A educação feminina com São Francisco de Sales
O pensamento educativo de São Francisco de Sales revela uma visão profunda e inovadora do papel da mulher na Igreja e na sociedade de seu tempo. Convencido de que a formação das mulheres era fundamental para o crescimento moral e espiritual de toda a comunidade, o santo bispo de Genebra promoveu uma educação equilibrada, respeitosa da dignidade feminina, mas também atenta às fragilidades. Com um olhar paterno e realista, soube reconhecer e valorizar as qualidades das mulheres, encorajando-as a cultivar a virtude, a cultura e a devoção. Fundador da Ordem da Visitação com Joana de Chantal, defendeu vigorosamente a vocação feminina, mesmo contra críticas e preconceitos. Seu ensinamento continua a oferecer reflexões atuais sobre a educação, o amor e a liberdade na escolha da própria vida.
Por ocasião de sua viagem a Paris em 1619, Francisco de Sales encontrou Adrien Bourdoise, um padre reformador do clero, que o repreendeu por se ocupar demais das mulheres. O bispo teria respondido com calma que as mulheres eram metade da humanidade e que, formando boas cristãs, haveria bons jovens e, com bons jovens, bons padres. Aliás, São Jerônimo não lhes dedicou muito tempo e vários escritos? A leitura de suas cartas é recomendada por Francisco de Sales à senhora de Chantal, que encontrará nelas, entre outras coisas, numerosas indicações “para educar suas filhas”. Deduz-se que o papel das mulheres na educação justificava, aos seus olhos, o tempo e a solicitude que lhes dedicava.
Francisco de Sales e as mulheres de seu tempo
“É preciso ajudar o sexo feminino, desprezado”, disse certa vez o bispo de Genebra a Jean-François de Blonay. Para compreender as preocupações e o pensamento de Francisco de Sales, convém situá-lo em sua época. É preciso dizer que algumas de suas afirmações ainda parecem muito ligadas à mentalidade corrente. Nas mulheres de sua época, ele lamentava “essa ternura feminina consigo mesmas”, a facilidade “em se compadecer e desejar ser compadecidas”, uma maior propensão do que os homens “a dar crédito aos sonhos, a ter medo dos espíritos e a ser crédulas e supersticiosas” e, acima de tudo, as “contorções de seus pensamentos vaidosos”. Entre os conselhos dados à senhora de Chantal relativos à educação das filhas, escrevia sem hesitação: “Tire-lhes a vaidade da alma: ela nasce quase ao mesmo tempo que o sexo”.
No entanto, as mulheres são dotadas de grandes qualidades. Ele escreveu sobre a senhora de La Fléchère, que acabara de perder o marido: “Se eu tivesse apenas esta ovelha perfeita no meu rebanho, não me angustiaria por ser pastor desta diocese aflita. Depois da senhora de Chantal, não sei se alguma vez encontrei uma alma mais forte num corpo feminino, um espírito mais sensato e uma humildade mais sincera”. As mulheres não são de forma alguma as últimas na prática das virtudes: “Não vimos muitos grandes teólogos que disseram coisas maravilhosas sobre as virtudes, mas não as praticavam, enquanto, ao contrário, há tantas mulheres santas que não sabem falar de virtudes, mas sabem muito bem como praticá-las?”.
São as mulheres casadas as mais dignas de admiração: “Ó meu Deus! Como são agradáveis a Deus as virtudes de uma mulher casada; na verdade, elas devem ser fortes e excelentes para poderem permanecer nessa vocação!”. Na luta para preservar a castidade, ele acreditava que “as mulheres muitas vezes lutaram com mais coragem do que os homens”.
Fundador de uma congregação de mulheres junto com Joana de Chantal, ele manteve contato constante com as primeiras religiosas. Ao lado dos elogios, começaram a chover críticas. Empurrado para essas trincheiras, o fundador teve que se defender e defendê-las, não apenas como religiosas, mas também como mulheres. Em um documento que deveria servir de prefácio às Constituições das Visitandinas, encontramos a veia polêmica de que ele era capaz, dirigindo-se não mais contra os “hereges”, mas contra os “censores” maliciosos e ignorantes:
A presunção e a arrogância inoportuna de muitos filhos deste século, que criticam ostensivamente tudo o que não está de acordo com o seu espírito […], oferecem-me a oportunidade, ou melhor, obrigam-me a redigir esta Prefácio, minhas queridas Irmãs, para armar e defender a vossa santa vocação contra as pontas das suas línguas pestilentas; para que as almas boas e piedosas, que sem dúvida estão ligadas ao vosso amável e honrado Instituto, encontrem aqui como repelir as flechas lançadas pela temeridade desses censores bizarros e insolentes.
Prevendo talvez que tal preâmbulo corria o risco de prejudicar a causa, o fundador da Visitação escreveu uma segunda edição suavizada, com o objetivo de destacar a igualdade fundamental entre os sexos. Depois de citar o Gênesis, desta vez ele fez o seguinte comentário: “A mulher, portanto, não menos que o homem, tem a graça de ter sido feita à imagem de Deus; igual honra em ambos os sexos; suas virtudes são iguais”.
A educação das filhas
O inimigo do amor verdadeiro é a “vaidade”. Este era o defeito que Francisco de Sales, assim como os moralistas e pedagogos de seu tempo, mais temia na educação das jovens. Ele destaca várias manifestações disso. Veja “estas moças da alta sociedade, que, tendo-se bem estabelecido, andam por aí cheias de orgulho e vaidade, com a cabeça erguida, os olhos abertos, ansiosas por serem notadas pelos mundanos”.
O bispo de Genebra diverte-se um pouco ao ridicularizar essas “moças da sociedade”, que “usam chapéus espalhados e empoados”, com a cabeça “ferrada como se fossem ferraduras de cavalo”, todas “empinadas e enfeitadas com flores como não se pode dizer” e “carregadas de enfeites”. Há aquelas que “usam vestidos apertados e muito incômodos, para parecerem magras”; eis uma verdadeira “loucura que, na maioria das vezes, as torna incapazes de fazer qualquer coisa”.
O que pensar, então, de certas belezas artificiais transformadas em “boutiques de vaidade”? Francisco de Sales prefere um “rosto limpo e puro”, deseja “que não haja nada afetado, porque tudo o que é embelezado desagrada”. É preciso, então, condenar todo “artifício”? Ele admite de bom grado que “no caso de algum defeito da natureza, é preciso corrigi-lo de modo a ver a correção, mas despojado de todo artifício”.
E o perfume? perguntava-se o pregador falando de Madalena. “É uma coisa excelente – responde –, até quem está perfumado percebe algo de excelente”; acrescentando, como bom conhecedor, que “o almíscar da Espanha goza de grande estima no mundo”. No capítulo sobre a “decência das vestes”, ele permite que as jovens tenham roupas com vários ornamentos, “porque podem desejar livremente ser agradáveis a muitos, mas com o único objetivo de conquistar um jovem com vistas a um santo matrimônio”. Ele encerrava com esta observação indulgente: “O que vocês querem? É conveniente que as moças sejam um tanto graciosas”.
É oportuno acrescentar que a leitura da Bíblia o preparou para não ser severo diante da beleza feminina. No amante do Cântico dos Cânticos, ele admirava “a notável beleza de seu rosto semelhante a um buquê de flores”. Ele descreve Jacó que, ao encontrar Raquel junto ao poço, “derramava lágrimas de alegria ao ver uma virgem que lhe agradava e o encantava pela graça do rosto”. Ele também gostava de contar a história de Santa Brígida, nascida na Escócia, um país onde se admiram “as mais belas criaturas que se podem ver”; ela era “uma jovem extremamente atraente”, mas sua beleza era “natural”, indica o nosso autor.
O ideal de beleza salesiana chama-se “boa graça”, que designa não só “a perfeita harmonia das partes que tornam belo”, mas também a “graça dos movimentos, dos gestos e das ações, que é como a alma da vida e da beleza”, ou seja, a bondade do coração. A graça exige “simplicidade e modéstia”. Ora, a graça é uma perfeição que deriva do íntimo da pessoa. É a beleza unida à graça que faz de Rebeca o ideal feminino da Bíblia: ela era “tão bela e graciosa junto ao poço onde tirava água para dar de beber ao rebanho”, e sua “bondade familiar” a inspirava, além disso, a dar de beber não só aos servos de Abraão, mas também aos seus camelos.
Educação e preparação para a vida
Na época de São Francisco de Sales, as mulheres tinham poucas oportunidades de acesso aos estudos superiores. As meninas aprendiam o que ouviam de seus irmãos e, quando a família tinha condições, frequentavam um convento. A leitura era certamente mais frequente do que a escrita. Os colégios eram reservados aos meninos, portanto, aprender latim, a língua da cultura, era praticamente proibido para as meninas.
É preciso acreditar que Francisco de Sales não era contra que as mulheres se tornassem pessoas cultas, mas desde que não caíssem na pedanteria e na vaidade. Ele admirava Santa Catarina, que era “muito erudita, mas humilde em tanta ciência”. Entre as interlocutoras do bispo de Genebra, a senhora de La Fléchère havia estudado latim, italiano, espanhol e belas-artes, mas era uma exceção.
Para encontrar um lugar na vida, tanto no âmbito social quanto no religioso, em determinado momento as jovens frequentemente precisavam de uma ajuda especial. Georges Rolland relata que o bispo ocupou-se pessoalmente de vários casos difíceis. Uma mulher de Genebra, com três filhas, foi generosamente assistida pelo bispo, “com dinheiro e créditos”; “colocou uma das filhas como aprendiz junto a uma senhora honesta da cidade, pagando-lhe a pensão durante seis anos, em grãos e dinheiro”. Ele também doou 500 florins para o casamento da filha de um impressor de Genebra.
A intolerância religiosa da época às vezes provocava dramas, aos quais Francisco de Sales tentava remediar. Marie-Judith Gilbert, educada em Paris pelos pais nos “erros de Calvino”, descobriu aos dezenove anos o livro da Filoteia, que ousava ler apenas em segredo. Ela simpatizou com o autor, de quem tinha ouvido falar. Vigiada de perto pelo pai e pela mãe, conseguiu ser levada de carruagem, recebeu instrução na religião católica e entrou para as irmãs da Visitação.
O papel social das mulheres ainda era bastante limitado. Francisco de Sales não era totalmente contra a intervenção das mulheres na vida pública. Ele escreveu nestes termos, por exemplo, a uma mulher levada a intervir na esfera pública, a propósito e a desproposito:
O seu sexo e a sua vocação permitem-lhe reprimir o mal externo a si, mas apenas se isso for inspirado pelo bem e realizado com repreensões simples, humildes e caridosas para com os transgressores e avisando os superiores, na medida do possível.
Por outro lado, é significativo que uma contemporânea de Francisco de Sales, a senhorita de Gournay, uma das primeiras feministas ante litteram [antes da palavra], intelectual e autora de textos polêmicos como seu tratado A igualdade entre homens e mulheres e A queixa das mulheres, tenha manifestado grande admiração por ele. Ela se empenhou durante toda a sua vida em demonstrar essa igualdade, reunindo todos os testemunhos possíveis a esse respeito, sem esquecer o do “bom e santo bispo de Genebra”.
Educação para o amor
Francisco de Sales falou muito sobre o amor de Deus, mas também foi muito atento às manifestações do amor humano. Para ele, de fato, o amor é uno, mesmo que seu “objeto” seja diferente e desigual. Para explicar o amor de Deus, ele não soube fazer melhor do que partir do amor humano.
O amor nasce da contemplação do belo, e o belo se deixa perceber pelos sentidos, sobretudo pelos olhos. Estabelece-se um fenômeno interativo entre o olhar e a beleza: “Contemplar a beleza nos faz amá-la, e o amor nos faz contemplá-la”. O olfato reage da mesma maneira; de fato, “os perfumes exercem seu único poder de atração com sua doçura”.
Após a intervenção dos sentidos externos, intervêm os sentidos internos, a fantasia, a imaginação, que exaltam e transfiguram a realidade: “Em virtude desse movimento recíproco do amor para a visão e da visão para o amor, da mesma forma que o amor torna mais resplandecente a beleza da coisa amada, assim a visão da coisa amada torna o amor mais apaixonado e agradável”. Compreende-se então por que “aqueles que pintaram Cupido lhe vendaram os olhos, afirmando que o amor é cego”. A este ponto surge o amor-paixão: ele faz “buscar o diálogo, e o diálogo muitas vezes alimenta e aumenta o amor”; além disso, “deseja o segredo, e quando os apaixonados não têm nenhum segredo a dizer, às vezes se agradam em dizê-lo secretamente”; e, finalmente, induz a “proferir palavras que, certamente, seriam ridículas se não brotassem de um coração apaixonado”.
Ora, esse amor-paixão, que talvez se reduza apenas a “amorezinhos”, a “galanteios”, está exposto a várias vicissitudes, a tal ponto que leva o autor da Filoteia a intervir com uma série de considerações e advertências a respeito das “amizades frívolas que se estabelecem entre pessoas de sexos diferentes e sem intenção de casamento”. Muitas vezes, não passam de “abortos ou, melhor, aparências de amizade”.
Francisco de Sales também se expressou sobre o tema dos beijos, perguntando-se, por exemplo, com os antigos comentaristas, por que Raquel permitiu que Jacó a abraçasse. Ele explica que existem dois tipos de beijo: um mau e outro bom. Os beijos que os jovens trocam facilmente entre si e que no início não são maus, podem tornar-se maus devido à fragilidade humana. Mas o beijo também pode ser bom. Em determinados lugares, é exigido pelo costume. «O nosso Jacó abraça muito inocentemente a sua Raquel; Rachel aceita este beijo de cortesia por parte deste homem de bom caráter e rosto limpo». «Oh! – concluía Francisco de Sales – dai-me pessoas que tenham a inocência de Jacó e Raquel e eu permitirei que se beijem».
Na questão da dança e do baile, também em voga na época, o bispo de Genebra evitava mandamentos absolutos, como faziam os rigoristas da época, tanto católicos quanto protestantes, mostrando-se, no entanto, muito prudente. Chegaram mesmo a acusá-lo duramente de ter escrito que “as danças e os bailes, em si mesmos, são coisas indiferentes”. Tal como certos jogos, também eles se tornam perigosos quando se fica tão apegado a eles que não se consegue mais separar-se deles: o baile “deve ser feito por recreação e não por paixão; por pouco tempo e não até ficar cansado e atordoado”. O que é mais perigoso é o fato de que esses passatempos muitas vezes se tornam ocasiões que provocam “disputas, invejas, zombarias, namoricos”.
A escolha do modo de vida
Quando a filha cresce, chega “o dia em que será preciso falar com ela, refiro-me a uma palavra decisiva, aquela em que se diz às jovens que se quer casá-las”. Homem do seu tempo, Francisco de Sales compartilhava em grande medida a ideia de que os pais tinham uma tarefa importante na determinação da vocação dos filhos, tanto para o casamento quanto para a vida religiosa. “Normalmente não se escolhe o próprio príncipe ou bispo, o próprio pai ou a própria mãe, e muitas vezes nem mesmo o próprio marido”, constatava o autor da Filoteia. No entanto, ele afirma claramente que “as filhas não podem ser dadas em casamento enquanto elas disserem não”.
A prática corrente é bem explicada nesta passagem da Filoteia: “Para que um casamento se realize verdadeiramente, são necessárias três coisas em relação à jovem que se quer dar em casamento: em primeiro lugar, que lhe seja feita a proposta; em segundo lugar, que ela a aceite; em terceiro lugar, que ela consinta”. Como as moças se casavam muito jovens, não se pode admirar sua imaturidade afetiva. “As moças que se casam muito jovens amam realmente seus maridos, se os têm, mas não deixam de amar também os anéis, as joias, as amigas com quem se divertem muito brincando, dançando e fazendo loucuras”.
O problema da liberdade de escolha se colocava igualmente para as crianças que se destinavam à vida religiosa. Franceschetta [Francisquinha], filha da baronesa de Chantal, deveria ser colocada em um convento por sua mãe, que desejava vê-la religiosa, mas o bispo interveio: “Se Franceschetta deseja ser religiosa, muito bem; caso contrário, não aprovo que se antecipe sua vontade com decisões que não são suas”. Além disso, não seria conveniente que a leitura das cartas de São Jerônimo orientasse demais a mãe no caminho da severidade e da coação. Por isso, aconselhou-a a “usar moderação” e a proceder com “inspirações suaves”.
Algumas jovens hesitam diante da vida religiosa e do casamento, sem nunca chegar a se decidir. Francisco de Sales encorajou a futura senhora de Longecombe a dar o passo do casamento, que ele mesmo quis celebrar. Fez esta boa obra, dirá mais tarde o marido, à pergunta da esposa «que desejava casar-se pelas mãos do bispo e que, sem essa presença, nunca poderia dar esse passo, devido à grande aversão que nutria pelo casamento».
As mulheres e a «devoção»
Alheio a qualquer feminismo ante litteram, Francisco de Sales estava consciente da contribuição excepcional da feminilidade no plano espiritual. Foi observado que, ao favorecer a devoção nas mulheres, o autor da Filoteia favoreceu, ao mesmo tempo, a possibilidade de uma maior autonomia, uma “vida privada feminina”.
Não é de admirar que as mulheres tenham uma disposição especial para a “devoção”. Depois de enumerar um certo número de doutores e especialistas, ele pôde escrever no prefácio do Teótimo: “Mas para que se saiba que este tipo de escritos se redige melhor com a devoção dos apaixonados do que com a doutrina dos sábios, o Espírito Santo fez com que numerosas mulheres realizassem maravilhas a este respeito. Quem melhor manifestou as paixões celestiais do amor divino do que Santa Catarina de Gênova, Santa Ângela de Foligno, Santa Catarina de Sena e Santa Matilde?”. É conhecida a influência da Madre de Chantal na redação do Teótimo, e em particular do nono livro, “o seu nono livro do Amor de Deus”, segundo a expressão do autor.
As mulheres podiam se envolver em questões religiosas? “Eis, pois, esta mulher que se faz de teóloga”, diz Francisco de Sales, falando da Samaritana do Evangelho. É preciso necessariamente ver nisso uma desaprovação em relação às teólogas? Não é certo. Tanto mais que ele afirma com veemência: “Eu vos digo que uma mulher simples e pobre pode amar a Deus tanto quanto um doutor em teologia”. A superioridade nem sempre está onde se pensa.
Há mulheres superiores aos homens, a começar pela Santa Virgem. Francisco de Sales respeita sempre o princípio da ordem estabelecida pelas leis religiosas e civis de seu tempo, às quais prega a obediência, mas sua prática testemunha uma grande liberdade de espírito. Assim, para o governo dos mosteiros femininos, ele considerava que era melhor para elas estarem sob a jurisdição do bispo do que depender de seus irmãos religiosos, que corriam o risco de exercer uma influência excessiva sobre elas.
As visitandinas, por sua vez, não dependeriam de nenhuma ordem masculina e não teriam nenhum governo central, estando cada mosteiro sob a jurisdição do bispo local. Ele ousou qualificar com o título inesperado de “apóstolas” as irmãs da Visitação que partiam para uma nova fundação.
Se interpretarmos corretamente o pensamento do bispo de Genebra, a missão eclesial das mulheres consiste em anunciar não a palavra de Deus, mas “a glória de Deus” com a beleza do seu testemunho. Os céus, reza o salmista, narram a glória de Deus apenas com o seu esplendor. “A beleza do céu e do firmamento convida os homens a admirar a grandeza do Criador e a anunciar as suas maravilhas”; e “não é talvez uma maravilha maior ver uma alma adornada com muitas virtudes do que um céu constelado de estrelas?”.