana, a ser realizado em Lanzo Torinese, em setembro. Entre outras coisas, era sempre membro do Capítulo Superior da Congregação, onde ocupou o importante cargo de Catequista Geral (era o terceiro na Congregação, depois de Dom Bosco e do P. Rua).
            O ano de 1877 se encerrou com a terceira expedição de 26 missionários liderados pelo P. Tiago Costamagna e com o novo pedido de Dom Bosco à Santa Sé para uma Prefeitura em Carhué e um Vicariato em Santa Cruz. No entanto, para dizer a verdade, durante todo o ano, a evangelização direta dos salesianos fora da cidade havia se limitado à breve experiência do P. Cagliero e do clérigo Evásio Rabagliati na colônia italiana de Vila Liberdade em Entre Ríos (abril de 1877), nos limites da Diocese de Paraná, e a algumas excursões ao acampamento pampeano dos salesianos no Paraná, em San Nicolás de los Arroyos.

O sonho se realiza (1880)
            Em maio de 1878, a primeira tentativa de chegar a Carhué, feita pelo P. Costamagna e pelo clérigo Rabagliati, fracassou por causa de uma tempestade no oceano. Mas, nesse meio tempo, Dom Bosco já havia retornado à carga com o novo Prefeito da Propaganda Fide, Cardeal João Simeoni, propondo um Vicariato ou Prefeitura com sede em Carmen, como o próprio P. Fagnano havia sugerido, que ele via como um ponto estratégico para chegar aos nativos.
            No ano seguinte (1879), justamente quando o plano de entrada dos salesianos no Paraguai estava sendo abandonado, as portas da Patagônia finalmente se abriram para eles. De fato, em abril, o general Júlio A. Roca iniciou a famosa “campanha do deserto” com o objetivo de subjugar os índios e obter segurança interna, impelindo-os para além dos rios Negro e Neuquén. Foi o “golpe de misericórdia” para seu extermínio, após os inúmeros massacres do ano anterior.
            O vigário geral de Buenos Aires, Dom Espinosa, como capelão de um forte exército de seis mil homens, foi acompanhado pelo clérigo argentino Luís Botta e pelo P. Costamagna. O futuro bispo percebeu logo a ambiguidade da posição deles, escreveu imediatamente a Dom Bosco, mas não viu outra maneira de abrir o caminho para a Patagônia aos missionários salesianos. E, de fato, assim que o governo pediu ao arcebispo que estabelecesse algumas missões nas margens do Rio Negro e na Patagônia, pensou-se imediatamente nos salesianos.
            Os salesianos, por sua vez, tinham a intenção de pedir ao governo uma concessão de dez anos de um território administrado por eles para construir, com materiais pagos pelo governo e com a mão de obra dos índios, os edifícios necessários para uma espécie de redução naquele território: os indígenas teriam evitado a contaminação dos colonos cristãos “corruptos e perversos” e os missionários plantariam ali a cruz de Cristo e a bandeira argentina. Mas o inspetor salesiano, P. Francisco Bodrato, não se sentia em condições de decidir por conta própria, e o P. Lasagna o desaconselhou em maio, alegando que o governo de Avellaneda estava no fim de seu mandato e não estava interessado no problema religioso. Portanto, era melhor preservar a independência e a liberdade de ação dos salesianos.
            Em 15 de agosto de 1879, Dom Aneiros ofereceu formalmente a Dom Bosco a missão da Patagônia: “Chegou finalmente o momento em que posso oferecer-lhe a Missão da Patagônia, pela qual o seu coração tanto ansiava, bem como o cuidado das almas entre os patagônios, que pode servir de centro para a missão”.
            Dom Bosco aceitou-a de imediato e de bom grado, mesmo que ainda não fosse o tão desejado consentimento para a ereção de circunscrições eclesiásticas autônomas em relação à Arquidiocese de Buenos Aires, uma realidade constantemente recusada pelo Ordinário diocesano.

A partida
            O grupo de missionários partiu para a tão sonhada Patagônia no dia 15 de janeiro de 1880: era formado pelo P. José Fagnano, diretor da Missão e pároco em Carmen de Patagónes (o padre lazarista havia se retirado), dois sacerdotes, um dos quais era responsável pela paróquia de Viedma, na outra margem do Rio Negro, um leigo salesiano (coadjutor) e quatro religiosas. Em dezembro, o P. Domingos Milanesio chegou para ajudar e, alguns meses depois, o P. José Beauvoir chegou com outro noviço coadjutor. A epopeia missionária salesiana na Patagônia estava começando.




“donbosco.info”: um motor de busca salesiano

Apresentamos a nova plataforma “donbosco.info”, que é uma ferramenta de busca salesiana, concebida para facilitar a consulta de documentos relacionados com o carisma de Dom Bosco. Criado para apoiar o “Boletim Salesiano on-line”, supera os limites dos sistemas de arquivo tradicionais, geralmente incapazes de identificar todas as ocorrências das palavras. Esta solução integra um “hardware” dedicado e um “software” exclusivo, oferecendo também a função de leitura. A “interface web”, propositadamente simples, permite navegar por milhares de documentos em diferentes idiomas, com a possibilidade de filtrar os resultados por pasta, título, autor ou ano. Graças à digitalização OCR dos documentos PDF, o sistema identifica o texto mesmo quando não está perfeito e adota estratégias para ignorar pontuação e caracteres especiais. Os conteúdos, ricos em material histórico e formativo, visam difundir a mensagem salesiana de forma capilar. Com o “upload” livre dos documentos, incentiva-se o enriquecimento contínuo da plataforma, melhorando a pesquisa.

No âmbito dos trabalhos para a redação do “Boletim Salesiano on-line”, foi necessária a criação de vários instrumentos de apoio, entre os quais uma ferramenta de busca dedicada.

Esta ferramenta de busca foi concebida tendo em conta as limitações atualmente presentes nas diversas possibilidades salesianas disponíveis na rede. Muitos sites oferecem sistemas de arquivo com funcionalidades de pesquisa, mas geralmente não conseguem identificar todas as ocorrências das palavras por causa de limitações técnicas ou restrições introduzidas para evitar a sobrecarga dos servidores.

Para superar tais dificuldades, em vez de construir um simples arquivo de documentos com uma função de pesquisa, criamos uma verdadeira ferramenta de busca, dotada também de uma função de leitura. Trata-se de uma solução completa, que conta com um hardware dedicado e um software exclusivo.

Na fase de projeto, avaliamos duas opções: um software para ser instalado localmente ou um aplicativo server-side acessível via web. Uma vez que a missão do “Boletim Salesiano on-line” é difundir o carisma salesiano ao maior número de pessoas, decidiu-se optar pela solução web, permitindo assim que qualquer pessoa possa procurar e acessar os documentos salesianos.

A ferramenta de busca está disponível no endereço www.donbosco.info. A interface web é propositadamente essencial e “espartana”, para garantir maior velocidade de carregamento. Na home page estão listados os arquivos e as pastas disponíveis, visando facilitar a consulta. Os documentos não estão apenas em italiano, mas também disponíveis em outros idiomas, selecionáveis através de um ícone no canto superior esquerdo.

A maioria dos arquivos carregados está em formato PDF, obtido a partir de digitalizações com OCR (reconhecimento ótico de caracteres). Uma vez que o OCR nem sempre é perfeito, por vezes nem todas as palavras procuradas são encontradas. Para evitar isso, foram implementadas diversas estratégias: ignorar a pontuação e os caracteres acentuados ou especiais, e permitir a pesquisa mesmo, na presença de caracteres em falta ou incorretos. Mais detalhes podem ser consultados na seção FAQ, acessível no rodapé da página.

Como são milhares de documentos, a pesquisa pode indicar um número muito elevado de resultados. Por isso, é possível restringir o âmbito da pesquisa por pastas, título, autor ou ano: os critérios são cumulativos e ajudam a encontrar mais rapidamente o que realmente interessa. Os resultados são listados com base numa pontuação de relevância, que atualmente considera, sobretudo, a densidade das palavras-chave dentro do texto e a sua proximidade.

O ideal seria dispor dos documentos em formato vetorial em vez de digitalizados, uma vez que a pesquisa seria sempre precisa e os arquivos seriam mais leves, com consequentes vantagens em termos de velocidade.

Documentos em formato vetorial ou de qualidade superior do que os já presentes na ferramenta de busca podem ser carregados através do serviço de upload disponível em www.donbosco.space. Outros documentos não presentes na ferramenta de busca também podem ser adicionados. Para obter as credenciais de acesso (nome de usuário e senha), enviar o pedido para bsol@sdb.org.




Don Bosco International

Don Bosco International (DBI) é uma organização não governamental sediada em Bruxelas, que representa os Salesianos de Dom Bosco junto às instituições da União Europeia, com foco na defesa dos direitos das crianças, no desenvolvimento dos jovens e no ensino. Fundada em 2014, a DBI colabora com vários parceiros europeus para promover políticas sociais e educacionais inclusivas, prestando atenção aos sujeitos vulneráveis. A organização promove a participação juvenil na definição das políticas, valorizando a importância da educação informal. Através de atividades de networking e advocacy, a DBI visa criar sinergia com as instituições europeias, as organizações da sociedade civil e as redes salesianas em âmbito global. Seus valores são a solidariedade, a formação integral dos jovens e o diálogo intercultural. A DBI organiza seminários, conferências e projetos europeus voltados a garantir uma maior presença dos jovens nos processos de decisão, favorecendo um contexto inclusivo que os apoie no percurso de crescimento, autonomia e desenvolvimento espiritual, através de intercâmbios culturais e formativos. A secretária executiva, Sara Sechi, explica a atividade desta instituição.

A advocacy como ato de responsabilidade para e com os nossos jovens
            O Don Bosco International (DBI) é a organização que cuida da representação institucional dos Salesianos de Dom Bosco junto às instituições europeias e às organizações da sociedade civil que giram em torno delas. A missão da DBI é centrada na advocacy, que pode ser traduzida como “incidência política”, ou seja, todas aquelas ações que visam influenciar um processo decisiório-legislativo, no nosso caso, o europeu. O escritório da DBI está sediado em Bruxelas e fica junto da comunidade salesiana de Woluwe-Saint-Lambert (Inspetoria FRB). O trabalho na capital europeia é dinâmico e estimulante, mas é a proximidade da comunidade que nos permite manter vivo o carisma salesiano em nossa missão, evitando de ficarmos presos na chamada “bolha europeia”, aquele mundo de relações e dinâmicas ‘privilegiadas’ geralmente distantes das nossas realidades.
            A ação da DBI segue duas direções: por um lado, aproximar a missão educativo-pastoral salesiana das instituições através da partilha de boas práticas, demandas dos jovens, projetos e respetivos resultados, criando espaços de diálogo e participação para aqueles que tradicionalmente não os teriam; por outro lado, trazer a dimensão europeia para dentro da Congregação através do monitoramento e da informação sobre os processos em curso e as novas iniciativas, a facilitação de novos contatos com representantes institucionais, ONGs e organizações confessionais que possam dar vida a novas colaborações.
            Uma pergunta muito frequente é como a DBI consegue haver, concretamente, uma incidência política. Nas ações de advocacy é fundamental o trabalho em rede com outras organizações ou entidades que compartilham os mesmos princípios, valores e objetivos. A tal propósito, a DBI garante uma presença ativa em alianças, formais e informais, de ONGs ou entidades confessionais que trabalham juntos em temáticas caras à missão de Dom Bosco: a luta contra a pobreza e a inclusão social, a defesa dos direitos dos jovens, sobretudo aqueles em situação de vulnerabilidade, e o desenvolvimento humano integral. Todas as vezes que uma delegação salesiana visita Bruxelas, facilitamos para ela os encontros com os Membros do Parlamento Europeu, os funcionários da Comissão, os corpos diplomáticos, incluindo a Nunciatura Apostólica junto à União Europeia, e outras entidades de interesse. Muitas vezes conseguimos nos encontrar com os grupos de jovens e de estudantes das escolas salesianas que visitam a cidade, organizando para eles um momento de diálogo com outras organizações juvenis.
            A DBI é um serviço que a Congregação oferece para dar visibilidade às suas próprias obras e para levar aos fóruns institucionais a voz de quem, de outra forma, não seria ouvido. A Congregação Salesiana tem um potencial de advocacy não plenamente explorado. Sua presença em 137 países cuidando dos jovens em risco de pobreza e exclusão social representa uma rede educativa e social com a qual poucas organizações podem contar; no entanto, ainda se tem dificuldade em apresentar estrategicamente os bons resultados às instâncias de decisão, onde se delineiam políticas e investimentos, sobretudo em âmbito internacional. Por esta razão, garantir um diálogo constante com as instituições representa, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um ato de responsabilidade. Uma oportunidade porque, a longo prazo, a visibilidade facilita contatos, novas parcerias, financiamentos para os projetos e a sustentabilidade das obras. Uma responsabilidade porque, não podendo ficar em silêncio diante das dificuldades enfrentadas pelos nossos e pelas nossas jovens no mundo de hoje, a incidência política é o testemunho ativo daquele compromisso cívico que muitas vezes procuramos gerar nos jovens.
            Garantindo direitos e dignidade para os jovens, Dom Bosco foi o primeiro ator de incidência política da Congregação, por exemplo através da assinatura do primeiro contrato italiano de aprendizagem. A advocacy representa um elemento intrínseco da missão salesiana. Aos Salesianos não faltam a experiência, nem as histórias de sucesso, nem as alternativas concretas e inovadoras para enfrentar os desafios atuais, mas muitas vezes falta uma coesão que permita um trabalho em rede coordenado e uma comunicação clara e compartilhada. Dando voz aos testemunhos autênticos dos jovens podemos transformar os desafios em oportunidades, criando um impacto duradouro na sociedade que dê esperança para o futuro.

Sara Sechi
Don Bosco International – DBI, Bruxelas

Sara Sechi, Secretária Executiva da DBI, está em Bruxelas há dois anos e meio. É filha da geração Erasmus+ que, juntamente com outros programas europeus, lhe garantiu experiências de vida e de formação que de outra forma lhe seriam negadas. É muito grata a Dom Bosco e à Congregação Salesiana, onde encontrou meritocracia, crescimento e uma segunda família. E nós lhe desejamos um bom e profícuo trabalho pela causa dos jovens.




Projeto Missionário Basilicata – Calábria

Dentro do “Projeto Europa”, a Itália Meridional lançou um novo projeto missionário nas regiões da Calábria e da Basilicata, acolhendo os primeiros missionários “ad gentes”, sinal de generosidade missionária e oportunidade de crescimento na abertura mundial do carisma de Dom Bosco.

Europa como terra de missão: numa nova perspectiva missiológica salesiana, as missões assumem cada vez menos uma conotação geográfica, como movimento em direção “às terras de missão”; hoje os missionários vêm dos cinco continentes e são enviados para os cinco continentes. Esse movimento missionário multidirecional já ocorre em muitas dioceses e congregações. Com o “Projeto Europa”, os salesianos se confrontaram com essa mudança de paradigma missionário, para o qual é necessário um caminho de conversão da mente e do coração. O “Projeto Europa”, na ideia do P. Pascual Chávez, é um ato de coragem apostólica e uma oportunidade de renascimento carismático no continente europeu, a ser inserido no mais amplo contexto da nova evangelização. O objetivo é envolver toda a congregação salesiana no fortalecimento do carisma salesiano na Europa, especialmente por meio de uma profunda renovação espiritual e pastoral dos coirmãos e das comunidades, a fim de continuar o projeto de Dom Bosco em favor dos jovens, especialmente os mais pobres.

As inspetorias salesianas envolvidas são chamadas a repensar suas presenças salesianas para uma evangelização mais eficaz e que responda ao contexto atual. Entre elas, a inspetoria da Itália Meridional elaborou um novo projeto missionário que envolve as regiões da Basilicata e da Campânia. A partir de uma análise do território, pode-se constatar como o Sul da Itália é caracterizado por uma presença bastante consistente de jovens, com uma natalidade menor em comparação a outras regiões italianas, e como a emigração é um fenômeno muito presente que faz com que muitos jovens saiam para estudar ou trabalhar em outros lugares. As tradições religiosas e familiares, que sempre constituíram um importante referencial identitário para a comunidade, são menos relevantes do que no passado e muitos jovens vivem a fé como distante de suas vidas, embora não se mostrem totalmente contrários a ela. Os Salesianos experimentam uma boa adesão às experiências espirituais juvenis, mas, ao mesmo tempo, uma baixa receptividade a caminhos sistemáticos e a propostas de vida definitivas. Outras problemáticas que afetam o mundo juvenil são o analfabetismo emocional e afetivo, as crises relacionais das famílias, a evasão escolar e o desemprego. Tudo isso alimenta fenômenos de pobreza disseminada e o crescimento de organizações criminosas que encontram um terreno fértil para envolver e desviar os jovens. Nesse contexto, muitos jovens expressam um forte desejo de compromisso social, especialmente em âmbitos políticos e ecológicos e no mundo do voluntariado.

Nos últimos anos, a inspetoria salesiana refletiu sobre como agir para ser relevante no território e tomou diversas decisões importantes, incluindo o desenvolvimento de obras e projetos para os jovens mais pobres, como as casas-família e os centros diurnos, que manifestam direta e claramente a escolha em favor dos jovens em situação de risco. O cuidado integral dos jovens deve visar a uma formação não apenas teórica, para que o jovem possa descobrir ou tomar consciência de suas capacidades. Além disso, é necessária uma prática missionária mais corajosa para realizar caminhos de educação na fé que ajudem os jovens a concretizar o cumprimento de sua vocação cristã. Tudo isso deve ser realizado com o envolvimento ativo de todos: consagrados, leigos, jovens, famílias, membros da família salesiana… num estilo plenamente sinodal que promova a corresponsabilidade e a participação.

A Basilicata e a Calábria foram escolhidas como áreas carismaticamente significativas e necessitadas de fortalecimento e novo impulso educativo-pastoral, territórios nos quais apostar, abrindo novas fronteiras pastorais e redimensionando algumas já existentes. As presenças salesianas são seis: Potenza, Bova Marina, Corigliano Rossano, Locri, Soverato e Vibo Valentia. Quais são os salesianos solicitados para este projeto missionário? Salesianos dispostos a trabalhar em contextos pobres, populares e populosos, com dificuldades econômicas e, às vezes, falta de estímulos culturais, e atentos, em particular, ao primeiro anúncio. Salesianos que estejam bem preparados, em nível espiritual, salesiano, cultural e carismático. É necessário ter bem presente a razão pela qual este projeto foi elaborado, ou seja, cuidar da Basilicata e da Calábria, duas regiões pobres e com poucas propostas pastorais sistemáticas em favor dos jovens mais necessitados, onde o primeiro anúncio se torna cada vez mais uma exigência, mesmo em contextos de tradição católica. O trabalho educativo-pastoral dos salesianos busca dar esperança a muitos jovens que frequentemente são forçados a deixar suas casas e se deslocar para o norte em busca de uma vida melhor. O contraste dessa realidade com ofertas pastorais e formativas visionárias, em particular a formação profissional, a atenção ao sofrimento juvenil, o trabalho com as instituições para encontrar respostas se torna cada vez mais urgente. Além dos salesianos consagrados, este território é enriquecido pela bela presença de leigos e membros da Família Salesiana, e a igreja local, assim como a realidade social, nutre um grande respeito e consideração pelos filhos de Dom Bosco.

A acolhida de novos missionários ad gentes é uma bênção e um desafio que se insere neste projeto pastoral. A inspetoria Itália Meridional (IME) este ano recebeu quatro missionários, enviados na 155ª expedição missionária salesiana. Entre eles, dois se tornaram membros da nova delegação inspetorial AKM (Albânia, Kosovo, Montenegro), os outros dois foram destinados ao Sul da Itália e participarão do novo projeto missionário da IME para a Basilicata e a Campânia: Henri Mufele Ngankwini e Guy Roger Mutombo, da República Democrática do Congo (Inspetoria ACC). Para acompanhar da melhor forma os missionários que chegam, a Inspetoria IME se compromete para que eles se sintam em casa e tenham uma inserção gradual na nova realidade comunitária e social. Os missionários são gradualmente inseridos na história e na cultura do lugar que se tornará casa para eles e, desde os primeiros dias, frequentam cursos de língua e cultura italiana, por um período de pelo menos dois anos, que os ajudará em uma plena inculturação. Paralelamente, são introduzidos nos processos formativos e dão os primeiros passos na ação educativo-pastoral inspetorial com os jovens e as crianças. Uma dimensão fundamental é a atenção ao caminho espiritual pessoal: a cada missionário são garantidos momentos adequados de oração pessoal e comunitária, o acompanhamento e a orientação espiritual, a confissão, preferencialmente em uma língua que eles compreendam, e tempos de atualização e formação. Em uma fase posterior, ao missionário é garantida a formação contínua para uma inserção ainda mais plena nas dinâmicas inspetoriais, mantendo algumas atenções específicas. A experiência missionária será avaliada periodicamente para identificar pontos fortes, fragilidades e eventuais correções, num espírito fraterno.

Como nos lembra o P. Alfred Maravilla, Conselheiro Geral para as Missões, “ser missionário em uma Europa secularizada apresenta desafios internos e externos consideráveis. A boa vontade não é suficiente.” “Olhando para trás com os olhos da fé, percebemos que através do lançamento do ‘Projeto Europa’ o Espírito estava preparando a Sociedade Salesiana para enfrentar a nova realidade da Europa, de modo a poder ser mais consciente de nossos recursos e também dos desafios, e com esperança para relançar o carisma salesiano no Continente.”
Oremos para que nas regiões da Basilicata e da Calábria a presença salesiana seja inspirada pelo Espírito para o bem dos jovens mais necessitados.

Marco Fulgaro




Conferência de Comunicação 2024, “Shaping Tomorrow”

De 1º a 7 de agosto de 2024 será realizada na Universidade Pontifícia Salesiana (UPS) de Roma uma Conferência sobre Comunicação, intitulada “Shaping Tomorrow”. Os organizadores são o Setor para a Comunicação da Congregação Salesiana e a Faculdade de Ciências da Comunicação Social da Universidade Pontifícia Salesiana. O objetivo é apontar novos caminhos na comunicação social, para “moldar o amanhã”. Apresentamos a visão dos organizadores.

             “Quando você reza para chover, é preciso contar com a lama”. Assim disse Denzel Washington, relembrando as palavras de seu pai. No contexto da mídia e da comunicação, a chuva é representada pelas novas ferramentas e oportunidades tecnológicas do século XXI, como inteligência artificial, Internet de alta velocidade, mídias sociais, computadores, laptops, smartphones e tablets. A lama é representada por notícias falsas, cyberbullying e discurso de ódio, o desaparecimento de habilidades sociais e de comunicação, filtros e bolhas de informação, exclusão digital, entre outros.

            “Shaping Tomorrow” é o slogan da Conferência sobre a Comunicação 2024, que será realizada em Roma de 1º a 7 de agosto de 2024. Na comunicação social, não se trata de um guarda-chuva protetor contra o aguaceiro; afinal, esperamos pela chuva, assim como desejamos uma boa comunicação. Em vez disso, trata-se de construir estradas, calçadas, bueiros e pontes, evitando e reduzindo a lama na cidade chamada comunicação social, Internet ou mídia social. No contexto de novas formas de comunicação, isso significa desenvolver as possibilidades tecnológicas e, ao mesmo tempo, estar ciente dos aspectos negativos e dos desafios.

            Moldar o amanhã, à medida que muda a era da comunicação, é como abrir a porta certa sem a atitude de ingenuidade de que há uma pessoa esperando atrás de cada porta. A ingenuidade no mundo da tecnologia moderna é como compartilhar suas emoções com a inteligência artificial e acreditar que ela demonstrará empatia ilimitada. Um smartphone moderno não é humano, um laptop não é humano, um servidor não é humano. No entanto, às vezes nos comportamos de forma ingênua, como se o hardware e o software substituíssem nossa mãe, nosso pai, nossa família, nossa comunidade e as emoções que sentimos, os desejos que queremos realizar e as necessidades que precisamos satisfazer. Procuramos um ser humano onde ele não existe. Em vez disso, o que obtemos é um substituto caricatural para a humanidade, os relacionamentos interpessoais e o tão desejado amor: a necessidade de amar os outros e a necessidade de ser amado pelos outros. Moldar o amanhã, por outro lado, significa construir uma comunicação baseada em uma antropologia cristã sólida – sem uma caricatura da humanidade e com respeito pela dignidade humana.

            O desenvolvimento da tecnologia da comunicação nas últimas décadas transformou nossa sociedade em uma aldeia global, onde as informações viajam na velocidade da luz. Às vezes, o poder de uma pequena notícia é igual ao de um furacão do qual o mundo inteiro fala. Em um mundo em que a comunicação está se tornando não apenas a transmissão de informações, mas também a construção de relacionamentos e a influência sobre a sociedade, “Shaping Tomorrow” é um convite para participar ativamente da formação do mundo que está por vir. Ele coloca o ser humano e sua dignidade no centro, de acordo com a norma personalista de João Paulo II.

Moldando o amanhã
            – nós o entendemos como um chamado para moldar o futuro da comunicação salesiana por meio de uma comunicação responsável e eficaz;
            – significa colocar o ser humano e sua dignidade no centro;
            – é promover o ensinamento da Igreja sobre a comunicação social;
            – trata-se da ética na comunicação social baseada em uma antropologia sólida;
            – deseja gerar e promover soluções no campo da comunicação, conduzindo pesquisas e fornecendo análises, especialmente a partir de uma perspectiva salesiana;
            – tem como objetivo reunir conhecimentos e informações para gerar novas ideias, resultados e recomendações no campo da comunicação social;
            – em meio à revolução digital, requer o treinamento de profissionais de mídia;
            – é participar ativamente do debate público e buscar soluções para os problemas da comunicação social;
            – é atuar internacionalmente e influenciar os processos de tomada de decisão, fornecendo recomendações e soluções.

Assuntos que serão abordados na conferência

1. Mudança de época: cultura digital e Inteligência Artificial – Fábio Pasqualetti, sdb
2. Mudanças de época na comunicação – Fábio Bolzetta
3. Criadores de novas linguagens e paradigmas para a evangelização, especialmente no ambiente digital – Ir. Xiskya Valladares
4. Comunicação com migrantes e refugiados – Maurício di Schino
5. Boas práticas de evangelização nas mídias sociais – Ir. Xiskya Valladares
6. A Igreja no mundo digital e a abordagem das novas tecnologias na comunicação da Igreja – Fábio Bolzetta
7. Comunicação com as novas gerações, em particular com a Geração Z e Alpha. Como é a comunicação com as novas gerações no século 21, tanto face a face quanto no ambiente digital? – Mark McCrindle
8. Comunicação interna e externa na Igreja – os três papas – Valentina Alazraki
9. Comunicação de crise – Valentina Alazraki
10. Envolvendo o público jovem – 10 dicas para lidar com o público da Geração Z – Laura Wagner-Meyer
11. Jornalismo móvel – Simão Ferretti
12. Criadores de conteúdo – Simão Ferretti
13. Migrantes e refugiados – no contexto da comunicação com a geração mais jovem por meio da mídia social – Laura Wagner-Meyer
14. Como o trabalho da Igreja Católica pode entender melhor as transformações digitais que estão ocorrendo no mundo moderno? – Andy Stalman
15. Como a estratégia de marca pode mudar para melhor o trabalho salesiano no mundo? – Andy Stalman
16. Comunicação com migrantes e refugiados – Donatella Parisi

Detalhes da conferência no site dedicado, https://www.shapingtomorrowsdb.org




Exposição para os 200 anos do sonho de Dom Bosco

Diálogo entre passado, presente e futuro: exposição temporária para os 200 anos do sonho de Dom Bosco. Museu Casa Dom Bosco

Falar da biografia de Dom Bosco sem mencionar o mundo dos sonhos é suprimir um aspecto importante de sua identidade. A vida do santo foi marcada pelo sobrenatural, por visões e sonhos que Deus lhe enviou desde a infância, quando, entre os nove e dez anos de idade, João Bosco teve seu primeiro sonho, que o marcou profundamente e o acompanhou por toda a vida.

O sonho foi considerado profético porque iluminou seu projeto de vida, tanto na escolha do estado eclesiástico quanto na dedicação total à juventude pobre e abandonada. De fato, em certo sentido, marcou seu caminho, pois começou nos prados dos Becchi, sua cidade natal, foi realizado em Turim quando ele se estabeleceu no distrito de Valdocco e foi recordado na igreja do Sagrado Coração de Jesus, no Castro Pretório, em Roma, um ano antes de sua morte. Ao mesmo tempo, a partir de 1875, com as missões salesianas, ele abraçou vários continentes do mundo, chegando até os dias de hoje, onde a presença salesiana trabalha para manter vivo o sonho do fundador.

Dois séculos depois, ciente de que o sonho de Dom Bosco ainda está vivo, o museu da casa-mãe em Valdocco – Turim, Museu Casa Don Bosco, inaugurou em 22 de maio uma exposição temporária que permanecerá aberta até 22 de setembro de 2024.

A exposição, resultado de uma pesquisa anterior, é dividida em várias seções que exploram a narrativa, a história e a iconografia do sonho nas artes e a ressonância do sonho hoje, duzentos anos depois.

A seleção de objetos histórico-artísticos em diferentes mídias ajuda a descobrir diferentes momentos da história salesiana que relembram esse evento crucial na vida do santo. Juntamente com as fotografias históricas, objetos do período entre a beatificação (1929) e a canonização (1934), quando começou a representação do Sonho nas artes: ilustrações em livros, cartões postais, moedas comemorativas, pinturas a óleo e em papel etc.

A exposição apresenta uma importante seleção de gravuras originais. Os artistas Conrado Mezzana (1890-1952), Guido Grilli (1905-1967), Cosme [Nino] Musio (1933-2017) e Alarico Gattia (1927-2022) são alguns dos autores. As histórias em quadrinhos de Grilli, Musio e Gattia foram encomendadas pela Libreria della Dottrina Cristiana (1941), fundada pelo quarto sucessor de Dom Bosco, o P. Pedro Ricaldone (1870-1951). Essas obras, que foram distribuídas em várias publicações, mídias, formatos e idiomas em todo o mundo, são preservadas pela atual editora Elledici (LDC).

A exposição é completada com as dezessete fotografias vencedoras do concurso internacional de fotografia realizado desde janeiro de 2024 e promovido pela casa museu com o objetivo de destacar o talento artístico e criativo de todo o mundo salesiano. As fotos são descritas pelos próprios autores no idioma original e provêm da Itália, México, Panamá, Eslováquia, Espanha e Venezuela.

Essas imagens dialogam entre passado, presente e futuro e nos fazem refletir sobre como, dois séculos depois, o Sonho de Dom Bosco se tornou realidade nas presenças salesianas em todo o mundo.

Além disso, o setor de Pastoral Juvenil da Congregação Salesiana promove a celebração do Sínodo Juvenil Salesiano em todo o mundo e, por ocasião do bicentenário do sonho, reuniu mais de 200 sonhos de jovens de todo o mundo na publicação “Diamantes escondidos”, alguns dos quais estão presentes na exposição.

Foto: Guido Grilli (1905-1967), Sonho de Joãozinho, 16,6 x 23 cm, 1952, filme D15, imagem n. 4. Arquivo Histórico Editora Elledici.

dra. Ana MARTÍN GARCÍA
Historiadora de arte, curadora de patrimônio cultural e doutora europeia (Doctor Europaus) em artes visuais pela Universidade de Bolonha. Ex-aluna dos Salesianos de Estrecho (Madri, Espanha). Desde 2023, trabalha na direção do Museu Casa Dom Bosco em Valdocco – Turim como Coordenadora Geral.