26 Set 2025, Sex

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Um novo tempo nos é dado: do Coração de Deus ao coração da humanidade, no espelho do grande coração de Dom Bosco.


Caros amigos e leitores, nesta edição de dezembro, dirijo-me a vocês com os melhores votos de um novo ano! De um novo tempo que nos é dado viver com intensidade e com “novidade de vida”, e faço meu, como augúrio propício e oportuno, o dom que o Santo Padre nos deu nos últimos dias: a Carta Encíclica Dilexit Nos sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus Cristo.
Nós, salesianos, estamos acostumados a cantar: “Deus lhe deu um coração tão grande / como a areia do mar; / Deus lhe deu o seu espírito: / liberou o seu amor”.
O Papa Pio XI, que o conheceu bem, disse que Dom Bosco tinha uma “bela particularidade”: ele era “um grande amante das almas” e as via “nos pensamentos, no coração, no sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Afinal, no brasão de armas de nossa Congregação há um coração ardente.
O Papa Francisco se apresenta assim no n. 2 da Dilexit Nos: “Para exprimir o amor de Jesus Cristo, recorre-se frequentemente ao símbolo do coração. Há quem se interrogue se isto atualmente tenha um significado válido. Porém, é necessário recuperar a importância do coração quando nos assalta a tentação da superficialidade, de viver apressadamente sem saber bem para quê, de nos tornarmos consumistas insaciáveis e escravos na engrenagem de um mercado que não se interessa pelo sentido da nossa existência”.
Quão forte é essa indicação do nosso Papa para nos mostrar um novo modo de viver, em um novo tempo que nos é dado, o ano que está por vir.
No n. 21, o Papa Francisco escreve: “Este núcleo de cada ser humano, o seu centro mais íntimo, não é o núcleo da alma, mas da pessoa inteira na sua identidade única, que é alma e corpo. Tudo está unificado no coração, que pode ser a sede do amor com todas as suas componentes espirituais, psíquicas e também físicas. Em última análise, se aí reina o amor, a pessoa realiza a sua identidade de forma plena e luminosa, porque cada ser humano é criado, sobretudo, para o amor; é feito nas suas fibras mais profundas para amar e ser amado.”
E acrescenta no número 27 da mesma Carta Encíclica: “Perante o Coração de Jesus vivo e atual, o nosso intelecto, iluminado pelo Espírito, compreende as palavras de Jesus. Assim, a nossa vontade põe-se em ação para as praticar. Mas isso poderia permanecer como uma forma de moralismo autossuficiente. Ouvir, saborear e honrar o Senhor pertence ao coração. Só o coração é capaz de colocar as outras faculdades e paixões e toda a nossa pessoa numa atitude de reverência e obediência amorosa ao Senhor”.
Não vou me alongar mais, esperando tê-los estimulado para ler essa esplêndida Carta Encíclica, que não é apenas um grande dom para viver de modo novo o tempo que nos é dado, o que já seria suficiente; é também uma indicação profundamente “salesiana”.
Quanto Dom Bosco escreveu e trabalhou para difundir justamente a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, como amor divino que acompanha a nossa realidade humana.

Um impulso magnífico
Nas Memórias Biográficas (em língua portuguesa), no volume VIII, p. 274, encontramos o seguinte escrito, referindo-se a Dom Bosco: “A devoção ao Sagrado Coração, que ardia fortemente em seu coração, animava todas as suas obras, conferia eficácia às suas conversas familiares, às suas homilias e ao exercício do sagrado ministério, de maneira que todos ficavam encantados e persuadidos (diz o testemunho do P. Bonetti); além disso, parecia que o Sagrado Coração de Jesus cooperava também com dons sobrenaturais para o cumprimento de sua árdua missão”.
Esse testemunho da devoção de Dom Bosco ao Sagrado Coração é “plasticamente” identificado com a Basílica homônima construída por Dom Bosco em Roma a pedido do Papa da época.
O edifício material recorda e admoesta a todos nós a devoção “monumental” de Dom Bosco ao Sagrado Coração. Como para Nossa Senhora, assim também para o Sagrado Coração, a devoção de Dom Bosco se manifesta nas igrejas que ele construiu. Porque a devoção ao Sagrado Coração é a Eucaristia, a adoração eucarística.
O coração de Dom Bosco em constante amor para com a Eucaristia é um magnífico impulso pessoal para tornar isso vivo e verdadeiro no novo ano. Um desejo verdadeiro e profundo de que o Ano Novo seja vivido em sua plenitude. Como diz o canto: “Formaste homens / de coração sadio e forte: / os enviaste ao mundo para proclamar / o Evangelho da alegria”.

Gostaria de concluir esta breve mensagem, desejando a todos um Feliz Ano Novo, com a imagem que o Papa Francisco traz nas primeiras páginas da encíclica, referindo-se aos ensinamentos de sua avó sobre o significado do nome dos doces de carnaval, as “mentiras”… porque quando são assados, a massa incha e fica vazia… portanto, têm uma exterioridade que corresponde a um vazio interior; eles parecem ser por fora, mas não são, são “mentiras”.
Que o Ano Novo seja para todos nós pleno e rico de substância, concretizando-se na acolhida de Deus que vem para o meio de nós.
Que Sua vinda traga paz e verdade, que o que é visto por fora corresponda ao que há no interior!
Augúrios de coração a todos vocês!

By P. Stefano MARTOGLIO

Vigário do Reitor-Mor