Loterias: autênticos empreendimentos

Dom Bosco não foi apenas um incansável educador e pastor de almas, mas também um homem de extraordinária iniciativa, capaz de inventar soluções novas e corajosas para sustentar suas obras. As necessidades econômicas do Oratório de Valdocco, em constante expansão, o levaram a buscar meios cada vez mais eficazes para garantir alimentação, alojamento, escola e trabalho a milhares de jovens. Entre esses, as loterias representaram uma das ideias mais engenhosas: verdadeiras empreitadas coletivas, que envolviam nobres, sacerdotes, benfeitores e cidadãos comuns. Não era simples, pois a legislação piemontesa regulava rigorosamente as loterias, permitindo sua organização por particulares apenas em casos bem definidos. E não se tratava apenas de arrecadar fundos, mas de criar uma rede de solidariedade que unia a sociedade turinesa em torno do projeto educativo e espiritual do Oratório. A primeira, em 1851, foi uma aventura memorável, cheia de imprevistos e sucessos.

Todo o dinheiro que chegava às mãos de Dom Bosco permanecia ali por pouco tempo, porque era imediatamente usado para fornecer alimentação, alojamento, escola e trabalho para dezenas de milhares de meninos ou para construir colégios, orfanatos e igrejas ou para apoiar as missões sul-americanas. Suas contas, como sabemos, estavam sempre no vermelho; as dívidas o acompanharam durante toda a sua vida.
Ora, entre os meios inteligentemente adotados por Dom Bosco para financiar suas obras, podemos certamente colocar as loterias: cerca de quinze foram organizadas por ele, tanto pequenas quanto grandes. A primeira, modesta, foi a de Turim, em 1851, em favor da igreja de São Francisco de Sales, em Valdocco, e a última, grandiosa, em meados da década de 1880, foi a que se destinava a cobrir as imensas despesas da igreja e do Internato do Sagrado Coração, na estação Términi, em Roma.
Ainda não foi escrita uma verdadeira história dessas loterias, embora não faltem fontes a esse respeito. Somente com relação à primeira, a de 1851, nós mesmos recuperamos uma dúzia de documentos inéditos. Com eles, reconstruímos sua história atormentada em dois tópicos.

Pedido de autorização
De acordo com a lei de 24 de fevereiro de 1820 – modificada pelas Patentes Reais de janeiro de 1835 e pelas Instruções da Companhia Geral das Finanças Reais de 24 de agosto de 1835 e, mais tarde, pelas Patentes Reais de 17 de julho de 1845 – era necessária uma autorização governamental prévia para qualquer loteria nacional (Reino da Sardenha).
Para Dom Bosco, tratava-se, antes de tudo, de ter a certeza moral de ser bem-sucedido no projeto. Ele a tinha graças ao apoio econômico e moral dos primeiros benfeitores: as nobres famílias Callori e Fassati e o Cônego Anglesio do Cottolengo. Assim, ele se lançou no que viria a ser um autêntico empreendimento. Em pouco tempo, ele conseguiu criar uma comissão organizadora, inicialmente composta por dezesseis personalidades conhecidas, que depois aumentou para vinte. Entre elas, havia numerosas autoridades civis oficialmente reconhecidas, como um senador (nomeado tesoureiro), dois vice-prefeitos, três conselheiros municipais; depois, sacerdotes de prestígio, como os teólogos Pedro Baricco, vice-prefeito e secretário da Comissão, João Borel, capelão da corte, José Ortalda, diretor da Pia Obra da Propagação da Fé, Roberto Murialdo, cofundador do Colégio dos Pequenos Artesãos e da Associação de Caridade; e, por fim, homens experientes, como um engenheiro, um ourives avaliador, um comerciante atacadista etc. Todos eles, em sua maioria, proprietários, conhecidos de Dom Bosco e “próximos” da obra de Valdocco.
Uma vez concluída a Comissão, no início de dezembro de 1851, Dom Bosco encaminhou o pedido formal ao Intendente Geral de Finanças, Cavalheiro Alexandre Pernati di Momo (futuro Senador e Ministro do Interior do Reino), bem como “amigo” da obra de Valdocco.

O pedido de doações
Ao pedido de autorização, ele anexou uma circular muito interessante, na qual, depois de traçar uma história comovente do Oratório – prestigiada pela família real, pelas autoridades governamentais e municipais – salientava que a necessidade constante de ampliar a Obra de Valdocco para acolher cada vez mais jovens estava consumindo os recursos econômicos da caridade privada. Portanto, para pagar as despesas de conclusão da nova capela em construção, decidiu-se apelar para a caridade pública por meio de uma loteria de doações a serem oferecidas espontaneamente: “Esse meio consiste em uma loteria de objetos, que o abaixo-assinado teve a ideia de empreender para cobrir as despesas de conclusão da nova capela, e à qual Vossa Senhoria sem dúvida desejará dar seu apoio, refletindo sobre a excelência da obra à qual se destina. Seja qual for o objeto que Vossa Senhoria queira oferecer, seja de seda, lã, metal ou madeira, ou o trabalho de um artista de renome, ou de um trabalhador modesto, ou de um artesão esforçado, ou de uma senhora caridosa, todos serão aceitos com gratidão, porque, em matéria de caridade, toda pequena ajuda é uma grande coisa, e porque as ofertas, mesmo pequenas, de muitos podem, em conjunto, ser suficientes para completar a obra desejada”.
A circular também indicava os nomes dos promotores, a quem as doações poderiam ser entregues, e as pessoas de confiança que os recolheriam e guardariam. Os 46 promotores incluíam várias categorias de pessoas: profissionais, professores, empresários, estudantes, clérigos, lojistas, comerciantes, padres; por outro lado, entre os cerca de 90 promotores, pareciam prevalecer as mulheres nobres (baronesa, marquesa, condessa e suas damas de honra).
Não deixou de anexar ao requerimento o “plano da loteria” em todos os seus muitos aspectos formais: coleta dos objetos, recibo de entrega dos objetos, sua avaliação, bilhetes autenticados a serem vendidos em número proporcional ao número e ao valor dos objetos, sua exibição ao público, sorteio dos ganhadores, publicação dos números sorteados, tempo para receber os prêmios etc. Uma série de tarefas exigentes das quais Dom Bosco não se esquivou. A capela Pinardi já não era suficiente para seus jovens: eles precisavam de uma igreja maior, aquela projetada de São Francisco de Sales (doze anos depois, precisariam de outra ainda maior, a de Maria Auxiliadora!)

Resposta positiva
Dada a seriedade da iniciativa e a alta “qualidade” dos membros da Comissão proponente, a resposta da Intendência só poderia ser positiva e imediata. No dia 17 de dezembro, o referido vice-prefeito Pedro Baricco transmitiu a Dom Bosco o respectivo decreto, com o convite para transmitir cópias dos futuros atos formais da loteria à administração municipal, responsável pela regularidade de todos os requisitos legais. Nesse ponto, antes do Natal, Dom Bosco enviou a circular acima para a gráfica, fez com que ela circulasse e começou a coletar doações.
Ele tinha dois meses para fazer isso, pois outras loterias também estavam ocorrendo durante o ano. No entanto, as doações chegavam lentamente, de modo que, em meados de janeiro, Dom Bosco foi obrigado a reimprimir a circular acima e pediu a colaboração de todos os jovens de Valdocco e amigos para escrever endereços, visitar benfeitores conhecidos, divulgar a iniciativa e coletar as doações.
Mas “o melhor” ainda estava por vir.

A sala de exposições
Valdocco não tinha espaço para expor as doações; então Dom Bosco pediu ao vice-prefeito Baricco, tesoureiro da comissão da loteria, que solicitasse ao Ministério da Guerra três salas na parte do Convento de São Domingos que estavam à disposição do exército. Os padres dominicanos concordaram. O ministro Afonso Lamarmora concedeu-as em 16 de janeiro. Mas logo Dom Bosco percebeu que não seriam suficientes; então pediu ao rei, por meio do esmoler, o abade Estanislau Gazzelli, uma sala maior. O superintendente real Pamparà disse-lhe que o rei não tinha instalações adequadas e propôs alugar as instalações para o jogo de “Trincotto” (ou “pallacorda”: uma antiga espécie de tênis de mão) às suas próprias custas. Essa sala, porém, só estaria disponível para o mês de março e sob certas condições. Dom Bosco recusou a proposta, mas aceitou as 200 liras oferecidas pelo rei para o aluguel do local. Em seguida, procurou outro salão e encontrou um adequado por recomendação da prefeitura, atrás da igreja de São Domingos, a algumas centenas de metros de Valdocco.

Chegada das doações
Nesse meio tempo, Dom Bosco havia pedido ao Ministro das Finanças, o famoso Conde Camilo Cavour, uma redução ou isenção no custo da postagem de cartas circulares, bilhetes e das próprias doações. Por meio do irmão do conde, o muito religioso marquês Gustavo di Cavour, ele recebeu a aprovação de várias reduções postais.
Agora era uma questão de encontrar um especialista para avaliação do conjunto das doações e o consequente número de bilhetes a serem vendidos. Dom Bosco pediu ao Intendente e também sugeriu seu nome: um ourives que era membro da Comissão. O Intendente, porém, respondeu por meio do prefeito, pedindo-lhe uma cópia dupla das doações recebidas para poder nomear seu próprio perito. Dom Bosco realizou imediatamente o pedido e, assim, em 19 de fevereiro, o perito avaliou os 700 objetos coletados em 4124,20 liras. Depois de três meses chegaram a 1.000 doações, depois de quatro meses a 2.000, até a conclusão de 3.251 doações, graças às contínuas “buscas” de Dom Bosco junto a pessoas, sacerdotes e bispos e aos repetidos pedidos formais à Comuna para que prorrogasse o prazo para a extração. Dom Bosco também não deixou de criticar a estimativa feita pelo avaliador municipal das ofertas que chegavam continuamente, que ele dizia ser inferior ao seu valor real; e, de fato, foram acrescentados outros avaliadores, especialmente um pintor para as obras de arte.
O valor final foi tal que Dom Bosco foi autorizado a emitir 99.999 bilhetes ao preço de 50 centavos cada. Ao catálogo já impresso com as doações numeradas com o nome do doador e dos promotores, foi acrescentado um suplemento com as últimas ofertas recebidas. Entre elas estavam as do Papa, do Rei, da Rainha Mãe, da Rainha Consorte, de deputados, senadores, autoridades municipais, mas também de muitas pessoas humildes, especialmente mulheres, que ofereceram objetos e móveis domésticos, mesmo os de pouco valor (copo, tinteiro, vela, garrafa, saca-rolhas, tampa, dedal, tesoura, lâmpada, fita métrica, cachimbo, chaveiro, sabonete, apontador, açucareiro). As doações mais oferecidas foram livros, 629 deles, e fotos, 265. Até mesmo os meninos de Valdocco competiram para oferecer seu próprio pequeno presente, talvez um livreto dado a eles pelo próprio Dom Bosco.

Um trabalho imenso até o sorteio dos números
Nesse momento, era necessário imprimir os bilhetes em uma série progressiva em duas formas (canhoto e bilhete), fazer com que ambos fossem assinados por dois membros da comissão, enviar o bilhete com uma nota, documentar o dinheiro arrecadado… Muitos benfeitores receberam dezenas de bilhetes, com um convite para adquiri-los ou repassá-los a amigos e conhecidos.
A data do sorteio, inicialmente marcada para 30 de abril, foi adiada para 31 de maio e depois para 30 de junho, para ser realizada em meados de julho. Esse último adiamento foi devido à explosão do depósito de pólvora de Bairro Dora, que devastou a área de Valdocco.
Durante duas tardes, de 12 a 13 de julho de 1852, os bilhetes foram sorteados na sacada da prefeitura. Quatro urnas com rodas de cores diferentes continham 10 balas (de 0 a 9) idênticas e da mesma cor da roda. Inseridas uma a uma pelo vice-prefeito nas urnas e giradas, oito jovens do Oratório realizaram a operação e o número sorteado foi proclamado em voz alta e depois publicado na imprensa. Muitas doações foram deixadas no Oratório, onde mais tarde foram reutilizados.

Valia a pena?
Com os cerca de 74.000 bilhetes vendidos e deduzidas as despesas, Dom Bosco ficou com cerca de 26.000 liras, que depois dividiu igualmente com a vizinha obra do Cottolengo. Um pequeno capital, é claro (metade do preço de compra da casa Pinardi no ano anterior); mas o maior resultado do trabalho árduo que ele teve para realizar a loteria – documentado por dezenas de cartas, muitas vezes inéditas – foi o envolvimento direto e sincero de milhares de pessoas de todas as classes sociais em seu “incipiente projeto Valdocco”: torná-lo conhecido, apreciado e depois apoiado econômica, social e politicamente.
Dom Bosco recorreu muitas vezes a loterias, sempre com um duplo objetivo: angariar fundos para suas obras em favor dos meninos pobres, para as missões, e oferecer meios para que os crentes (e os não crentes) praticassem a caridade, o meio mais eficaz, como ele repetia continuamente, para “obter o perdão dos pecados e assegurar a vida eterna”.

“Eu sempre precisei de todos” (Dom Bosco)

Ao senador José Cotta

José Cotta, banqueiro, foi um grande benfeitor de Dom Bosco. A seguinte declaração em papel selado, datada de 5 de fevereiro de 1849, está preservada nos arquivos: “Os padres abaixo-assinados T. João Borrelli de Turim e P. João Bosco de Castelnuovo d’Asti declaram ser devedores de três mil francos ao Ilustríssimo Cavalheiro Cotta, que os emprestou para uma obra piedosa. Essa soma deve ser reembolsada pelos abaixo-assinados em um ano, com juros legais”. Assinado: Padre João Borel, P. João Bosco.

Na parte inferior da mesma página e na mesma data, o P. José Cafasso escreve: “O abaixo-assinado agradece sinceramente ao Ilustríssimo Sr. Cav. Cotta pelo acima exposto e, ao mesmo tempo, se torna fiador do mesmo pela soma mencionada”. Na parte inferior da página, Cotta assina que recebeu 2.000 liras em 10 de abril de 1849, outras 500 liras em 21 de julho de 1849 e o saldo em 4 de janeiro de 1851.




O oratório festivo de Valdocco

Em 1935, após a canonização de Dom Bosco em 1934, os salesianos tiveram o cuidado de coletar testemunhos sobre ele. Um tal Pedro Pons, que quando menino tinha frequentado o oratório festivo de Valdocco por cerca de dez anos (de 1871 a 1882) e que também tinha frequentado dois anos de escola primária (com salas de aula sob a Basílica de Maria Auxiliadora), no dia 8 de novembro deu um belo testemunho daqueles anos. Extraímos dele algumas passagens, quase todas inéditas.

A figura de Dom Bosco
Ele era o centro de atração de todo o Oratório. É assim que o nosso ex-oratoriano Pedro Pons se lembra dele no final dos anos 1970: “Ele não tinha mais vigor, mas estava sempre calmo e sorridente. Tinha dois olhos que perfuravam e penetravam a mente. Comparecia entre nós: era uma alegria para todos”. O P. Rua, o P. Lazzero estavam ao seu lado como se tivessem o Senhor no meio deles. O P. Barberis e todos os rapazes corriam em sua direção, cercando-o, alguns andando ao seu lado, outros atrás dele com o rosto voltado para ele. Era uma sorte, um privilégio cobiçado poder estar perto dele, conversar com ele. Ele passeava devagar, conversando e olhando para todos, com aqueles dois olhos que se voltavam para todos os lados, eletrizando os corações com alegria”.
Entre os episódios que ficaram gravados em sua mente 60 anos depois, ele se lembra de dois em particular: “Um dia… ele apareceu sozinho na porta da frente do santuário. Então, um bando de meninos correu para encontrá-lo como uma rajada de vento. Mas ele segura na mão o guarda-chuva, que tem um cabo e uma haste tão grossa como a dos camponeses. Ele o levanta e, usando-o como uma espada, faz malabarismos para repelir aquele ataque afetuoso, ora para a direita, ora para a esquerda, para abrir a passagem. Toca um com a ponta, outro para o lado, mas, enquanto isso, os outros se aproximam pelo outro lado. Assim, o jogo, a brincadeira continua, alegrando os corações, ansiosos por ver o bom Pai voltar de sua viagem. Ele parecia um pároco de aldeia, mas daqueles bem simples”.

Os jogos e o teatrinho
É impensável um oratório salesiano sem jogos. O ex-aluno idoso recorda: “O pátio era ocupado por um prédio, a igreja de Maria Auxiliadora e no final de um muro baixo… no canto esquerdo havia uma espécie de cabana, onde sempre havia alguém para vigiar quem entrava… Logo na entrada à direita, havia um balanço com um único assento, depois as barras paralelas e a barra fixa para os meninos maiores, que gostavam de dar piruetas e cambalhotas, e também o trapézio e o passo do gigante, que ficavam, porém, perto das sacristias, além da capela de São José”. E ainda: “Esse pátio era bem comprido e se prestava muito bem as corridas de velocidade que partiam da lateral da igreja e retornavam para lá no caminho de volta. Também se brincava com “prende e solta”, corridas de sacos e quebra-pote. Esses últimos jogos eram anunciados desde o domingo anterior. O mesmo acontecia com o pau de sebo, mas o pau era fincado com a ponta fina na parte inferior para que fosse mais difícil subir. Havia loterias, e o bilhete custava um ou dois centavos. Dentro da casinha havia uma pequena biblioteca em um armário”.

O jogo era acompanhado pelo famoso “teatrinho”, no qual eram apresentados dramas autênticos, como “O filho do cruzado”, as canções de Dom Cagliero e os “musicais”, como o Sapateiro, personificado pelo lendário Carlos Gastini [um brilhante animador dos ex-alunos]. A peça, assistida gratuitamente pelos pais, era realizada no salão sob a nave da igreja de Maria A., mas o antigo oratoriano também lembra que “uma vez foi apresentada na casa Moretta [atual igreja paroquial perto da praça]. As pessoas pobres viviam lá na mais miserável pobreza. Nos porões que podem ser vistos sob a varanda, havia uma mãe pobre que, ao meio-dia, levava nos ombros seu filho Carlos, cujo corpo era rígido por causa de uma doença, a fim de poder tomar sol”.

As funções religiosas e as reuniões formativas
No oratório festivo não faltavam as funções religiosas nas manhãs de domingo: Santa Missa com a Sagrada Comunhão, orações do bom cristão; à tarde, seguia-se a recreação, o catecismo e a pregação do P. Júlio Barberis. Já idoso, “Dom Bosco nunca vinha para rezar a missa ou pregar, mas apenas para visitar e entreter-se com os meninos durante o recreio… Os catequistas e assistentes levavam seus alunos com eles para a igreja durante as funções e lhes ensinavam o catecismo. A pequena pregação era feita para todos. Exigia-se que a lição fosse memorizada em cada festa e também a explicação”. As festas solenes terminavam com uma procissão e um lanche para todos: “Ao sair da igreja depois da missa, havia um lanche. Um jovem à direita, do lado de fora da porta, dava o pão, outro à esquerda colocava duas fatias de salame com um garfo”. Aqueles meninos se contentavam com pouco, mas estavam muito felizes. Quando os meninos internos se juntavam aos oratorianos para cantar as vésperas, suas vozes podiam ser ouvidas na Rua Milão e na Rua Corte de Apelação!
As reuniões formativas do grupo também eram realizadas no oratório festivo. Na casinha perto da igreja de São Francisco, havia “uma sala pequena e baixa com capacidade para cerca de vinte pessoas… Na sala havia uma pequena mesa para o palestrante, havia bancos para as reuniões e conferências para os mais crescidos em geral e para a Companhia de São Luís, quase todos os domingos”.

Quem eram os oratorianos?
De seus cerca de 200 companheiros – mas seu número diminuía no inverno devido ao retorno dos trabalhadores sazonais para suas famílias – nosso alegre senhor lembrava que muitos eram de Biella “quase todos ‘bic’, ou seja, carregavam o balde de madeira cheio de cal e o cesto de vime cheio de tijolos para os pedreiros das construções”. Outros eram “aprendizes de pedreiros, mecânicos, funileiros”. Pobres aprendizes: trabalhavam da manhã à noite, todos os dias, e somente aos domingos podiam se dar ao luxo de um pouco de recreação “na casa de Dom Bosco” (como era chamado seu oratório): “Brincávamos de “Elefante voa”, sob a direção do então Sr. Milanesio [um futuro padre que foi um grande missionário na Patagônia]. O senhor Ponzano, mais tarde padre, era professor de ginástica. Ele nos obrigava a fazer exercícios corporais sem instrumentos, com bastões, em aparelhos”.
As lembranças de Pedro Pons são muito mais amplas, tão ricas em sugestões distantes quanto permeadas por uma sombra de nostalgia; elas esperam para serem conhecidas em sua totalidade. Esperamos que isso aconteça em breve.




Casa Salesiana de Castel Gandolfo

Entre as colinas verdes dos Castelli Romani e as águas tranquilas do Lago Albano, surge um lugar onde história, natureza e espiritualidade se encontram de forma singular: Castel Gandolfo. Neste contexto rico em memória imperial, fé cristã e beleza paisagística, a presença salesiana representa um ponto firme de acolhimento, formação e vida pastoral. A Casa Salesiana, com sua atividade paroquial, educativa e cultural, continua a missão de São João Bosco, oferecendo aos fiéis e visitantes uma experiência de Igreja viva e aberta, imersa em um ambiente que convida à contemplação e à fraternidade. É uma comunidade que, há quase um século, caminha a serviço do Evangelho no coração da tradição católica.

Um lugar abençoado pela história e pela natureza
Castel Gandolfo é uma joia dos Castelli Romani, situada a cerca de 25 km de Roma, imersa na beleza natural dos “Colli Albani” e de frente para o sugestivo Lago Albano. A cerca de 426 metros de altitude, este lugar se destaca pelo seu clima ameno e acolhedor, um microclima que parece preparado pela Providência para receber quem busca descanso, beleza e silêncio.

Já na época romana, este território fazia parte do Albanum Caesaris, uma antiga propriedade imperial frequentada pelos imperadores desde os tempos de Augusto. Foi, porém, o imperador Tibério o primeiro a residir ali de forma estável, enquanto Domiciano, mais tarde, mandou construir uma esplêndida vila, cujos restos são hoje visíveis nos jardins pontifícios. A história cristã do local começa com a doação de Constantino à Igreja de Albano: um gesto que simbolicamente marca a passagem da glória imperial para a luz do Evangelho.

O nome Castel Gandolfo deriva do latim Castrum Gandulphi, o castelo construído pela família Gandolfi no século XII. Quando, em 1596, o castelo passou para a Santa Sé, tornou-se residência de verão dos Pontífices, e o vínculo entre este lugar e o ministério do Sucessor de Pedro tornou-se profundo e duradouro.

O Observatório do Vaticano: contemplar o céu, louvar o Criador
De particular relevância espiritual é o Observatório do Vaticano, fundado pelo papa Leão XIII em 1891 e transferida nos anos 30 para Castel Gandolfo devido à poluição luminosa de Roma. Ela testemunha como também a ciência, quando orientada para a verdade, conduz a louvar o Criador.
Ao longo dos anos, o Observatório contribuiu para projetos astronômicos de grande importância como a Carte du Ciel [Mapa do Céu] e para a descoberta de numerosos objetos celestes.

Com o agravamento das condições de observação também nos Castelli Romani, nos anos 80 a atividade científica mudou-se principalmente para o Observatório Mount Graham, no Arizona (EUA), onde o Vatican Observatory Research Group [Grupo de Pesquisas do Observatório do Vaticano] continua as pesquisas astrofísicas. Castel Gandolfo permanece, porém, um importante centro de estudos: desde 1986 recebe bienalmente a Vatican Observatory Summer School [Escola de Verão do Observatório do Vaticano], dedicada a estudantes e graduados em astronomia de todo o mundo. O Observatório também organiza congressos especializados, eventos de divulgação, exposições de meteoritos e apresentações de materiais históricos e artísticos com tema astronômico, tudo em um espírito de pesquisa, diálogo e contemplação do mistério da criação.

Uma igreja no coração da cidade e da fé
No século XVII, o papa Alexandre VII confiou a Gian Lorenzo Bernini a construção de uma capela palatina para os funcionários das Vilas Pontifícias. O projeto, inicialmente concebido em honra a São Nicolau de Bari, foi finalmente dedicado a São Tomás de Villanova, agostiniano canonizado em 1658. A igreja foi consagrada em 1661 e confiada aos Agostinianos, que a administraram até 1929. Com a assinatura dos Pactos de Latrão, o papa Pio XI confiou aos mesmos Agostinianos o cuidado pastoral da nova Paróquia Pontifícia de Santa Ana no Vaticano, enquanto a igreja de São Tomás de Villanova foi posteriormente confiada aos Salesianos.

A beleza arquitetônica desta igreja, fruto do gênio barroco, está a serviço da fé e do encontro entre Deus e o homem: hoje ali se celebram numerosos casamentos, batismos e liturgias, atraindo fiéis de todas as partes do mundo.

A casa salesiana
Os Salesianos estão presentes em Castel Gandolfo desde 1929. Naqueles anos, a vila conheceu um notável desenvolvimento, tanto demográfico quanto turístico, ainda mais graças ao início das celebrações papais na igreja de São Tomás de Villanova. Todo ano, na solenidade da Assunção, o papa celebrava a Santa Missa na paróquia pontifícia, uma tradição iniciada por São João XXIII em 15 de agosto de 1959, quando saiu a pé do Palácio Pontifício para celebrar a Eucaristia entre o povo. Essa prática se manteve até o pontificado do Papa Francisco, que interrompeu as estadias de verão em Castel Gandolfo. Em 2016, de fato, todo o complexo das Vilas Pontifícias foi transformado em museu e aberto ao público.

A casa salesiana fez parte da Inspetoria Romana e, de 2009 a 2021, da Circunscrição Salesiana Itália Central. Desde 2021 está sob a responsabilidade direta da Sede Central, com diretor e comunidade nomeados pelo Reitor-Mor. Atualmente, os salesianos presentes vêm de diferentes países (Brasil, Índia, Itália, Polônia) e atuam na paróquia, nas capelanias e no oratório.

Os espaços pastorais, embora pertençam ao Estado da Cidade do Vaticano e sejam considerados zonas extraterritoriais, fazem parte da diocese de Albano, à qual os Salesianos participam ativamente da vida pastoral. Estão envolvidos na catequese diocesana para adultos, no ensino na escola teológica diocesana e no Conselho Presbiteral como representantes da vida consagrada.

Além da paróquia de São Tomás de Villanova, os Salesianos também administram outras duas igrejas: Maria Auxiliadora (também chamada de “São Paulo”, pelo nome do bairro) e Madonna del Lago [Nossa Senhora do Lago], desejada por São Paulo VI. Ambas foram construídas entre as décadas de 60 e 70 para atender às necessidades pastorais da população crescente.

A igreja paroquial projetada por Bernini é hoje destino de numerosos casamentos e batismos celebrados por fiéis vindos de todo o mundo. Todo ano, com as devidas autorizações, são realizadas dezenas, às vezes centenas, de celebrações.

O pároco, além de guiar a comunidade paroquial, é também capelão das Vilas Pontifícias e acompanha espiritualmente os funcionários do Vaticano que ali trabalham.

O oratório, atualmente administrado por leigos, conta com o envolvimento direto dos Salesianos, especialmente na catequese. Em finais de semana, festas e atividades de verão como o Verão dos Meninos, colaboram também estudantes salesianos residentes em Roma, oferecendo um apoio valioso. Na igreja de Maria Auxiliadora existe também um teatro ativo, com grupos paroquiais que organizam espetáculos, um lugar de encontro, cultura e evangelização.

Vida pastoral e tradições
A vida pastoral é marcada pelas principais festas do ano: São João Bosco em janeiro, Maria Auxiliadora em maio com uma procissão no bairro de São Paulo, a festa da Madonna del Lago – e portanto a festa do Lago – no último sábado de agosto, com a estátua levada em procissão em um barco no lago. Esta última celebração está envolvendo cada vez mais as comunidades vizinhas, atraindo muitos participantes, incluindo motociclistas, com os quais foram iniciados momentos de encontro.

No primeiro sábado de setembro celebra-se a festa patronal de Castel Gandolfo em honra a São Sebastião, com uma grande procissão pela cidade. A devoção a São Sebastião remonta a 1867, quando a cidade foi poupada de uma epidemia que atingiu duramente as cidades vizinhas. Embora a memória litúrgica seja em 20 de janeiro, a festa local é celebrada em setembro, tanto em lembrança da proteção obtida quanto por razões climáticas e práticas.

No dia 8 de setembro celebra-se o padroeiro da igreja, São Tomás de Villanova, coincidindo com o Nascimento da Bem-Aventurada Virgem Maria. Nesta ocasião também ocorre a festa das famílias, dirigida aos casais que se casaram na igreja de Bernini: são convidados a retornar para uma celebração comunitária, uma procissão e um momento de confraternização. A iniciativa teve ótima aceitação e está se consolidando com o tempo.

Uma curiosidade: a caixa de correio
Ao lado da entrada da casa salesiana encontra-se uma caixa postal, conhecida como “Buca delle corrispondenze” [caixa das correspondências], considerada a mais antiga ainda em uso. Data de 1820, vinte anos antes da introdução do primeiro selo postal do mundo, o famoso Penny Black (1840). É uma caixa oficial dos Correios Italianos ainda ativa, mas também um símbolo eloquente: um convite à comunicação, ao diálogo, à abertura do coração. O retorno do papa Leão XIV à sua residência de verão certamente o aumentará.

Castel Gandolfo continua sendo um lugar onde o Criador fala através da beleza da criação, da Palavra proclamada e do testemunho de uma comunidade salesiana que, na simplicidade do estilo de Dom Bosco, continua a oferecer acolhimento, formação, liturgia e fraternidade, lembrando a quem se aproxima dessas terras em busca de paz e serenidade que a verdadeira paz e serenidade só se encontram em Deus e em sua graça.




Visita à Basílica do Sagrado Coração de Jesus em Roma (também em 3D)

A Basílica do Sagrado Coração de Jesus em Roma é uma igreja de grande importância para a cidade, localizada no bairro Castro Pretório, na via Marsala, do outro lado da rua da Estação Términi. Ela é sede paroquial e também título cardinalício, tendo ao lado a Sede Central da Congregação Salesiana. Celebra sua festa patronal justamente na solenidade do Sagrado Coração. Sua posição próxima à Estação Términi a torna um ponto visível e reconhecível para quem chega à cidade, com a estátua dourada no campanário que se destaca no horizonte como símbolo de bênção para moradores e viajantes.

Origens e história
A ideia de construir uma igreja dedicada ao Sagrado Coração de Jesus remonta ao papa Pio IX, que em 1870 colocou a primeira pedra de um edifício, inicialmente desejado em honra a São José; no entanto, já em 1871 o pontífice decidiu dedicar a nova igreja ao Sagrado Coração de Jesus. Foi a segunda grande igreja dedicada ao Sagrado Coração de Jesus após a de Lisboa, Portugal, iniciada em 1779 e consagrada em 1789, e antes da famosa Sacré-Cœur de [Sagrado Coração] de Montmartre, Paris, França, iniciada em 1875 e consagrada em 1919.
A obra começou em condições difíceis: com a anexação de Roma ao Reino da Itália (1870), os trabalhos foram interrompidos por falta de fundos. Foi somente graças à intervenção de São João Bosco, a convite do pontífice, que a construção pôde ser retomada definitivamente em 1880, graças ao seu esforço sacrificado de arrecadar doações na Europa e reunir recursos para a conclusão do edifício. O arquiteto encarregado foi Francesco Vespignani, “Arquiteto dos Sacros Palácios” sob Leão XIII, que completou o projeto. A consagração ocorreu em 14 de maio de 1887, marcando o fim da primeira fase construtiva.

Desde sua construção, a igreja assumiu uma função paroquial: a paróquia do Sagrado Coração de Jesus em Castro Pretório foi instituída em 2 de fevereiro de 1879 com decreto vicarial “Postremis hisce temporibus” [Nestes últimos tempos]. Posteriormente, o papa Bento XV elevou-a à dignidade de basílica menor em 11 de fevereiro de 1921, com a carta apostólica “Pia societas” [Pia sociedade]. Em época mais recente, em 5 de fevereiro de 1965, o papa Paulo VI instituiu o título cardinalício do Sagrado Coração de Jesus em Castro Pretório. Entre os cardeais titulares destacam-se Maximilien de Fürstenberg (1967–1988), Giovanni Saldarini (1991–2011) e Giuseppe Versaldi (desde 2012 até hoje). O título cardinalício reforça o vínculo da basílica com a Cúria papal, contribuindo para manter viva a atenção sobre a importância do culto ao Sagrado Coração e sobre a espiritualidade salesiana.

Arquitetura
A fachada apresenta-se em estilo neorrenascentista, com linhas sóbrias e proporções equilibradas, típicas da retomada renascentista na arquitetura eclesiástica do final do século XIX. O campanário, concebido no projeto original de Vespignani, permaneceu incompleto até 1931, quando foi colocada no topo a imponente estátua dourada do Sagrado Coração abençoando, doada pelos ex-alunos salesianos na Argentina: visível de longa distância, constitui um sinal identificador da basílica e um símbolo de acolhimento para quem chega a Roma pela estação ferroviária próxima.

O interior é organizado segundo uma planta em cruz latina com três naves, separadas por oito colunas e dois pilares de granito cinza que sustentam arcos de meio ponto, incluindo transepto e cúpula central. A nave central e as naves laterais são cobertas por teto em caixotões, com lacunas decoradas no registro central. As proporções internas são harmoniosas: a largura da nave central de cerca de 14 metros e o comprimento de 70 metros criam um efeito de amplitude solene, enquanto as colunas de granito, com veios marcados, conferem um caráter de sólida majestade.
A cúpula central, visível do interior com seus afrescos e lacunas, capta a luz natural através de janelas na base e confere verticalidade ao espaço litúrgico. Nas capelas laterais conservam-se pinturas do pintor romano Andrea Cherubini, que realizou cenas devocionais em sintonia com a dedicação ao Sagrado Coração.
Além das pinturas de Andrea Cherubini, a basílica conserva várias obras de arte sacra: estátuas de madeira ou mármore que representam a Virgem, os santos padroeiros da Congregação Salesiana e figuras carismáticas como São João Bosco.

Os ambientes de São João Bosco em Roma
Um elemento de grande valor histórico e devocional é constituído pelos “Aposentos de Dom Bosco” nos fundos da basílica, ambiente onde São João Bosco ficou hospedado em nove das vinte vezes que esteve em Roma. Originalmente dois cômodos separados – escritório e quarto com altar portátil –, foram depois unidos para acolher peregrinos e grupos em oração, constituindo um local de memória viva da presença do fundador dos Salesianos. Aqui são conservados objetos pessoais e relíquias que remetem a milagres atribuídos ao santo naquele período. Este espaço foi recentemente renovado e continua a atrair peregrinos, estimulando reflexões sobre a espiritualidade e a dedicação de Bosco aos jovens.
A basílica e os edifícios anexos são propriedade da Congregação Salesiana, que fez deles um dos centros nevrálgicos para sua presença romana: desde a estadia de Dom Bosco, o edifício ao lado da igreja abrigava a casa dos Salesianos e posteriormente tornou-se sede de escolas, oratórios e serviços para jovens. Hoje a estrutura acolhe, além das atividades litúrgicas, um trabalho significativo voltado a migrantes e jovens em dificuldade. Desde 2017, o complexo é também a Sede Central do governo da Congregação Salesiana.

Devoção ao Sagrado Coração e celebrações litúrgicas
A dedicação ao Sagrado Coração de Jesus se traduz em práticas devocionais específicas: a festa litúrgica do Sagrado Coração, celebrada na sexta-feira seguinte à oitava de Corpus Christi, é vivida com solenidade na basílica, com novenas, celebrações eucarísticas, adoração eucarística e procissão. A piedade popular em torno do Sagrado Coração – difundida principalmente desde o século XIX com a aprovação da devoção por Pio IX e Leão XIII – encontra neste lugar um ponto de referência em Roma, atraindo fiéis para orações de reparação, consagração e agradecimento.

Para o Jubileu de 2025, à Basílica do Sagrado Coração de Jesus foi concedido o privilégio da indulgência plenária, como a todas as outras igrejas do Iter Europaeum.
Lembramos que, para celebrar o 50º aniversário das relações diplomáticas entre a União Europeia e a Santa Sé (1970-2020), foi realizado um projeto da Delegação da União Europeia junto à Santa Sé e as 28 Embaixadas dos Estados-membros acreditadas junto à Santa Sé. Este projeto consistia em um percurso litúrgico e cultural no qual cada país indicava uma igreja ou basílica de Roma à qual está particularmente ligado por motivos históricos, artísticos ou de tradição de acolhimento dos peregrinos provenientes daquele país. O objetivo principal era duplo: por um lado, favorecer o conhecimento mútuo entre os cidadãos europeus e estimular uma reflexão sobre as raízes cristãs comuns; por outro, oferecer a peregrinos e visitantes uma ferramenta para descobrir espaços religiosos menos conhecidos ou com significados particulares, evidenciando as conexões da Igreja com toda a Europa. Ampliando a perspectiva, a iniciativa foi então reapresentada no âmbito dos caminhos jubilares ligados ao Jubileu de Roma 2025, com o nome latino “Iter Europaeum”, inserindo o percurso entre os caminhos oficiais da Cidade Santa.
Iter Europaeum prevê paradas nas 28 igrejas e basílicas de Roma, cada uma “adotada” por um Estado-membro da União Europeia. A Basílica do Sagrado Coração de Jesus foi “adotada” por Luxemburgo. As igrejas do Iter Europaeum podem ser vistas AQUI.

Visita à Basílica
A Basílica pode ser visitada fisicamente, mas também virtualmente.

Para uma visita virtual em 3D clique AQUI.

Para uma visita virtual guiada, você pode seguir os seguintes links:

1. Introdução
2. A história
3. Fachada
4. Campanário
5. Nave central
6. Parede interna da fachada
7. Piso
8. Colunas
9. Paredes da nave central
10. Teto 1
11. Teto 2
12. Transepto
13. Vitrais do transepto
14. Altar-mor
15. Presbitério
16. Cúpula
17. Coro Dom Bosco
18. Naves laterais
19. Confessionários
20. Altares da nave lateral direita
21. Afrescos das naves laterais
22. Cúpulas pequenas da nave esquerda
23. Batistério
24. Altares da nave lateral esquerda
25. Afrescos das cúpulas pequenas da nave esquerda
26. Sacristia
27. “Aposentos” de Dom Bosco (versão anterior)
28. Museu de Dom Bosco (versão anterior)

A Basílica do Sagrado Coração de Jesus no Castro Pretório é um exemplo de arquitetura neorrenascentista ligada a eventos históricos marcados por crises e renascimentos. A combinação de elementos artísticos, arquitetônicos e históricos – desde as colunas de granito às decorações pictóricas, da célebre estátua no campanário aos Aposentos de Dom Bosco – torna este lugar um destino de peregrinação espiritual e cultural. Sua localização próxima à Estação Términi faz dela um sinal de acolhimento para quem chega a Roma, enquanto as atividades pastorais voltadas aos jovens continuam a encarnar o espírito de São João Bosco: um coração aberto ao serviço, à formação e à espiritualidade encarnada. Vale a visita.




O título de Basílica ao Templo do Sagrado Coração em Roma

No centenário da morte do Padre Paulo Álbera, foi destacado como o segundo sucessor de Dom Bosco realizou o que poderia ser descrito como um sonho de Dom Bosco. De fato, trinta e quatro anos após a consagração do templo do Sagrado Coração em Roma, que ocorreu na presença do já exausto Dom Bosco (maio de 1887), o Papa Bento XV – o papa da famosa e inédita definição da Primeira Guerra Mundial como “massacre inútil” – conferiu à igreja o título de Basílica Menor (11 de fevereiro de 1921). Para sua construção, Dom Bosco havia “dado sua alma” (e seu corpo também!) nos últimos sete anos de sua vida. Ele havia feito o mesmo nos vinte anos anteriores (1865-1868) com a construção da igreja de Maria Auxiliadora em Turim-Valdocco, a primeira igreja salesiana elevada à dignidade de basílica menor em 28 de junho de 1911, na presença do novo Reitor-Mor, P. Paulo Álbera.

A descoberta da súplica
Mas como foi alcançado esse resultado? Quem estava por trás disso? Agora sabemos com certeza graças à recente descoberta do rascunho datilografado da solicitação desse título pelo Reitor-Mor, P. Paulo Álbera. Está incluído em um livreto comemorativo do 25º aniversário do Sagrado Coração editado em 1905 pelo então diretor, P. Francesco Tomasetti (1868-1953). O texto datilografado, datado de 17 de janeiro de 1921, tem correções mínimas feitas pelo Reitor-Mor, mas, o que é importante, traz sua assinatura autógrafa.
Depois de descrever a obra de Dom Bosco e a incessante atividade da paróquia, provavelmente tirada do antigo arquivo, o padre Álbera se dirige ao Papa nos seguintes termos:

Enquanto a devoção ao Sagrado Coração de Jesus está crescendo e se espalhando por todo o mundo, e novos Templos estão sendo dedicados ao Divino Coração, também através da nobre iniciativa dos salesianos, como em São Paulo, no Brasil, em La Plata, na Argentina, em Londres, em Barcelona e em outros lugares, parece que o primeiro Templo-Santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus em Roma, na qual uma devoção tão importante tem uma afirmação tão digna da Cidade Eterna, merece distinção especial. O abaixo-assinado, portanto, tendo ouvido o parecer do Conselho Superior da Pia Sociedade Salesiana, humildemente suplica que Vossa Santidade se digne conceder ao Templo-Santuário do Sagrado Coração de Jesus, no Castro Pretório, em Roma, o Título e os Privilégios de Basílica Menor, esperando dessa honrosa elevação o aumento da devoção, da piedade e de toda atividade catolicamente benéfica”.

A súplica, em cópia definitiva, assinada pelo padre Álbera, foi provavelmente enviada pelo procurador, padre Francisco Tomasetti, à Sagrada Congregação dos Breves, que a acolheu favoravelmente. Ele rapidamente redigiu a minuta do Breve Apostólico a ser mantido nos Arquivos do Vaticano, transcreveu-o por calígrafos especializados em um rico pergaminho e o passou para a Secretaria de Estado para a assinatura do titular do momento, o Cardeal Pedro Gasparri.
Hoje, os fiéis podem admirar esse original da concessão do título solicitado, muito bem emoldurado na sacristia da Basílica (veja a foto).
Só podemos agradecer à Dra. Patrícia Buccino, uma estudiosa de arqueologia e história, e ao historiador salesiano P. Jorge Rossi, que divulgou a notícia. Cabe a eles completar a investigação iniciada com a busca da correspondência completa nos Arquivos do Vaticano, que também será divulgada ao mundo científico por meio da conhecida revista de história salesiana “Ricerche Storiche Salesiane”.

Sagrado Coração: uma basílica nacional com alcance internacional
Vinte e seis anos antes, em 16 de julho de 1885, a pedido de Dom Bosco e com o consentimento explícito do Papa Leão XIII, Dom Caetano Alimonda, arcebispo de Turim, havia exortado calorosamente os italianos a participarem do sucesso da “nobre e santa proposta [do novo templo], chamando-a de voto nacional dos italianos”.
Pois bem, o Padre Álbera, em seu pedido ao pontífice, depois de recordar o insistente apelo do cardeal Alimonda, lembrou que todas as nações do mundo haviam sido convidadas a contribuir economicamente para a construção, a decoração do templo e as obras anexas (incluindo o inevitável oratório salesiano com uma casa de acolhida!), de modo que o Templo-Santuário, além de um voto nacional, se tornasse uma “manifestação mundial ou internacional de devoção ao Sagrado Coração”.
A esse respeito, num artigo histórico-ascético publicado por ocasião do 1º Centenário da Consagração da Basílica (1987), o estudioso Armando Pedrini o definiu como: “Um templo que é, portanto, internacional por causa da catolicidade e da universalidade de sua mensagem a todos os povos”, considerando também a “posição proeminente” da Basílica, adjacente à reconhecida internacionalidade da estação ferroviária.
Roma-Termini, portanto, não é apenas uma grande estação ferroviária com problemas de ordem pública e um território difícil de administrar, que é frequentemente mencionada nos jornais, como as estações ferroviárias de muitas capitais europeias. Mas é também a sede da Basílica do Sagrado Coração de Jesus. E se à tarde e à noite a área não transmite segurança aos turistas, durante o dia a Basílica distribui paz e serenidade aos fiéis que entram nela, param em oração e recebem os sacramentos.
Será que os peregrinos que passarão pela estação de trem Termini no próximo ano santo (2025) se lembrarão disso? Tudo o que precisam fazer é atravessar uma rua… e o Sagrado Coração de Jesus os espera.

PS. Em Roma há uma segunda basílica paroquial salesiana, maior e artisticamente mais rica do que a do Sagrado Coração: é a de São João Bosco em Tuscolano, que se tornou tal em 1965, poucos anos depois de sua inauguração (1959). Onde está localizada? “Obviamente” no bairro Don Bosco (a poucos passos dos famosos estúdios Cinecittà). Se a estátua sobre o campanhário da basílica do Sagrado Coração domina a praça da estação Termini, a cúpula da basílica de Dom Bosco, ligeiramente inferior à de São Pedro, no entanto, olha para ela de frente, embora a partir de dois pontos extremos da capital. E como não há o dois sem o três, há uma terceira esplêndida basílica paroquial salesiana em Roma: a de Santa Maria Auxiliadora, no distrito de Appio-Tuscolano, ao lado do grande Instituto Pio XI.

Carta apostólica intitulada Pia Societas, datada de 11 de fevereiro de 2021, com a qual Sua Santidade Bento XV elevou a igreja do Sagrado Coração de Jesus à categoria de Basílica.

Ecclesia parochialis SS.mi Cordis Iesu ad Castrum Praetorium in urbe titulo et privilegiis Basilicae Minoris decoratur.
Benedictus pp. XV

            Ad perpetuam rei memoriam.
            Pia Societas sancti Francisci Salesii, a venerabili Servo Dei Ioanne Bosco iam Augustae Taurinorum condita atque hodie per dissitas quoque orbis regiones diffusa, omnibus plane cognitum est quanta sibi merita comparaverit non modo incumbendo actuose sollerterque in puerorum, orbitate laborantium, religiosam honestamque institutionem, verum etiam in rei catholicae profectum tum apud christianum populum, tum apud infideles in longinquis et asperrimis Missionibus. Eiusdem Societatis sodalibus est quoque in hac Alma Urbe Nostra ecclesia paroecialis Sacratissimo Cordi Iesu dicata, in qua, etsi non abhinc multos annos condita, eximii praesertim Praedecessoris Nostri Leonis PP. XIII iussu atque auspiciis, christifideles urbani, eorumdem Sodalium opera, adeo ad Dei cultum et virtutum laudem exercentur, ut ea vel cum antiquioribus paroeciis in honoris ac meritorum contentionem veniat. Ipsemet Salesianorum Sodalium fundator, venerabilis Ioannes Bosco, in nova Urbis regione, aere saluberrimo populoque confertissima, quae ad Gastrum Praetorium exstat, exaedificationem inchoavit istius templi, et, quasi illud erigeret ex gentis italicae voto et pietatis testimonio erga Sacratissimum Cor Iesu, stipem praecipue ex Italiae christifidelibus studiose conlegit; verumtamen pii homines ex ceteris nationibus non defuerunt, qui, in exstruendum perficiendumque templum istud, erga Ssmum Cor Iesu amore incensi, largam pecuniae vim contulerint. Anno autem MDCCCLXXXVII sacra ipsa aedes, secundum speciosam formam a Virginio Vespignani architecto delineatam, tandem perfecta ac sollemniter consecrata dedicataque est. Eamdem vero postea, magna cum sollertia, Sodales Salesianos non modo variis altaribus, imaginibus affabre depictis et statuis, omnique sacro cultui necessaria supellectili exornasse, verum etiam continentibus aedificiis iuventuti, ut tempora nostra postulant, rite instituendae ditasse, iure ac merito Praedecessores Nostri sunt” laetati, et Nos haud minore animi voluptate probamus. Quapropter cum dilectus filius Paulus Albera, hodiernus Piae Societatis sancti Francisci Salesii rector maior, nomine proprio ac religiosorum virorum quibus praeest, quo memorati templi Ssmi Cordi Iesu dicati maxime augeatur decus, eiusdem urbanae paroeciae fidelium fides et pietas foveatur, Nos supplex rogaverit, ut eidem templo dignitatem, titulum et privilegia Basilicae Minoris pro Nostra benignitate impertiri dignemur; Nos, ut magis magisque stimulos fidelibus ipsius paroeciae atque Urbis totius Nostrae ad Sacratissimum Cor Iesu impensius colendum atque adamandum addamus, nec non benevolentiam, qua Sodales Salesianos ob merita sua prosequimur, publice significemus, votis hisce piis annuendum ultro libenterque censemus. Quam ob rem, conlatis consiliis cum VV. FF. NN. S. R. E. Cardinalibus Congregationi Ss. Rituum praepositis, Motu proprio ac de certa scientia et matura deliberatione Nostris, deque apostolicae potestatis plenitudine, praesentium Litterarum tenore perpetuumque in modum, enunciatum templum Sacratissimo Cordi Iesu dicatum, in hac alma Urbe Nostra atque ad Castrum Praetorium situm, dignitate ac titulo Basilicae Minoris honestamus, cum omnibus et singulis honoribus, praerogativis, privilegiis, indultis quae aliis Minoribus Almae huius Urbis Basilicis de iure competunt. Decernentes praesentes Litteras firmas, validas atque efficaces semper exstare ac permanere, suosque integros effectus sortiri iugiter et obtinere, illisque ad quos pertinent nunc et in posterum plenissime suffragari; sicque rite iudicandum esse ac definiendum, irritumque ex nunc et inane fieri, si quidquam secus super his, a quovis, auctoritate qualibet, scienter sive ignoranter attentari contigerit. Non obstantibus contrariis quibuslibet.

            Datum Romae apud sanctum Petrum sub annulo Piscatoris, die XI februarii MCMXXI, Pontificatus Nostri anno septimo.
P. CARD. GASPARRI, a Secretis Status.

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A igreja paroquial do Santíssimo Coração de Jesus no Castelo Praetoriano, na cidade, é agraciada com o título e os privilégios de Basílica Menor.
Bento XV

            Para memória perpétua.
            A Pia Sociedade de São Francisco de Sales, fundada pelo venerável Servo de Deus João Bosco em Turim e hoje espalhada por diversas regiões do mundo, é amplamente conhecida por seus grandes méritos, não apenas pelo empenho ativo e diligente na formação religiosa e honesta de crianças órfãs, mas também pelo progresso da causa católica, tanto entre o povo cristão quanto entre os infiéis em missões longínquas e difíceis. Os membros dessa Sociedade também têm nesta nossa Alma Cidade a igreja paroquial dedicada ao Sacratíssimo Coração de Jesus, que, embora fundada há poucos anos, especialmente por ordem e sob os auspícios do nosso ilustre predecessor Leão XIII, é tão bem cuidada pelos fiéis urbanos e pelos mesmos membros, que sua prática do culto a Deus e louvor das virtudes rivaliza até com as paróquias mais antigas em honra e méritos. O próprio fundador dos membros salesianos, o venerável João Bosco, iniciou a construção deste templo na nova região da cidade, de ar muito saudável e povoada, que fica no Castelo Praetoriano, e, como se erguesse este edifício como um voto e testemunho de piedade do povo italiano ao Sacratíssimo Coração de Jesus, reuniu especialmente contribuições dos fiéis italianos; contudo, não faltaram homens piedosos de outras nações que, inflamados pelo amor ao Sacratíssimo Coração de Jesus, contribuíram generosamente para a construção e conclusão deste templo. No ano de 1887, o próprio edifício sagrado, segundo o belo projeto do arquiteto Virginio Vespignani, foi finalmente concluído, solenemente consagrado e dedicado. Posteriormente, com grande zelo, os membros salesianos não só ornamentaram a igreja com vários altares, imagens habilmente pintadas e estátuas, e todo o mobiliário necessário para o culto sagrado, mas também enriqueceram os edifícios anexos para a juventude, conforme as necessidades dos nossos tempos, para uma adequada formação, o que nossos predecessores aprovaram com justa alegria, e nós também aprovamos com não menor satisfação. Por isso, quando o amado filho Paulo Albera, atual reitor maior da Pia Sociedade de São Francisco de Sales, em seu próprio nome e em nome dos religiosos sob sua direção, suplicou para que, para maior honra do templo dedicado ao Santíssimo Coração de Jesus, fosse concedida a essa igreja paroquial urbana a dignidade, o título e os privilégios de Basílica Menor, nós, para estimular ainda mais a fé dos paroquianos e de toda a nossa cidade a cultuar e amar intensamente o Sacratíssimo Coração de Jesus, e para manifestar publicamente a benevolência com que acompanhamos os membros salesianos por seus méritos, consentimos de bom grado a esses piedosos desejos. Por isso, após consultas com os Eminentíssimos Senhores Cardeais Prefeitos da Congregação dos Ritos Sagrados, por nosso próprio movimento, com pleno conhecimento e madura deliberação, e pela plenitude do poder apostólico, declaramos por meio destas presentes cartas que o templo dedicado ao Sacratíssimo Coração de Jesus, situado nesta nossa alma cidade e no Castelo Praetoriano, é honrado com a dignidade e o título de Basílica Menor, com todas as honras, prerrogativas, privilégios e indulgências que por direito competem às outras Basílicas Menores desta alma cidade. Determinamos que estas cartas sejam sempre firmes, válidas e eficazes, produzindo seus plenos efeitos continuamente, e que sejam plenamente apoiadas por todos a quem dizem respeito, agora e no futuro; e que seja julgado e decidido assim, e que qualquer tentativa contrária, por qualquer autoridade, consciente ou ignorante, seja desde já nula e sem efeito. Não obstante quaisquer disposições contrárias.

            Dado em Roma, junto a São Pedro, sob o Anel do Pescador, no dia 11 de fevereiro de 1921, no sétimo ano do nosso pontificado.
P. CARD. GASPARRI, Secretário de Estado.




O P. Pedro Ricaldone renasce em Mirabello Monferrato

O P. Pedro Ricaldone (Mirabello Monferrato, 27 de abril de 1870 – Roma, 25 de novembro de 1951) foi o quarto sucessor de Dom Bosco à frente dos Salesianos, homem de vasta cultura, profunda espiritualidade e grande amor pelos jovens. Nascido e criado entre as colinas de Monferrato, sempre carregou consigo o espírito daquela terra, traduzindo-o em um compromisso pastoral e formativo que o tornaria uma figura de destaque internacional. Hoje, os habitantes de Mirabello Monferrato querem trazê-lo de volta às suas terras.

O Comitê P. Pedro Ricaldone: renascimento de uma herança (2019)
Em 2019, um grupo de ex-alunos e ex-alunas, historiadores e apaixonados por tradições locais deu vida ao Comitê P. Pedro Ricaldone em Mirabello Monferrato. O objetivo – simples e ambicioso ao mesmo tempo – foi desde o início trazer a figura do P. Pedro de volta ao coração da cidade e dos jovens, para que sua história e sua herança espiritual não se percam.

Para preparar o 150º aniversário de nascimento (1870-2020), o Comitê pesquisou o Arquivo Histórico Municipal de Mirabello e o Arquivo Histórico Salesiano, encontrando cartas, anotações e volumes antigos. Desse trabalho nasceu uma biografia ilustrada, pensada para leitores de todas as idades, na qual a personalidade de Ricaldone emerge de forma clara e cativante. Fundamental, nesta fase, foi a colaboração com o P. Egídio Deiana, estudioso da história salesiana.

Em 2020, estava prevista uma série de eventos – exposições fotográficas, concertos, espetáculos teatrais e circenses – todos centrados na memória do P. Pedro. Embora a pandemia tenha obrigado a reprogramar grande parte das celebrações, em julho do mesmo ano, realizou-se um evento comemorativo com uma exposição fotográfica sobre as etapas da vida de Ricaldone, uma animação infantil com oficinas criativas e uma celebração solene, com a presença de alguns Superiores Salesianos.
Aquele encontro marcou o início de uma nova fase de atenção ao território de Mirabello.

Além dos 150 anos: o concerto pelo 70º aniversário de morte
O entusiasmo pela recuperação da figura do P. Pedro Ricaldone levou o Comitê a prolongar suas atividades mesmo após o 150º aniversário.
Em vista do 70º aniversário de morte (25 de novembro de 1951), o Comitê organizou um concerto intitulado “Apressar a aurora radiosa do dia esperado”, frase extraída da circular do P. Pedro sobre o Canto Gregoriano de 1942.
Em plena Segunda Guerra Mundial, o P. Pedro – então Reitor-Mor – escreveu uma célebre circular sobre o Canto Gregoriano na qual destacava a importância da música como caminho privilegiado para reconduzir os corações dos homens à caridade, à mansidão e, sobretudo, a Deus: “A alguns poderá causar espanto que, em meio a tanto fragor de armas, eu vos convide a ocupar-vos de música. No entanto, penso, mesmo prescindindo de alusões mitológicas, que este tema responde plenamente às exigências da hora atual. Tudo o que possa exercer eficácia educativa e reconduzir os homens a sentimentos de caridade e mansidão e, sobretudo, a Deus, deve ser por nós praticado, diligentemente e sem demora, para apressar a aurora radiosa do dia esperado”.

Passeios e raízes salesianas: o “Passeio de Dom Bosco”
Embora tenha nascido como uma homenagem ao P. Ricaldone, o Comitê acabou por divulgar novamente também a figura de Dom Bosco e de toda a tradição salesiana, da qual o P. Pedro foi herdeiro e protagonista.
A partir de 2021, a cada segundo domingo de outubro, o Comitê promove o “Passeio de Dom Bosco”, repropondo a peregrinação que Dom Bosco realizou com os jovens de Mirabello a Lu Monferrato de 12 a 17 de outubro de 1861. Naqueles cinco dias, foram planejados os detalhes do primeiro colégio salesiano fora de Turim, confiado ao Beato Miguel Rua, com o P. Álbera entre os professores. Embora a iniciativa não diga respeito diretamente ao P. Pedro, ela destaca suas raízes e o vínculo com a tradição salesiana local que ele mesmo levou adiante.

Hospitalidade e intercâmbios culturais
O Comitê tem incentivado o acolhimento de grupos de jovens, escolas profissionais e clérigos salesianos de todo o mundo. Algumas famílias oferecem hospitalidade gratuita, renovando a fraternidade típica de Dom Bosco e do P. Pedro. Em 2023, um numeroso grupo da Crocetta passou por Mirabello, enquanto durante todo o verão chegam grupos internacionais acompanhados pelo P. Egídio Deiana. Cada visita é um diálogo entre memória histórica e a alegria dos jovens.

Em 30 de março de 2025, quase cem capitulares salesianos fizeram uma parada em Mirabello, nos locais onde Dom Bosco abriu seu primeiro colégio fora de Turim e onde o P. Pedro viveu seus anos de formação. O Comitê, junto com a Paróquia e a Pro Loco [escritório de promoção cultural e turística], organizou a acolhida e produziu um vídeo informativo sobre a história salesiana local, apreciado por todos os participantes.

As iniciativas continuam e hoje o Comitê, liderado por seu presidente, colabora na criação do Caminho Monferrino de Dom Bosco, um itinerário espiritual de aproximadamente 200 km pelas rotas outonais percorridas pelo Santo. O objetivo é obter o reconhecimento oficial em nível regional, mas também oferecer aos peregrinos uma experiência formativa e de evangelização. Os passeios juvenis de Dom Bosco, de fato, eram experiências de formação e evangelização: o mesmo espírito que o P. Pedro Ricaldone defenderia e promoveria depois durante todo o seu reitorado.

A missão do Comitê: manter viva a memória do P. Pedro
Por trás de cada iniciativa está a vontade de destacar a obra educativa, pastoral e cultural do P. Pedro Ricaldone. Os fundadores do Comitê guardam memórias pessoais da infância e desejam transmitir às novas gerações os valores de fé, cultura e solidariedade que animaram o sacerdote de Mirabello. Numa época em que tantos pontos de referência vacilam, redescobrir o caminho do P. Pedro significa oferecer um modelo de vida capaz de iluminar o presente: “Onde passam os Santos, Deus caminha com eles e nada mais é como antes” (São João Paulo II).
O Comitê P. Pedro Ricaldone se faz porta-voz dessa herança, confiando que a memória de um grande filho de Mirabello continue a iluminar o caminho para as gerações futuras, traçando uma senda sólida feita de fé, cultura e solidariedade.




A nova Sede Central dos Salesianos. Roma, Sagrado Coração

Hoje, a vocação original da casa do Sagrado Coração vê um novo início. Tradição e inovação continuam a caracterizar o passado, o presente e o futuro desta obra tão significativa.

Quantas vezes Dom Bosco desejou vir a Roma para abrir uma casa salesiana. Desde a primeira viagem, em 1858, o seu objetivo era estar presente na Cidade Eterna com uma presença educativa. Veio a Roma por vinte vezes e somente na última viagem, em 1887, conseguiu realizar seu sonho abrindo a casa do Sagrado Coração, no “Castro Pretorio”.
A Obra salesiana está localizada no bairro “Esquilino”, nascido em 1875, após a abertura da “brecha de Porta Pia” e a exigência dos Savoia de construir, na nova capital ,os ministérios do Reino da Itália. O bairro, também chamado “Umbertino”, é de arquitetura piemontesa, e todas as ruas tem o nome de batalhas ou eventos ligados ao estado sabaudo. Não podia faltar neste lugar, que remete a Turim, um Templo, que fosse também paróquia, construído por um piemontês, o P. João Bosco. O nome da igreja não foi escolhido por Dom Bosco, mas era o desejo do Papa Leão XIII para relançar a devoção, mais atual do que nunca, ao Coração de Jesus.
Hoje, a casa do Sagrado Coração está completamente renovada para responder às exigências da Sede Central dos Salesianos. Desde o momento de sua fundação até hoje a casa passou por diversas transformações. A Obra nasce como Paróquia e Templo Internacional para a difusão da devoção ao Sagrado Coração, e desde o seu início Dom Bosco tinha o claro objetivo de construir ao lado um Abrigo para hospedar até 500 jovens pobres. O P. Rua concluiu a Obra e abriu oficinas para artesãos (escola de artes e ofícios). Nos anos seguintes foram abertas a escola de Ensino Fundamental e o Ensino Médio clássico. Por alguns anos foi também a sede da Universidade do “Pontificio Ateneo Salesiano” e uma casa de formação para os salesianos que estudavam nas universidades romanas, mas que também se dedicavam à escola e ao oratório (entre estes estudantes está “Don Quadrio”). Foi também a sede da Inspetoria Romana e, a partir de 2008, da Circunscrição da Itália Central. Desde 2017, uma vez deixada a casa de “via della Pisana”, tornou-se a Sede Central dos Salesianos. Em 2022 se iniciou sua reforma para adequar os ambientes à função de casa do Reitor-Mor. Nesta casa viveram ou passaram: Dom Bosco, o P. Rua, o cardeal Cagliero (o seu apartamento era no primeiro andar de “via Marsala”), Zeferino Namuncurá, Dom Versiglia, Artêmides Zatti, todos os Reitores-Mores que sucederam Dom Bosco, São João Paulo II, Santa Teresa de Calcutá, o Papa Francisco. Entre os diretores da casa está D. Giuseppe Cognata: durante o seu reitorado, foi colocada em 1930 a estátua do Sagrado Coração no campanário.
Graças ao Sagrado Coração o carisma salesiano se difundiu em vários bairros de Roma; todas as outras presenças salesianas de Roma, de fato, eram uma ramificação desta casa: “Testaccio”, “Pio XI”, “Borgo Ragazzi Don Bosco”, “Don Bosco Cinecittà”, “Gerini”, “Università Pontificia Salesiana”.

Lugar de acolhida
Desde o seu início, os traços característicos da Casa do Sagrado Coração são dois:
1) a catolicidade, pois abrir uma casa em Roma sempre significou para os fundadores das ordens religiosas uma proximidade ao Papa e uma ampliação dos horizontes em nível universal. Na primeira conferência aos Salesianos Cooperadores, no mosteiro romano de “Tor De’ Specchi”, em 1874, Dom Bosco afirmou que os salesianos se espalhariam por todo o mundo e ajudar suas obras significava viver o mais autêntico espírito de catolicidade;
2) a atenção aos jovens pobres: a localização vizinha à estação, lugar de chegadas e partidas, onde sempre se reuniram os mais pobres, está presente na história do Sagrado Coração.
No início, o Abrigo hospedava os jovens pobres para lhes ensinar um ofício, sucessivamente o oratório acolhia os jovens do bairro; após a guerra, os engraxates (jovens que lustravam os sapatos das pessoas que saíam da estação) foram acolhidos e cuidados, primeiro nesta casa e depois foram transferidos para o “Borgo Ragazzi Don Bosco”; na metade dos anos 80, com a primeira imigração na Itália, jovens imigrantes foram hospedados em colaboração com a nascente Caritas; nos anos 90, um Centro Diurno acolhia jovens em alternativa à prisão e lhes ensinava os fundamentos da leitura e da escrita, e também um ofício; desde 2009 um projeto de integração entre jovens refugiados e jovens italianos viu florescer tantas iniciativas de acolhimento e de evangelização. A Casa do Sagrado Coração por cerca de 30 anos foi, também, sede do Centro Nacional das Obras Salesianas da Itália.

O novo início
Hoje, a vocação original da casa do Sagrado Coração vê um novo início. Tradição e inovação continuam a caracterizar o passado, o presente e o futuro desta obra tão significativa.
Em primeiro lugar, a presença do Reitor-Mor com seu conselho e dos salesianos que se ocupam da dimensão mundial da Congregação indica a continuidade da catolicidade. Uma vocação à acolhida de tantos salesianos provenientes de todo o mundo e que encontram no Sagrado Coração um lugar para se sentirem em casa, experimentarem a fraternidade, encontrarem-se com o sucessor de Dom Bosco. Ao mesmo tempo, é o lugar no qual o Reitor-Mor anima e governa a Congregação, traçando as linhas para ser fiéis a Dom Bosco hoje.
Em segundo lugar, a presença de um significativo lugar salesiano onde Dom Bosco escreveu a “Carta de Roma” e onde compreendeu o sonho dos nove anos. Dentro da casa haverá o “Museu Casa Dom Bosco de Roma”, que em três andares contará a presença de Dom Bosco na Cidade Eterna. A centralidade da educação como “coisa do coração” em seu Sistema Preventivo, a relação com os Papas que amaram Dom Bosco e que ele, em primeiro lugar, amou e serviu, o Sagrado Coração como lugar de expansão do carisma em todo o mundo, o fatigante percurso de aprovação das Constituições Salesianas, a compreensão do sonho dos nove anos e seu último suspiro educativo ao escrever a “Carta de Roma” são os elementos temáticos que, em formato multimídia imersivo, serão contados àqueles que visitarem o museu.
Em terceiro lugar, a devoção ao Sagrado Coração representa o centro do carisma. Dom Bosco, antes mesmo de receber o convite para construir a igreja do Sagrado Coração, havia orientado os jovens para esta devoção. No livro “O jovem instruído” existem orações e práticas de piedade dirigidas ao Coração de Cristo. Mas depois que aceitou a proposta de Leão XIII, Dom Bosco se torna um verdadeiro apóstolo do Sagrado Coração. Não poupa suas forças para procurar dinheiro para a construção da igreja. O cuidado dos mínimos detalhes infunde nas escolhas arquitetônicas e artísticas da Basílica o seu pensamento e a sua devoção ao Sagrado Coração. Para financiar a construção da igreja e da casa, ele funda a Pia Obra do Sagrado Coração de Jesus, a última das cinco fundações realizadas por Dom Bosco ao longo de sua vida, junto com os Salesianos, as Filhas de Maria Auxiliadora, os Salesianos Cooperadores e a Associação de Maria Auxiliadora. A Pia Obra foi criada para a celebração perpétua de seis missas diárias na igreja do Sagrado Coração de Roma. Dela fazem parte todas as pessoas inscritas, vivas e falecidas, através da oração e das boas obras feitas pelos Salesianos e pelos jovens em todas as suas casas.
A visão de Igreja que deriva da fundação da Pia Obra é a de um “corpo vivo” composto por fiéis vivos e falecidos em comunhão entre si através do Sacrifício de Jesus, renovado quotidianamente na celebração eucarística a serviço dos jovens mais pobres. O desejo do Coração de Jesus é que todos sejam uma coisa só (ut unum sint) como Ele e o Pai. A Pia Obra conecta, através da oração e das ofertas, os benfeitores vivos e falecidos, os Salesianos de todo o mundo e os jovens que vivem no Sagrado Coração. Somente através da comunhão, que tem sua fonte na Eucaristia, os benfeitores, os Salesianos e os jovens podem contribuir para construir a Igreja, para fazer resplandecer o seu rosto missionário. A Pia Obra tem, ainda, a tarefa de promover, difundir e aprofundar a devoção ao Sagrado Coração em todo o mundo, adaptando-a aos tempos e ao sentir da Igreja.

A estação central para evangelizar
Finalmente, a atenção aos jovens pobres se manifesta na vontade missionária de alcançar os jovens de toda Roma através do Centro Juvenil aberto na “via Marsala”, bem na saída da estação “Termini”, onde a cada dia passam cerca de 300.000 pessoas. Um lugar que seja casa para os tantos jovens italianos e estrangeiros que visitam ou vivem em Roma e têm sede, nem sempre se dando conta, de Deus. Além do mais, desde sempre ao redor da estação “Termini” se aglomera muita gente pobre, marcada pelo cansaço da vida. Uma outra porta também aberta na “via Marsala”, além daquelas do Centro Juvenil e da Basílica, expressa o desejo de responder às necessidades dessas pessoas com o Coração de Cristo: nelas também resplandece a glória de seu rosto.
A profecia de Dom Bosco sobre a Casa do Sagrado Coração, de 5 de abril de 1880, acompanha e guia a realização do que aqui foi dito:

Mas Dom Bosco mirava longe. Nosso Dom João Marenco lembrava uma misteriosa palavra dele que o tempo não deve deixar cair no esquecimento. No mesmo dia em que aceitou a pesadíssima oferta, o Beato perguntou-lhe:
– Sabe por que aceitamos a casa de Roma?
– Eu não, respondeu Marenco.
– Pois então, preste atenção. Nós a aceitamos porque, quando o Papa for aquele que agora não é, e como deve ser, colocaremos na nossa casa a estação central para evangelizar o campo romano. Será trabalho não menos importante do que esse de evangelizar a Patagonia. Então, os salesianos serão conhecidos e sua glória resplandecerá. (MB XIV, 480-481).

dom Francesco Marcoccio




Os Meninos do Cemitério

O drama dos jovens abandonados continua a causar impacto no mundo contemporâneo. As estatísticas falam de cerca de 150 milhões de jovens forçados a viver nas ruas, uma realidade que se manifesta de forma dramática também em Monróvia, capital da Libéria. Por ocasião da festa de São João Bosco, em Viena, foi realizada uma campanha de conscientização promovida pela Jugend Eine Welt [Juventude de um só mundo], uma iniciativa que destacou não só a situação local, mas também as dificuldades encontradas em países distantes, como a Libéria, onde o salesiano Lothar Wagner dedica a sua vida a dar esperança a estes jovens.

Lothar Wagner: um salesiano que dedica a sua vida aos meninos de rua na Libéria
Lothar Wagner, salesiano coadjutor alemão, dedicou mais de vinte anos de sua vida ao apoio dos meninos na África Ocidental. Depois de ter amadurecido experiências significativas em Gana e Serra Leoa, nos últimos quatro anos concentrou-se com paixão na Libéria, um país marcado por conflitos prolongados, crises sanitárias e devastações como a epidemia de Ebola. Lothar tornou-se porta-voz de uma realidade muitas vezes ignorada, onde as cicatrizes sociais e econômicas comprometem as oportunidades de crescimento para os jovens.

A Libéria, com uma população de 5,4 milhões de habitantes, é um país onde a pobreza extrema é acompanhada de instituições frágeis e de uma corrupção generalizada. As consequências de décadas de conflitos armados e crises sanitárias deixaram o sistema educativo entre os piores do mundo, enquanto o tecido social se desgastou sob o peso de dificuldades econômicas e falta de serviços essenciais. Muitas famílias não conseguem garantir aos seus filhos as necessidades primárias, levando assim um grande número de jovens a procurar refúgio na rua.

Em particular, em Monróvia, alguns jovens encontram refúgio nos lugares mais inesperados: os cemitérios da cidade. Conhecidos como “meninos do cemitério”, estes jovens, sem uma habitação segura, refugiam-se entre os túmulos, lugar que se torna símbolo de um abandono total. Dormir ao ar livre, nos parques, nos aterros sanitários, até mesmo nos esgotos ou dentro de túmulos, tornou-se o trágico refúgio quotidiano para quem não tem outra escolha.

“É realmente muito comovente quando se caminha pelo cemitério e se veem meninos que saem dos túmulos. Deitam-se com os mortos porque não têm mais um lugar na sociedade. Uma situação deste tipo é escandalosa.”

Uma abordagem múltipla: do cemitério às celas de detenção
Não só os meninos dos cemitérios estão no centro da atenção de Lothar. O salesiano dedica-se também a outra realidade dramática: a dos detidos menores nas prisões liberianas. A prisão de Monróvia, construída para 325 detidos, acolhe hoje mais de 1.500 prisioneiros, entre os quais muitos jovens encarcerados sem uma acusação formal. As celas, extremamente superlotadas, são um claro exemplo de como a dignidade humana é muitas vezes sacrificada.

“Falta comida, água limpa, padrões higiênicos, assistência médica e psicológica. A fome constante e a dramática situação espacial devido à superlotação enfraquecem enormemente a saúde dos meninos. Numa pequena cela, projetada para dois detidos, estão trancados oito a dez jovens. Dorme-se por turnos, porque esta dimensão da cela oferece espaço só em pé aos seus numerosos habitantes”.

Para fazer face a esta situação, organiza visitas diárias na prisão, levando água potável, refeições quentes e um suporte psicossocial que se torna uma âncora de salvação. A sua presença constante é fundamental para procurar restabelecer um diálogo com as autoridades e as famílias, sensibilizando também sobre a importância de tutelar os direitos dos menores, muitas vezes esquecidos e abandonados a um destino infausto. “Não os deixamos sozinhos na sua solidão, mas procuramos dar-lhes uma esperança”, sublinha Lothar com a firmeza de quem conhece a dor quotidiana destas jovens vidas.

Um dia de conscientização em Viena
O apoio a estas iniciativas passa também pela atenção internacional. No dia 31 de janeiro, em Viena, a Jugend Eine Welt organizou um dia dedicado a evidenciar a precária situação dos meninos de rua, não só na Libéria, mas em todo o mundo. Durante o evento, Lothar Wagner compartilhou as suas experiências com estudantes e participantes, envolvendo-os em atividades práticas – como o uso de uma fita de sinalização para simular as condições de uma cela superlotada – para fazer compreender em primeira pessoa as dificuldades e a angústia dos jovens que vivem quotidianamente em espaços mínimos e em condições degradantes.

Além das emergências quotidianas, o trabalho de Lothar e dos seus colaboradores concentra-se também em intervenções a longo prazo. Os missionários salesianos, de fato, estão empenhados em programas de reabilitação que vão do suporte educativo à formação profissional para os jovens detidos, até à assistência legal e espiritual. Estas intervenções visam reintegrar os meninos na sociedade uma vez libertados, ajudando-os a construir um futuro digno e cheio de possibilidades. O objetivo é claro: oferecer não só uma ajuda imediata, mas criar um percurso que consinta aos jovens desenvolver as suas potencialidades e contribuir ativamente para o renascimento do país.

As iniciativas estendem-se também à construção de centros de formação profissional, escolas e estruturas de acolhimento, com a esperança de ampliar o número de jovens beneficiários e garantir um suporte constante, dia e noite. O testemunho de sucesso de muitos ex-“meninos do cemitério” – alguns dos quais tornaram-se professores, médicos, advogados e empresários – é a confirmação tangível de que, com o devido suporte, a transformação é possível.

Apesar do empenho e da dedicação, o percurso é repleto de obstáculos: a burocracia, a corrupção, a desconfiança dos meninos e a falta de recursos representam desafios quotidianos. Muitos jovens, marcados por abusos e exploração, têm dificuldade em confiar nos adultos, tornando ainda mais árdua a tarefa de instaurar uma relação de confiança e de oferta de um suporte real e duradouro. Contudo, cada pequeno sucesso – cada jovem que reencontra a esperança e começa a construir um futuro – confirma a importância deste trabalho humanitário.

O percurso empreendido por Lothar e pelos seus colaboradores testemunha que, apesar das dificuldades, é possível fazer a diferença na vida dos meninos abandonados. A visão de uma Libéria em que cada jovem possa realizar o próprio potencial traduz-se em ações concretas, da sensibilização internacional à reabilitação dos detidos, passando por programas educativos e projetos de acolhimento. O trabalho, assente em amor, solidariedade e uma presença constante, representa um farol de esperança num contexto em que o desespero parece prevalecer.

Num mundo marcado pelo abandono e pela pobreza, as histórias de renascimento dos meninos de rua e dos jovens detidos são um convite a acreditar que, com o devido suporte, cada vida pode ressurgir. Lothar Wagner continua a lutar para garantir a estes jovens não só um abrigo, mas também a possibilidade de reescrever o próprio destino, demonstrando que a solidariedade pode realmente mudar o mundo.




A história das missões salesianas (1/5)

O 150º aniversário das missões salesianas será realizado em 11 de novembro de 2025. Acreditamos que seria interessante contar aos nossos leitores uma breve história dos precedentes e das primeiras etapas do que viria a ser uma espécie de epopeia missionária salesiana na Patagônia. Fazemos isso em cinco episódios, com a ajuda de fontes inéditas que nos permitem corrigir as muitas imprecisões que passaram para a história.

            Limpemos imediatamente o terreno: diz-se e escreve-se que Dom Bosco queria partir para as missões tanto como seminarista quanto como jovem sacerdote. Isso não está documentado. Se como estudante de 17 anos (1834) ele pediu para se unir aos frades franciscanos reformados do Convento dos Anjos em Chieri, que tinham missões, o pedido aparentemente foi feito principalmente por motivos econômicos. Se dez anos mais tarde (1844), quando deixou o “Colégio Eclesiástico” de Turim, foi tentado a entrar na Congregação dos Oblatos da Virgem Maria, que acabavam de ser encarregados de missões na Birmânia (Myanmar), é verdade que a missão, para a qual talvez também tivesse estudado línguas estrangeiras, era para o jovem padre Bosco apenas uma das possibilidades de apostolado que se abriam diante dele. Em ambos os casos, Dom Bosco seguiu imediatamente o conselho, primeiro do padre Comollo, de entrar no seminário diocesano e, depois, do padre Cafasso, de continuar a se dedicar aos jovens de Turim. Mesmo nos vinte anos entre 1850 e 1870, ocupado como estava em planejar a continuidade de sua “obra dos Oratórios”, em dar um fundamento jurídico à sociedade salesiana que estava criando e na formação espiritual e pedagógica dos primeiros salesianos, todos jovens de seu Oratório, certamente não estava em condições de dar continuidade a nenhuma aspiração missionária pessoal ou dos próprios “filhos”. Não há sequer uma sombra sobre a ida dele ou dos salesianos para a Patagônia, embora isso esteja escrito no papel ou na internet.

Aumento da sensibilidade missionária
            Isso não diminui o fato de que a sensibilidade missionária de Dom Bosco, provavelmente reduzida a tênues indícios e vagas aspirações nos anos de sua formação sacerdotal e no início do sacerdócio, se aguçou consideravelmente com o passar dos anos. A leitura dos Anais da Propagação da Fé lhe deu boas informações sobre o mundo missionário, tanto que ele extraiu episódios deles para alguns de seus livros e elogiou o Papa Gregório XVI, que incentivou a difusão do Evangelho nos cantos mais distantes da terra e aprovou novas ordens religiosas com objetivos missionários. Dom Bosco pôde receber considerável influência do Cônego G. Ortalda, diretor do Conselho diocesano da Associação de Propaganda Fide por 30 anos (1851-1880) e também promotor das “Escolas Apostólicas” (uma espécie de seminário menor para vocações missionárias). Em dezembro de 1857, lançou também o projeto de uma Exposição em favor das missões católicas confiadas aos seiscentos missionários da Sardenha. Dom Bosco estava muito bem informado sobre isso.
            O interesse missionário pode ter crescido nele em 1862, por ocasião da solene canonização em Roma dos 26 protomártires japoneses e em 1867, por ocasião da beatificação de mais de duzentos mártires japoneses, também celebrada com solenidade em Valdocco. Também na cidade papal, durante suas longas estadas em 1867, 1869 e 1870, ele pôde ver outras iniciativas missionárias locais, como a fundação do Pontifício Seminário dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo para missões estrangeiras.
            O Piemonte, com quase 50% dos missionários italianos (1500 com 39 bispos), estava na vanguarda nesse campo e o franciscano Dom Luís Celestino Spelta, Vigário Apostólico de Hupei, visitou Turim em novembro de 1859. Ele não visitou o Oratório, mas o fez Dom Daniel Comboni, em dezembro de 1864, que publicou em Turim o seu Plano de Regeneração para a África, com o intrigante projeto de evangelizar a África através dos africanos.
            Dom Bosco trocou ideias com ele, que em 1869 tentou, sem sucesso, associá-lo ao seu projeto e, no ano seguinte, convidou-o a enviar alguns sacerdotes e leigos para dirigir um instituto no Cairo e, assim, prepará-lo para as missões na África; a esse centro contava confiar aos salesianos um Vicariato Apostólico. Em Valdocco, o pedido, que não foi atendido, foi substituído pela disposição de aceitar meninos para serem educados para as missões. Lá, porém, o grupo de argelinos recomendado por Dom Carlos Martial Lavigerie encontrou dificuldades, de modo que foram enviados para Nice Marítima, na França. O pedido feito em 1869 pelo mesmo arcebispo para ter auxiliares salesianos em um orfanato em Argel, em tempos de emergência, não foi atendido. Da mesma forma, não foi atendida a petição de 1868 do missionário bresciano João Bettazzi para enviar salesianos para dirigir um instituto de artes e ofícios em construção, bem como um pequeno seminário menor, na diocese de Savannah (Geórgia, EUA). As propostas de outros, seja para dirigir obras educativas em “territórios de missão”, seja para ação direta in partibus infidelium [em territórios de infiéis], podiam ser até atraentes, mas Dom Bosco nunca renunciaria nem à sua plena liberdade de ação – que talvez visse comprometida pelas propostas que recebera de outros – nem, sobretudo, ao seu peculiar trabalho com os jovens, para os quais estava, na época, muito ocupado em desenvolver a recém-aprovada sociedade salesiana (1869) além das fronteiras de Turim e do Piemonte. Em suma, até 1870, Dom Bosco, embora teoricamente sensível às necessidades missionárias, estava cultivando outros projetos em nível nacional.

Quatro anos de pedidos não atendidos (1870-1874)
            O tema missionário e as importantes questões relacionadas a ele foram objeto de atenção durante o Concílio Vaticano I (1868-1870). Se o documento “Super Missionibus Catholicis” nunca foi apresentado na assembleia geral, a presença em Roma de 180 bispos de “terras de missão” e as informações positivas sobre o modelo salesiano de vida religiosa, difundidas entre eles por alguns bispos piemonteses, deram a Dom Bosco a oportunidade de encontrar muitos deles e também de ser contatado por eles, tanto em Roma como em Turim.
            Aqui, em 17 de novembro de 1869, foi recebida a delegação chilena, com o arcebispo de Santiago e o bispo de Concepción. Em 1870, foi a vez de Dom D. Barbero, Vigário Apostólico em Hyderabad (Índia), já conhecido de Dom Bosco, que lhe perguntou sobre as irmãs disponíveis para a Índia. Em julho de 1870, o dominicano Dom G. Sadoc Alemany, arcebispo de São Francisco, na Califórnia (EUA), foi a Valdocco, pediu e obteve dos salesianos uma casa de acolhida com uma escola profissionalizante (que nunca foi construída). O franciscano Dom L. Moccagatta, Vigário Apostólico de Shantung (China) e seu coirmão Dom Eligio Cosi, mais tarde seu sucessor, também visitaram Valdocco. Em 1873, foi a vez de Dom T. Raimondi, de Milão, que ofereceu a Dom Bosco a possibilidade de dirigir escolas católicas na Prefeitura Apostólica de Hong Kong. As negociações, que duraram mais de um ano, chegaram a um impasse por várias razões, assim como em 1874 um projeto de um novo seminário do padre Bertazzi para Savannah (EUA) também ficou no papel. A mesma coisa aconteceu naqueles anos com as fundações missionárias na Austrália e na Índia, para as quais Dom Bosco iniciou negociações com bispos individuais, que ele às vezes dava como concluídas à Santa Sé, quando na realidade eram apenas projetos em andamento.
            Naquele início dos anos setenta, com uma equipe composta por pouco mais de duas dúzias de pessoas (incluindo sacerdotes, clérigos e coadjutores), um terço delas com votos temporários, espalhadas em seis casas, teria sido difícil para Dom Bosco enviar algumas delas para terras de missão. Ainda mais porque as missões estrangeiras oferecidas a ele até naquele momento fora da Europa apresentavam sérias dificuldades de idioma, cultura e tradições não neolatinas, e havia fracassado a tentativa de longa data de ter jovens que falassem inglês, mesmo com a ajuda do reitor do colégio irlandês em Roma, Dom Toby Kirby.

(continua)

Foto de época: o porto de Gênova, 14 de novembro de 1877.




Projeto Missionário Basilicata – Calábria

Dentro do “Projeto Europa”, a Itália Meridional lançou um novo projeto missionário nas regiões da Calábria e da Basilicata, acolhendo os primeiros missionários “ad gentes”, sinal de generosidade missionária e oportunidade de crescimento na abertura mundial do carisma de Dom Bosco.

Europa como terra de missão: numa nova perspectiva missiológica salesiana, as missões assumem cada vez menos uma conotação geográfica, como movimento em direção “às terras de missão”; hoje os missionários vêm dos cinco continentes e são enviados para os cinco continentes. Esse movimento missionário multidirecional já ocorre em muitas dioceses e congregações. Com o “Projeto Europa”, os salesianos se confrontaram com essa mudança de paradigma missionário, para o qual é necessário um caminho de conversão da mente e do coração. O “Projeto Europa”, na ideia do P. Pascual Chávez, é um ato de coragem apostólica e uma oportunidade de renascimento carismático no continente europeu, a ser inserido no mais amplo contexto da nova evangelização. O objetivo é envolver toda a congregação salesiana no fortalecimento do carisma salesiano na Europa, especialmente por meio de uma profunda renovação espiritual e pastoral dos coirmãos e das comunidades, a fim de continuar o projeto de Dom Bosco em favor dos jovens, especialmente os mais pobres.

As inspetorias salesianas envolvidas são chamadas a repensar suas presenças salesianas para uma evangelização mais eficaz e que responda ao contexto atual. Entre elas, a inspetoria da Itália Meridional elaborou um novo projeto missionário que envolve as regiões da Basilicata e da Campânia. A partir de uma análise do território, pode-se constatar como o Sul da Itália é caracterizado por uma presença bastante consistente de jovens, com uma natalidade menor em comparação a outras regiões italianas, e como a emigração é um fenômeno muito presente que faz com que muitos jovens saiam para estudar ou trabalhar em outros lugares. As tradições religiosas e familiares, que sempre constituíram um importante referencial identitário para a comunidade, são menos relevantes do que no passado e muitos jovens vivem a fé como distante de suas vidas, embora não se mostrem totalmente contrários a ela. Os Salesianos experimentam uma boa adesão às experiências espirituais juvenis, mas, ao mesmo tempo, uma baixa receptividade a caminhos sistemáticos e a propostas de vida definitivas. Outras problemáticas que afetam o mundo juvenil são o analfabetismo emocional e afetivo, as crises relacionais das famílias, a evasão escolar e o desemprego. Tudo isso alimenta fenômenos de pobreza disseminada e o crescimento de organizações criminosas que encontram um terreno fértil para envolver e desviar os jovens. Nesse contexto, muitos jovens expressam um forte desejo de compromisso social, especialmente em âmbitos políticos e ecológicos e no mundo do voluntariado.

Nos últimos anos, a inspetoria salesiana refletiu sobre como agir para ser relevante no território e tomou diversas decisões importantes, incluindo o desenvolvimento de obras e projetos para os jovens mais pobres, como as casas-família e os centros diurnos, que manifestam direta e claramente a escolha em favor dos jovens em situação de risco. O cuidado integral dos jovens deve visar a uma formação não apenas teórica, para que o jovem possa descobrir ou tomar consciência de suas capacidades. Além disso, é necessária uma prática missionária mais corajosa para realizar caminhos de educação na fé que ajudem os jovens a concretizar o cumprimento de sua vocação cristã. Tudo isso deve ser realizado com o envolvimento ativo de todos: consagrados, leigos, jovens, famílias, membros da família salesiana… num estilo plenamente sinodal que promova a corresponsabilidade e a participação.

A Basilicata e a Calábria foram escolhidas como áreas carismaticamente significativas e necessitadas de fortalecimento e novo impulso educativo-pastoral, territórios nos quais apostar, abrindo novas fronteiras pastorais e redimensionando algumas já existentes. As presenças salesianas são seis: Potenza, Bova Marina, Corigliano Rossano, Locri, Soverato e Vibo Valentia. Quais são os salesianos solicitados para este projeto missionário? Salesianos dispostos a trabalhar em contextos pobres, populares e populosos, com dificuldades econômicas e, às vezes, falta de estímulos culturais, e atentos, em particular, ao primeiro anúncio. Salesianos que estejam bem preparados, em nível espiritual, salesiano, cultural e carismático. É necessário ter bem presente a razão pela qual este projeto foi elaborado, ou seja, cuidar da Basilicata e da Calábria, duas regiões pobres e com poucas propostas pastorais sistemáticas em favor dos jovens mais necessitados, onde o primeiro anúncio se torna cada vez mais uma exigência, mesmo em contextos de tradição católica. O trabalho educativo-pastoral dos salesianos busca dar esperança a muitos jovens que frequentemente são forçados a deixar suas casas e se deslocar para o norte em busca de uma vida melhor. O contraste dessa realidade com ofertas pastorais e formativas visionárias, em particular a formação profissional, a atenção ao sofrimento juvenil, o trabalho com as instituições para encontrar respostas se torna cada vez mais urgente. Além dos salesianos consagrados, este território é enriquecido pela bela presença de leigos e membros da Família Salesiana, e a igreja local, assim como a realidade social, nutre um grande respeito e consideração pelos filhos de Dom Bosco.

A acolhida de novos missionários ad gentes é uma bênção e um desafio que se insere neste projeto pastoral. A inspetoria Itália Meridional (IME) este ano recebeu quatro missionários, enviados na 155ª expedição missionária salesiana. Entre eles, dois se tornaram membros da nova delegação inspetorial AKM (Albânia, Kosovo, Montenegro), os outros dois foram destinados ao Sul da Itália e participarão do novo projeto missionário da IME para a Basilicata e a Campânia: Henri Mufele Ngankwini e Guy Roger Mutombo, da República Democrática do Congo (Inspetoria ACC). Para acompanhar da melhor forma os missionários que chegam, a Inspetoria IME se compromete para que eles se sintam em casa e tenham uma inserção gradual na nova realidade comunitária e social. Os missionários são gradualmente inseridos na história e na cultura do lugar que se tornará casa para eles e, desde os primeiros dias, frequentam cursos de língua e cultura italiana, por um período de pelo menos dois anos, que os ajudará em uma plena inculturação. Paralelamente, são introduzidos nos processos formativos e dão os primeiros passos na ação educativo-pastoral inspetorial com os jovens e as crianças. Uma dimensão fundamental é a atenção ao caminho espiritual pessoal: a cada missionário são garantidos momentos adequados de oração pessoal e comunitária, o acompanhamento e a orientação espiritual, a confissão, preferencialmente em uma língua que eles compreendam, e tempos de atualização e formação. Em uma fase posterior, ao missionário é garantida a formação contínua para uma inserção ainda mais plena nas dinâmicas inspetoriais, mantendo algumas atenções específicas. A experiência missionária será avaliada periodicamente para identificar pontos fortes, fragilidades e eventuais correções, num espírito fraterno.

Como nos lembra o P. Alfred Maravilla, Conselheiro Geral para as Missões, “ser missionário em uma Europa secularizada apresenta desafios internos e externos consideráveis. A boa vontade não é suficiente.” “Olhando para trás com os olhos da fé, percebemos que através do lançamento do ‘Projeto Europa’ o Espírito estava preparando a Sociedade Salesiana para enfrentar a nova realidade da Europa, de modo a poder ser mais consciente de nossos recursos e também dos desafios, e com esperança para relançar o carisma salesiano no Continente.”
Oremos para que nas regiões da Basilicata e da Calábria a presença salesiana seja inspirada pelo Espírito para o bem dos jovens mais necessitados.

Marco Fulgaro