27 Dez 2025, Sáb

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Queridos irmãos,

uma saudação fraterna e cordial desde o “Sacro Cuore” de Roma.

Neste dia, 18 de dezembro, como em todos os anos, na memória da fundação da nossa Congregação em 1859, venho até vocês com este escrito que renova o espírito das origens, o espírito missionário que fez da Congregação o que ela é desde o início.

Neste ano, com emoção, dou voz ao coração da Congregação no 150° aniversário da primeira expedição missionária. A celebração desse aniversário marca o nosso coração e a nossa alma. Ela pede-nos para renovar o espírito missionário que sempre esteve no coração do carisma, para que, agradecendo a fidelidade de Deus, possa dar energia futura à evangelização e à Congregação.

A comemoração do 150° aniversário da primeira expedição missionária de Dom Bosco é um excelente dom para:

Agradecer, para reconhecer a graça de Deus.
O reconhecimento torna evidente a autoria de toda bela conquista. Sem gratidão, não há capacidade de aceitação. Sempre que deixamos de reconhecer um dom em nossa vida pessoal e institucional, corremos o sério risco de esvaziá-lo e “sequestrá-lo”.
Ao falar do espírito da missão, estamos no centro da vida do discípulo: algo infinitamente maior do que nós mesmos, que é a dinâmica fundante e original da Igreja, para cada geração.

Repensar, porque “nada é para sempre”.
A fidelidade também envolve a capacidade de mudar na obediência para uma visão que vem de Deus e da leitura dos “sinais dos tempos”. Nada é para sempre: de uma perspectiva pessoal e institucional, a verdadeira fidelidade é a capacidade de mudar, reconhecendo aquilo a que o Senhor nos chama todos os dias.
Repensar, então, torna-se um ato gerador, em que se unem fé e vida; um momento em que se pergunta: o que queres dizer-nos, Senhor, com esta pessoa, com esta situação à luz dos sinais dos tempos que, para serem lidos, exigem o próprio coração de Deus?

Relançar, recomeçar todos os dias.
A gratidão leva a olhar para o futuro e aceitar novos desafios, relançando as missões com esperança. A atividade missionária é levar a esperança de Cristo com a consciência lúcida e clara, ligada à fé, que faz com que se reconheça que o que eu vejo e experimento “não é coisa minha”, e me dá forças para seguir em frente, pessoal e institucionalmente.

Tudo isso requer a coragem de ser a gente mesmo, de reconhecer a própria identidade no dom de Deus e de investir as próprias energias numa responsabilidade específica. Conscientes do fato de que o que nos foi confiado não é nosso e temos a tarefa de transmiti-lo às próximas gerações.
Este é o coração de Deus, esta é a vida da Igreja.

O Santo Padre presenteou-nos recentemente com a Carta Encíclica “Dilexit nos” sobre o amor humano e divino do coração de Jesus Cristo. Esse presente do Papa Francisco ilumina o nosso coração missionário.
O Papa indica-nos a ação social e o mundo inteiro como o destino natural da autêntica devoção ao Sagrado Coração. No número 205 da Encíclica, ele diz o seguinte: «Que culto seria o de Cristo se nos contentássemos com uma relação individual desinteressada em ajudar os outros a sofrer menos e a viver melhor? Poderá agradar ao Coração que tanto amou se nos mantivermos numa experiência religiosa íntima, sem consequências fraternas e sociais?».

O Papa Francisco diz-nos claramente que aquele que tem intimidade com o coração do Senhor não pode deixar de ser dotado de espírito missionário que abrace o mundo inteiro, porque o seu coração se expandiu, se ampliou! Há uma relação direta: quanto mais habitarmos a intimidade do Coração de Cristo, mais seremos capazes de chegar às fronteiras da terra.

O coração de Cristo leva-me a estar atento às feridas no coração da humanidade.
Em uma palavra: o coração da missão é o coração de Deus.

Que força e que energia nos é transmitida pelo Santo Padre, neste ano que nos apresenta o 150° aniversário da primeira expedição missionária.

A história continua conosco. Hoje, Dom Bosco precisa de Salesianos que se coloquem à disposição como “simples instrumentos” para realizar o sonho missionário. Este é o meu apelo aos irmãos que sentem no fundo de seus corações o chamado de Deus, dentro da nossa vocação salesiana comum, para que se tornem disponíveis como missionários com um compromisso vitalício (ad vitam), onde quer que o Reitor-Mor os enviar.

No último apelo do P. Ángel, 48 salesianos inscreveram-se em dezembro de 2023, e 24 foram escolhidos como membros da 155a expedição missionária. Neste ano, que prepara o 150° aniversário da primeira expedição missionária, a minha oração e a minha esperança é que haja ainda mais.

O diálogo com o Conselheiro Geral para as Missões e a reflexão compartilhada no Conselho Geral, com base no projeto missionário apresentado ao Conselho (ACG 437, p. 68), permitem-me especificar as urgências identificadas para 2025, para onde eu gostaria que fosse enviado um número significativo de irmãos:
– Norte da África, África do Sul (AFM), África Ocidental Norte (AON), Moçambique;
– A nova presença que iniciaremos em Vanuatu;
– Albânia, Romênia, para o ‘Projeto Calábria-Basilicata’ (IME);
– Chile, Mongólia, Uruguai, e outras fronteiras e eventuais urgências.

Convido os Inspetores e, com eles, os Delegados Inspetoriais para a Animação Missionária, a serem os primeiros a ajudar os irmãos no seu discernimento, convidando-os, depois de um diálogo pessoal, a colocar- se à disposição do Reitor-Mor para responder às necessidades missionárias da Congregação. Em seguida, o Conselheiro Geral para as Missões continuará o discernimento que levará à escolha dos missionários e o envio da próxima 156a expedição missionária, a ser realizada em Valdocco no dia 11 de novembro de 2025.

O Senhor nos abençoe e Nossa Senhora nos acompanhe; um Santo Natal a todos e um Feliz Ano Novo em nome da Esperança, que é a presença de Deus.


Roma, 18 de dezembro de 2024

Sac. Stefano Martoglio
Vigário (ex. art. 143 cost. S.D.B.)
Prot. n. 24/0575

P. Stefano MARTOGLIO

Vigário do Reitor-Mor