Que presente, o tempo!
O início do novo ano, em nossa liturgia, é iluminado pela antiga bênção com a qual os sacerdotes israelitas abençoavam o povo: «O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti. O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz.» (Nm 6,24-26).
Queridos amigos e leitores do Boletim Salesiano, estamos no início de um novo ano, portanto, vamos expressar uns aos outros os melhores votos para o tempo que virá, para o tempo que se aproxima, presente que contém todo outro presente no qual se desenvolve a nossa vida.
Vamos, portanto, encher este desejo de conteúdos que o iluminem. Demos a palavra a Dom Bosco que, ao chegar ao seminário de Chieri, parou diante do relógio de sol que, ainda hoje, se destaca na parede do pátio, e contava: «Erguendo os olhos para um relógio de sol, li este verso: Afflictis lentae, celeres gaudentibus horae» [Para os tristes as horas são lentas, para os joviais são rápidas.] Eis, disse ao amigo, eis aí o nosso programa: vamos estar sempre alegres e o tempo passará depressa (Memórias Biográficas I, 300).
O primeiro augúrio que trocamos, para vivê-lo, é aquele que Dom Bosco nos lembra: viva bem, viva sereno e transmita serenidade a quem o cerca, o tempo terá outro valor! Cada momento do tempo é um tesouro; mas é um tesouro que passa rapidamente. Sempre Dom Bosco gostava de comentar: «Os três inimigos do homem são: a morte (que o surpreende); o tempo (que lhe foge), o demônio (que lhe estende seus laços)» (MBp V, 784).
«Lembre-se de que ser feliz não é ter um céu sem tempestades, uma estrada sem acidentes, trabalho sem esforço, relacionamentos sem decepções», recomenda um antigo augúrio. «Ser feliz não é apenas celebrar os sucessos, mas aprender lições com os fracassos. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. É agradecer a Deus todas as manhãs pelo milagre da vida».
Um sábio tinha em seu escritório um enorme relógio de pêndulo que a cada hora soava com solene lentidão, mas também com grande estrondo.
«Mas isso não o incomoda?» perguntou um estudante.
«Não» respondeu o sábio. «Porque assim, a cada hora, sou obrigado a me perguntar: o que fiz da hora que passou?».
O tempo é o único recurso não renovável. Consome-se a uma velocidade incrível. Sabemos que não teremos outra oportunidade. Portanto, todo o bem que podemos fazer, o amor, a bondade e a gentileza de que somos capazes devemos doar agora. Porque não voltaremos a esta terra outra vez. Com um permanente véu de remorso em nosso íntimo, sentimos que Alguém nos perguntará: «O que você fez com todo aquele tempo que eu lhe dei?»
Nossa esperança se chama Jesus
No novo tempo que acabamos de começar, as datas e os números de um calendário são sinais convencionais, são sinais e números inventados para medir o tempo. Na transição do ano velho para o novo ano, mudou muito pouco, e ainda assim a percepção de um ano que termina nos obriga a sempre fazer um balanço. Quanto amamos? Quanto perdemos? Quanto nos tornamos melhores, ou quanto nos tornamos piores? O tempo que passa nunca nos deixa iguais.
A liturgia, ao surgir do novo ano, tem um jeito todo seu de nos levar a fazer um balanço. Ela o faz através das palavras iniciais do evangelho de João; palavras que podem parecer difíceis, mas que na verdade refletem a profundidade da vida: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus. Ela existia no princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dela, e sem ela nada foi feito de tudo o que existe. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la” (Jo 1,1-5). No fundo de cada uma de nossas vidas ressoa uma Palavra maior do que nós. Ela é a razão pela qual existimos, pela qual o mundo existe, pela qual tudo existe. Esta Palavra, este Verbo, é Deus mesmo, é o Filho, é Jesus. O nome da razão pela qual fomos feitos se chama Jesus.
É Ele a verdadeira razão pela qual tudo existe, e é nele que podemos entender o que existe. Nossa vida não deve ser julgada comparando-a com a história, com seus eventos e sua mentalidade. Nossa vida não pode ser julgada, olhando para nós mesmos e para nossa única experiência. Nossa vida é compreensível apenas se for aproximada de Jesus. Nele tudo assume um sentido e um significado, mesmo do que de contraditório e injusto nos aconteceu. É olhando para Jesus que entendemos algo sobre nós mesmos. Um salmo diz bem quando afirma: “Na tua luz vemos a luz”.
Esta é a maneira de ver o Tempo segundo o Coração de Deus, e nós esperamos viver este novo tempo assim.
O novo ano trará a todos nós, à Família Salesiana, à Congregação, importantes eventos e novidades. Todos dentro do dom do Jubileu que na Igreja estamos vivendo.
Dentro do espírito do Jubileu, deixemo-nos levar pela Esperança que é a presença de Deus em nossa vida.
O primeiro mês deste novo ano, janeiro, é repleto de festas Salesianas que nos levam à Festa de Dom Bosco; agradeçamos a Deus por esta delicadeza com a qual nos concede começar o novo ano.
Deixemos, portanto, a última palavra a Dom Bosco e fixemos esta sua máxima, para que molde nosso ano de 2025: Filhinhos meus, conservem o tempo e o tempo os conservará por toda a eternidade (MB XVIII 482,864).