Don Bosco International

Don Bosco International (DBI) é uma organização não governamental sediada em Bruxelas, que representa os Salesianos de Dom Bosco junto às instituições da União Europeia, com foco na defesa dos direitos das crianças, no desenvolvimento dos jovens e no ensino. Fundada em 2014, a DBI colabora com vários parceiros europeus para promover políticas sociais e educacionais inclusivas, prestando atenção aos sujeitos vulneráveis. A organização promove a participação juvenil na definição das políticas, valorizando a importância da educação informal. Através de atividades de networking e advocacy, a DBI visa criar sinergia com as instituições europeias, as organizações da sociedade civil e as redes salesianas em âmbito global. Seus valores são a solidariedade, a formação integral dos jovens e o diálogo intercultural. A DBI organiza seminários, conferências e projetos europeus voltados a garantir uma maior presença dos jovens nos processos de decisão, favorecendo um contexto inclusivo que os apoie no percurso de crescimento, autonomia e desenvolvimento espiritual, através de intercâmbios culturais e formativos. A secretária executiva, Sara Sechi, explica a atividade desta instituição.

A advocacy como ato de responsabilidade para e com os nossos jovens
            O Don Bosco International (DBI) é a organização que cuida da representação institucional dos Salesianos de Dom Bosco junto às instituições europeias e às organizações da sociedade civil que giram em torno delas. A missão da DBI é centrada na advocacy, que pode ser traduzida como “incidência política”, ou seja, todas aquelas ações que visam influenciar um processo decisiório-legislativo, no nosso caso, o europeu. O escritório da DBI está sediado em Bruxelas e fica junto da comunidade salesiana de Woluwe-Saint-Lambert (Inspetoria FRB). O trabalho na capital europeia é dinâmico e estimulante, mas é a proximidade da comunidade que nos permite manter vivo o carisma salesiano em nossa missão, evitando de ficarmos presos na chamada “bolha europeia”, aquele mundo de relações e dinâmicas ‘privilegiadas’ geralmente distantes das nossas realidades.
            A ação da DBI segue duas direções: por um lado, aproximar a missão educativo-pastoral salesiana das instituições através da partilha de boas práticas, demandas dos jovens, projetos e respetivos resultados, criando espaços de diálogo e participação para aqueles que tradicionalmente não os teriam; por outro lado, trazer a dimensão europeia para dentro da Congregação através do monitoramento e da informação sobre os processos em curso e as novas iniciativas, a facilitação de novos contatos com representantes institucionais, ONGs e organizações confessionais que possam dar vida a novas colaborações.
            Uma pergunta muito frequente é como a DBI consegue haver, concretamente, uma incidência política. Nas ações de advocacy é fundamental o trabalho em rede com outras organizações ou entidades que compartilham os mesmos princípios, valores e objetivos. A tal propósito, a DBI garante uma presença ativa em alianças, formais e informais, de ONGs ou entidades confessionais que trabalham juntos em temáticas caras à missão de Dom Bosco: a luta contra a pobreza e a inclusão social, a defesa dos direitos dos jovens, sobretudo aqueles em situação de vulnerabilidade, e o desenvolvimento humano integral. Todas as vezes que uma delegação salesiana visita Bruxelas, facilitamos para ela os encontros com os Membros do Parlamento Europeu, os funcionários da Comissão, os corpos diplomáticos, incluindo a Nunciatura Apostólica junto à União Europeia, e outras entidades de interesse. Muitas vezes conseguimos nos encontrar com os grupos de jovens e de estudantes das escolas salesianas que visitam a cidade, organizando para eles um momento de diálogo com outras organizações juvenis.
            A DBI é um serviço que a Congregação oferece para dar visibilidade às suas próprias obras e para levar aos fóruns institucionais a voz de quem, de outra forma, não seria ouvido. A Congregação Salesiana tem um potencial de advocacy não plenamente explorado. Sua presença em 137 países cuidando dos jovens em risco de pobreza e exclusão social representa uma rede educativa e social com a qual poucas organizações podem contar; no entanto, ainda se tem dificuldade em apresentar estrategicamente os bons resultados às instâncias de decisão, onde se delineiam políticas e investimentos, sobretudo em âmbito internacional. Por esta razão, garantir um diálogo constante com as instituições representa, ao mesmo tempo, uma oportunidade e um ato de responsabilidade. Uma oportunidade porque, a longo prazo, a visibilidade facilita contatos, novas parcerias, financiamentos para os projetos e a sustentabilidade das obras. Uma responsabilidade porque, não podendo ficar em silêncio diante das dificuldades enfrentadas pelos nossos e pelas nossas jovens no mundo de hoje, a incidência política é o testemunho ativo daquele compromisso cívico que muitas vezes procuramos gerar nos jovens.
            Garantindo direitos e dignidade para os jovens, Dom Bosco foi o primeiro ator de incidência política da Congregação, por exemplo através da assinatura do primeiro contrato italiano de aprendizagem. A advocacy representa um elemento intrínseco da missão salesiana. Aos Salesianos não faltam a experiência, nem as histórias de sucesso, nem as alternativas concretas e inovadoras para enfrentar os desafios atuais, mas muitas vezes falta uma coesão que permita um trabalho em rede coordenado e uma comunicação clara e compartilhada. Dando voz aos testemunhos autênticos dos jovens podemos transformar os desafios em oportunidades, criando um impacto duradouro na sociedade que dê esperança para o futuro.

Sara Sechi
Don Bosco International – DBI, Bruxelas

Sara Sechi, Secretária Executiva da DBI, está em Bruxelas há dois anos e meio. É filha da geração Erasmus+ que, juntamente com outros programas europeus, lhe garantiu experiências de vida e de formação que de outra forma lhe seriam negadas. É muito grata a Dom Bosco e à Congregação Salesiana, onde encontrou meritocracia, crescimento e uma segunda família. E nós lhe desejamos um bom e profícuo trabalho pela causa dos jovens.




A presença salesiana na Etiópia e Eritreia

A missão salesiana na Etiópia e Eritreia começou em 1975, quando os três primeiros salesianos – P. Patrick Morrin, da Irlanda, P. José Reza, dos Estados Unidos, e P. César Bullo, da Itália – chegaram a Mekele, Tigré, na Etiópia. Sob a liderança da Inspetoria do Oriente Médio (MOR), eles atenderam ao chamado da Congregação para explorar novas fronteiras. Mais tarde, em 1982, outros missionários da Inspetoria Ítalo-lombardo-emiliana (ILE) chegaram a Dilla como parte do Projeto África. A presença salesiana na Eritreia começou em Dekemhare em 1995. Em 1998, as comunidades das duas inspetorias se uniram para formar a Visitadoria “Mariam Kidane Meheret” [Nossa Senhora da Misericórdia] (AET).

Em outubro de 2025, celebraremos nosso Jubileu de Ouro, marcando 50 anos de presença salesiana. Será um momento para agradecer e louvar o Senhor, lembrando e expressando gratidão àqueles que tornaram o carisma salesiano uma realidade para os jovens da Etiópia e da Eritreia. Um agradecimento especial a todos os missionários e benfeitores: que Deus os abençoe abundantemente.

Quando Deus quer abençoar seu povo, ele usa outras pessoas. Quando quis abençoar todas as nações, chamou Abraão: “Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me obedeceste” (Gênesis 22,18). Quando quis libertar seu povo da escravidão, ele chamou Moisés (Êxodo 3). Quando quis lembrar seu povo de seu amor, chamou os profetas. E, em nosso tempo, Deus falou por meio de seu Filho: “Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo. (Hebreus 1,1-2). Seu amor foi revelado a nós por meio da encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade: o Verbo de Deus se fez carne (cf. João 1,14) para nos mostrar o quanto Ele nos ama: “De fato Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3,16).

Quando Deus quis abençoar os jovens etíopes e eritreus por meio do carisma salesiano, inspirou o falecido bispo da Eparquia de Adigrat, Sua Excelência Abune Hailemariam Kahsay. Ele pediu que os salesianos fossem à sua eparquia para oferecer educação integral aos jovens. Quando dizemos “sim” ao Senhor e colaboramos com Ele para abençoar Seu povo, devemos ser consistentes, perseverantes e comprometidos em entender Seu plano e tempo, além de fazer nossa própria contribuição.

Como a resposta dos salesianos demorou a chegar, o bispo Hailemariam pediu a três de seus sacerdotes que estudavam na Itália que se tornassem salesianos, iniciando assim a presença salesiana na Etiópia. Um desses sacerdotes, Abba Sebhatleab Worku, depois de se tornar salesiano e enquanto ensinava filosofia no Líbano durante sua formação inicial, foi nomeado bispo da eparquia de Adigrat, sucedendo a Abune Hailemariam Kahsay. Como diz a Palavra de Deus: “Em verdade, em verdade, vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto” (João 12,24). O fruto não veio enquanto Abune Hailemariam estava vivo, mas a semente que ele plantou deu frutos após sua morte. Abba Sebhatleab Worku fez sua profissão perpétua antes de ser consagrado bispo e pôde receber os primeiros salesianos em 17 de outubro de 1975, em Mekele. Desde então, a presença salesiana se espalhou em várias partes da Etiópia – Adigrat, Aduá, Shire, Dilla, Sodo, Adami Tullu, Zway, Debre Zeit, Adis Abeba, Gambela – e na Eritreia – Dekemhare, Asmara e Barentu.

Atualmente, nossas presenças são dezesseis: treze comunidades na Etiópia e três na Eritreia. Na Etiópia, administramos seis institutos técnicos, oito escolas primárias, cinco escolas secundárias, treze oratórios/centros juvenis, um lar para menores em situação de risco, cinco paróquias e três aspirantados, além de casas de formação para noviços e pós-noviços.

Geograficamente, a Etiópia está localizada na África Oriental, no Chifre da África, fazendo fronteira com o Quênia, a Somália, o Djibuti, a Eritreia, o Sudão e o Sudão do Sul. É um dos países mais antigos, às vezes chamado de Reino de Axum. Historicamente, apesar do progresso, a falta de continuidade e os conflitos recorrentes levaram à destruição das conquistas do passado e a repetidas tentativas de começar de novo, em vez de construir sobre as bases existentes. Isso contribuiu para manter a Etiópia entre os países menos desenvolvidos.

Em cinquenta anos de presença salesiana, assistimos a três guerras sangrentas. De 1974 a 1991 – um período de dezessete anos – houve uma guerra civil para derrubar o ditador e estabelecer um governo democrático. De 1998 a 2000, uma guerra de dois anos foi travada sob o pretexto de um conflito fronteiriço com a Eritreia. Em 2020, eclodiu um conflito entre o governo federal e seus aliados e a região de Tigré; embora aparentemente tenha terminado em 2022 com o Acordo de Pretória, a guerra continuou entre o governo federal e a região de Amhara e ainda está em andamento. Além disso, os conflitos que começaram anos atrás na região de Oromia – uma das maiores regiões da Etiópia – continuam a persistir.

A guerra consome imensos recursos humanos e materiais, destrói a infraestrutura e as relações humanas e prejudica os investimentos e o turismo. Testemunhamos esses efeitos em nossos próprios países e em muitas partes do mundo.

Como salesianos, acreditamos que a única saída para os conflitos, as guerras, a pobreza e a falta de paz é a educação. Apesar das guerras e dos conflitos, continuamos a oferecer educação aos jovens pobres, ajudando-os a construir seu futuro e a viver em harmonia. Ao praticar o sistema preventivo salesiano – estar presente entre os jovens, mostrar interesse em suas vidas, estar pronto para ouvir e dialogar com eles, transmitir valores religiosos, ser razoáveis e sempre agir com amor – facilitamos sua educação.

Durante nossa jornada de 50 anos, enfrentamos desafios políticos (falta de estabilidade e guerras), bem como dificuldades sociais e econômicas. Hoje, os principais desafios são a instabilidade política e os recursos, tanto humanos (vocações) quanto financeiros. Seguindo as diretrizes dos Capítulos Gerais, nosso objetivo é trabalhar em conjunto com os leigos; embora tenhamos feito progressos, ainda há um longo caminho a percorrer. A colaboração com a Família Salesiana é outro desafio. Somos profundamente gratos às Inspetorias que contribuíram para a fundação e o crescimento da presença salesiana na Etiópia e na Eritreia.

Ainda estamos em uma situação de emergência por causa da guerra e da instabilidade em curso, com muitas pessoas deslocadas internamente em campos e escolas – muitas escolas do governo não oferecem educação aos alunos – em Tigré. Nossas escolas recebem alunos entre os deslocados internos e essas famílias ainda precisam de alimentação diária. Intervimos quando podemos, com a ajuda da rede Dom Bosco e de outros benfeitores. Os alunos dependem totalmente de nós para todos os materiais escolares.

No que diz respeito à nossa vida religiosa, temos de lidar com a falta de guias de formação preparados. Embora as vocações continuem a surgir, nossa capacidade de cuidar delas – especialmente considerando os tempos em que estamos vivendo – exige pessoal mais qualificado.

Há 104 salesianos na Etiópia e na Eritreia, incluindo os que estão em formação inicial. A maioria são vocações locais que já estão em posições de responsabilidade, mostrando que uma base sólida foi estabelecida. A Visitadoria (AET) está se concentrando em três prioridades principais: a identidade religiosa carismática salesiana, a pastoral juvenil envolvendo os leigos e a autossustentabilidade.

Esperamos que, gradualmente, aprendamos com nossa história e nos esforcemos para viver juntos em harmonia, de modo que a missão possa progredir sem obstáculos no atendimento aos jovens necessitados. Dessa forma, pretendemos fazer uma contribuição significativa para a educação e o crescimento dos jovens, formando bons cristãos e honestos cidadãos.

Juntamente com nossos benfeitores e todos os nossos colaboradores, nos comprometemos a continuar caminhando com os jovens, trabalhando por uma sociedade melhor e uma Igreja mais santa!

P. Hailemariam MEDHIN, sdb
Superior da Visitadoria – AET




“Quero ser útil ao meu povo”. Lições de vida na África missionária

Em 1995, há 28 anos, deixei minha amada Argentina rumo à África missionária com o mesmo ideal de Zeferino Namuncurá: tornar-me salesiano e sacerdote “útil ao meu povo” na minha amada África.
E aqui estou eu, sentado sob uma nobre árvore africana de 100 anos, com uma temperatura de 36 graus e 70% de umidade, refletindo sobre minha vida missionária. Daqui, contemplo a bela floresta tropical pintada em mil tons de verde infinito, transbordando de vida, cheia de mistérios e mil perguntas à espera de resposta. Um verdadeiro mural multicolorido como minha vida missionária: desenhada em mil cores, pintada em diferentes tons e matizes, abençoada por desafios e recompensas, por projetos e sonhos, por pinceladas de luz para sombrear os tons mais escuros e difíceis da missão.

Os primeiros passos
Meus primeiros passos na África foram de descoberta e reverência. Eu disse a mim mesmo: “A África é rica!” e, como um adolescente, me apaixonei por ela à primeira vista… Eu me apaixonei pela diversidade de suas paisagens e geografia exuberante, sua fauna e flora, seus mares e selvas, suas imensas savanas e desertos. Ela é rica em recursos naturais: ouro, diamantes, petróleo, urânio, madeira, agricultura e pesca. Percebi imediatamente que a África não é pobre, mas é muito mal administrada. Eu me apaixonei por suas culturas, idiomas, cores, aromas e sabores. Fui cativado por seus ritmos, sua música, a vibração de seus tímpanos, o som de seus instrumentos musicais, suas canções e danças cheias de vida. E, acima de tudo, me apaixonei por seu povo e seus jovens, porque essa é certamente sua maior riqueza: suas crianças, seus jovens que representam o presente e o futuro do continente da esperança.

Tentação missionária
Quando se é jovem, inexperiente, e se chega à terra da missão com mil expectativas e um coração cheio de sonhos, a primeira tentação é pensar que se vem para “salvar”, que se é um “enviado”, chamado para “mudar o mundo”, “transformar”, “ensinar”, “evangelizar”, “curar”. É lá que sua terra prometida lhe ensina o valor da humildade. E seu povo lhe ensina que, para ser um missionário, você deve se tornar tão pequeno quanto uma criança, deve nascer de novo: deve aprender a falar novos idiomas, a entender novos e diferentes costumes, a mudar estilos de vida, maneiras de pensar e sentir. Na missão, você aprende a ficar calado, a receber correções, a aceitar humilhações e a sofrer choques culturais. O verdadeiro missionário desaprende para aprender de novo, até chegar à mais bela descoberta: é o seu povo que “educa” você, “evangeliza” você, “transforma” você, “cura” você. Eles se tornam seu “Kairós”, seu “tempo de Deus”, são o “lugar teológico” onde Deus se manifesta a você e, finalmente, o “salva”.

Lições africanas
Desde o hemisfério sul, a África tem muito a ensinar ao Ocidente e ao Norte, cristãos e “desenvolvidos”. Aqui estão algumas lições que aprendi na África.

A primeira lição é “Ubuntu”: “Eu sou, porque nós somos”
Os africanos adoram a família, a comunidade, o trabalho e as comemorações em conjunto. São profundamente generosos e atenciosos, sempre prontos a dar uma mão a quem precisa. Eles sabem que o individualista morre no isolamento. A sabedoria africana confirma isso: “Se você andar sozinho, vai mais rápido, mas se andar em grupo, vai mais longe”. “São necessárias três pedras para manter a panela no fogo”. “A árvore que está sozinha murcha; a árvore que está na floresta vive”. “É preciso uma aldeia inteira para criar uma criança”. E na mesma linha: “É preciso uma aldeia inteira para matar um cão raivoso”. Se dois elefantes brigam, é a grama que perde”. A vida fraterna e a comunidade mantêm a família, o clã e a tribo vivos.

A segunda é o respeito pela vida e pelos mais velhos
Um filho ou uma filha é sempre uma bênção do céu, uma alegria para toda a família e mãos para trabalhar a terra e fazer a colheita. A vida é um presente de Deus. É por isso que se diz que “onde há vida, há esperança” e que “proteger a semente protege a colheita”. E como a expectativa de vida é baixa, os idosos são valorizados, amados e “cuidados”. Aqui não há asilos ou casas de repouso para idosos. Os avós são o patrimônio da aldeia. As crianças se sentam ao redor dos mais velhos para ouvir as histórias e a sabedoria dos ancestrais. É por isso que dizemos aqui que “quando um ancião morre, é como queimar uma biblioteca” e “se você esquecer seus anciãos, esquecerá sua sombra”.

A terceira é sobre sofrimento e a resiliência
A sabedoria africana diz que “a dor é um hospedeiro silencioso” e afirma que “por meio do sofrimento se adquire sabedoria”. É por isso que se diz que “a paciência é o remédio para toda dor”. Eles transformam obstáculos em oportunidades. Não têm medo de sacrifícios ou da morte. Para eles, perder uma colheita, um bem material, um ente querido, é uma oportunidade de começar de novo, de criar algo novo. Eles sabem que nada é alcançado sem esforço e sacrifício; que a única maneira de ter sucesso é entrar pela porta estreita e abençoam a Deus que dá e tira ao mesmo tempo.

Uma quarta lição diz respeito à espiritualidade e à oração
Os africanos são “espirituais” por natureza. Eles estão dispostos a dar a vida por aquilo em que acreditam. Deus é onipresente em suas vidas, em sua história, em seus discursos e em suas celebrações. Toda atividade começa com uma oração e termina com uma oração. É por isso que seus provérbios dizem: “Quando você orar, mova seus pés”, “não olhe para Deus somente quando estiver com problemas” e “onde há oração, há esperança”. Se a pessoa não orar, a vida se torna insípida e estéril. Eles oram como se “tudo dependesse de Deus, sabendo que, no final, tudo depende deles”, como diria um grande santo africano.

Em minha vida missionária, eu sou a missão
Em três décadas, construímos escolas e centros de treinamento profissional, construímos igrejas e santuários, capelas e centros comunitários, fizemos intervenções de emergência durante as guerras civis em Serra Leoa e na Libéria, abrimos lares para crianças-soldados, ajudamos órfãos do Ebola, cuidamos de crianças de rua ou de meninas na prostituição. Mas essas atividades não são identificadas com a missão. Os frutos da atividade missionária são medidos em termos de transformação de vida. E, nesse sentido, confesso que já vi milagres: vi crianças-soldados reconstruírem suas vidas, vi crianças de rua se tornarem advogadas na universidade, vi-as sorrir novamente e voltarem para a escola, vi meninas na prostituição voltarem para suas famílias, aprenderem um ofício e recomeçarem.

Como diz o Papa Francisco, “nós não temos uma missão ou fazemos uma missão”. Nós somos a missão. Eu sou a missão. Minha missão é ser o “sacramento do amor de Deus” para os mais vulneráveis. Isto é, que eles, por meio de minhas mãos, meus olhos, meus ouvidos, minhas pernas, meu coração, possam experimentar que Deus os ama loucamente, que lhes dá vida, por meio de minha vida dada a eles. Isso é o que significa para mim ser um missionário salesiano. É por isso que sou missão quando me ajoelho diante da Eucaristia pedindo a salvação deles; sou missão quando estou no pátio ou em casa acompanhando as crianças, sou missão quando viajo para as áreas mais distantes e perigosas, sou missão quando celebro a Eucaristia, ouço confissões ou batizo. Estou em missão quando me sento para ler ou estudar pensando neles. Estou em missão quando elaboro um plano estratégico com meus irmãos e irmãs ou escrevo um projeto para melhorar a qualidade de vida do meu povo. Estou em missão quando construo uma escola ou uma capela. Estou em missão quando compartilho minha vida com você que está lendo isto.

Todos nós somos missionários por vocação
Caros amigos, por meio do batismo, todos somos chamados a ser missionários, a ser missão. Não precisamos ir para a África para sermos missionários. O chamado missionário é um chamado interior para deixar tudo, para dar tudo onde Deus nos plantou. Não para dar coisas, mas para “dar a mim mesmo”, para “compartilhar” meu tempo, meus talentos, minha fé, meu profissionalismo, meu amor, meu serviço com os mais vulneráveis. Se ouvirem esse chamado, não adiem a resposta. A caridade de Cristo e a urgência do Reino estão chamando vocês.

dom Jorge Mario CRISAFULLI, sdb, Inspetor África Níger Níger




Ásia Sul. Dom Bosco entre os jovens

Vejamos o que significa hoje viver a missão de Dom Bosco em relação aos jovens, especialmente aqueles que são pobres em recursos na Ásia Sul.

O Senhor disse claramente a Dom Bosco que ele deveria dirigir sua missão, antes de tudo, aos jovens, especialmente aos mais pobres. Essa missão para com os jovens, especialmente os mais pobres, tornou-se a razão da existência da Congregação Salesiana.

Como nosso pai Dom Bosco, todo salesiano diz a Deus no dia de sua profissão religiosa: “Ofereço-me totalmente a Vós,         comprometendo-me a dar todas as minhas forças       àqueles a quem me enviardes, especialmente aos jovens mais pobres”. Todo colaborador salesiano está comprometido com essa mesma missão.

O último Capítulo Geral da Congregação renovou o pedido de dar prioridade absoluta aos mais pobres, abandonados e indefesos.

Quando me foi oferecida a oportunidade de escrever um artigo para o Boletim Salesiano, meus pensamentos imediatamente se voltaram para o que considero ser uma das maiores intervenções em favor dos jovens mais pobres na Região da Ásia Sul da Congregação Salesiana, ou seja, a preparação dos jovens pobres para o emprego por meio de treinamento profissional de curto prazo. Após o 28º Capítulo Geral, a Região da Ásia Sul fez a opção de ajudar os jovens a eliminar a pobreza de suas famílias. Mas antes de falar sobre isso, deixe-me apresentar a Região Ásia Sul da Congregação Salesiana.

A Região Ásia Sul compreende todas as obras salesianas na Índia, Sri Lanka, Bangladesh, Nepal, Kuwait e Emirados Árabes Unidos. São 11 Inspetorias e uma Visitadoria. Com mais de 3.000 salesianos professos, a Região da Ásia Meridional representa 21,5% dos salesianos do mundo; estes trabalham em 413 casas religiosas salesianas, o que equivale a 23,8% das casas salesianas da Congregação. A idade média dos irmãos é de 45 anos. É providencial que tantos salesianos trabalhem na região que tem a maior população de jovens e de jovens pobres do mundo.

A Família Salesiana na Região inclui, além dos Salesianos, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora (1789), a Associação dos Salesianos Cooperadores (3652), a Confederação Mundial dos Ex-Alunos (34091), o Instituto Secular das Voluntárias de Dom Bosco (15), as Irmãs Missionárias de Maria Auxiliadora (915), a Associação de Maria Auxiliadora (905), as Irmãs Catequistas de Maria Imaculada Auxiliadora (748), as Discípulas – Instituto Secular Dom Bosco (317), as Irmãs de Maria Auxiliadora (102) e as Irmãs da Visitação de Dom Bosco (109).

As obras dos Salesianos, em colaboração com outros membros da Família Salesiana e outros religiosos e leigos, atingem mais de 21.170.893 beneficiários. Uma variedade de obras (educação técnica formal e não formal, obras para jovens em risco [YaR, youth at risk], escolas, educação superior, paróquias, centros juvenis, oratórios, trabalho social etc.) são destinadas a servir aos beneficiários. Os outros membros da Família Salesiana têm obras independentes que atingem muitos outros.

O mundo, sob a liderança das Nações Unidas, estabeleceu o objetivo de “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares” como o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. As obras salesianas atingem essas metas de muitas maneiras, mas um trabalho proeminente entre elas é o treinamento de habilidades de curto prazo oferecido aos jovens pobres, que são então ajudados a encontrar emprego e ganhar a vida para serem os principais atores que tiram suas famílias da pobreza.

A Conferência Inspetorial Salesiana da Ásia Sul (SPCSA) criou a Don Bosco Tech (DBTech) como um veículo para coordenar os esforços de todas as Inspetorias salesianas nessa área de trabalho. Fundada em 2006, o modelo DBTech e seu nome foram imitados em outras partes do mundo. Nos últimos anos, a rede (DBTech Índia) treinou mais de 440.000 jovens. O trabalho é realizado por meio de várias instituições salesianas, bem como por meio de uma ampla rede de colaboração com outras congregações diocesanas e religiosas e um grande grupo de colaboradores leigos altamente motivados, comprometidos em trabalhar para a seção mais pobre da juventude.

Embora os resultados alcançados ao longo dos anos em favor dos jovens mais pobres tenham sido ótimos, gostaria de enfatizar os resultados para 2022-2023, a fim de valorizar o trabalho de todos os salesianos e seus colaboradores para levar adiante o sonho de Dom Bosco de nos dedicarmos aos jovens, especialmente aos mais pobres.

Escolhi apresentar-lhes este trabalho em particular porque ele alcançou o maior e melhor resultado para as famílias mais pobres.

Aqui temos uma rede com 26.243 alunos treinados em um ano! Pouquíssimas instituições de grande porte no mundo podem se gabar de ter tantos alunos formados (20.121) em um ano. Mesmo entre elas, é raro que tantos formandos venham dos segmentos mais pobres da sociedade.

Desses, cerca de 18.370 encontraram emprego ao final de seu treinamento profissional (cerca de 70% dos formados).

Todos esses alunos receberam treinamento e colocação no mercado de trabalho de forma totalmente gratuita. Isso foi alcançado graças à generosa contribuição de benfeitores e parceiros de Responsabilidade Social Corporativa (CSR). A DBTech tem mais de 30 parceiros de financiamento, incluindo empresas, fundações e governo.

A preferência dos salesianos pelos jovens mais pobres é evidenciada pelo fato de que quase todos os tirocinantes (98%) vêm dos “setores economicamente mais fracos” da sociedade.

É ainda mais importante observar que 10.987 (55%) dos 20.121 alunos que já se formaram (os outros estão em treinamento, aguardando a conclusão de seus cursos) vêm de famílias com renda anual inferior a 100.000 rúpias, ou cerca de 1.111 euros por ano (calculados a uma taxa de câmbio de 1 euro = 90 rúpias). Essa é uma renda familiar de menos de 100 euros por mês. Isso significa que as famílias vivem com menos de 3 euros por dia. Estamos falando de famílias e não de indivíduos!

Renda familiar anual Renda familiar diária aproximada Total de jovens formados % dos jovens formados
Abaixo de 1 Lakh / Abaixo de 1.111 Euros Abaixo de  3 Euros 10.987 55%
1-3 Lakh Abaixo de 3-9 Euros 8144 40%
3-5 Lakh Abaixo de 9-15 Euros 469 2%
5-7 Lakh Abaixo de 15-21 Euros 161 1%
7 Lakh e mais 21 euros e mais 360 2%
Total geral   20.121 (+ 6.302 em aula)  
Observação: 1 euro = 90 rúpias

Após a educação gratuita, esses jovens pobres agora ganham uma média 10.000 rúpias por mês, o que fez com que sua renda anual pessoal fosse maior do que a renda familiar anual de suas famílias.

No contexto da necessidade de intervenções transformadoras baseadas em resultados, a Família Salesiana da Ásia Sul, com o papel principal desempenhado pelos jovens que são qualificados e empregados, está realmente formando “cidadãos honestos”. Os jovens que foram treinados e colocados no mercado de trabalho estão hoje contribuindo para a construção da nação. A renda anual gerada por esses alunos empregados após o treinamento gratuito é de cerca de 2.204.400.000 rúpias, o que equivale a cerca de 24.493.333 euros por ano.

A duração do treinamento varia de acordo com as áreas de intervenção. Os cursos de treinamento são oferecidos em vários setores: Agricultura e afins; Vestuário, maquiagem e mobília doméstica; Automóvel; Bancos e finanças; Beleza e bem-estar; Bens de capital; Construção; Eletrônica e hardware de TI; Processamento de alimentos; Móveis e acessórios; Empregos verdes; Artesanato e tapetes; Saúde; TI-ITES; Logística; Mídia e entretenimento; Administração de escritórios; Encanamento; Energia; Varejo; Turismo e hospitalidade e outros.

Deve-se notar também que, nos países em desenvolvimento, onde as meninas e as mulheres são mais fracas e indefesas, os serviços oferecidos pelos salesianos estão mais a serviço das mulheres: mais de 53% dos formandos que concluíram o curso são mulheres.

As histórias dos jovens que transformaram suas vidas, aproveitando as oportunidades oferecidas pelas obras salesianas, são muito importantes na narrativa do cuidado salesiano com os mais pobres.

Os salesianos receberam, de fato, o apoio de muitas pessoas generosas, fundações, empresas e governos para transformar tantos jovens desfavorecidos em cidadãos íntegros e produtivos. Somos verdadeiramente gratos a todos eles. Deus também abençoou a região com o crescimento das vocações salesianas.

Para obter mais informações, pode-se visitar o site da DBTech Índia, https://dbtech.in.

Esse trabalho, como nos diria Dom Bosco, é “nossa maior satisfação”! Dirige-se aos mais pobres. Envolve uma colaboração em larga escala entre entidades religiosas e seculares. É um grande exemplo de colaboração entre leigos. Dirige-se a todos os jovens: 72% dos jovens beneficiários pertencem à religião hindu, que é a religião mais numerosa na região da Ásia Sul.

Nas Memórias Biográficas, lemos as palavras de Dom Bosco: “Tentem sempre se ater às crianças pobres do povo. Não falhem em seu objetivo principal e deixem que sua sociedade sempre o tenha em vista: não aspirem a coisas maiores. […] Se educarem os pobres, se forem pobres, se não fizerem alarde, ninguém terá inveja de vocês, ninguém os procurará, eles os deixarão em paz e vocês farão o bem.” (MB IX, 566).

Apresentamos também alguns jovens que mudaram suas vidas depois do encontro com o carisma de Dom Bosco.

Adna Javaid

As lutas de Adna Javaid começaram em uma idade jovem. Ela cresceu na pobreza. Nasceu em Bemina, uma região no coração de Srinagar, a capital de verão de Jammu e Caxemira, na Índia. O pai de Adna, Javaid Ahmad Bhat, era um comerciante que mal conseguia sustentar a família. Ela abandonou a escola depois de concluir a 12ª série e ficou em casa por alguns anos. Ela queria perseguir seus sonhos, mas não conseguia encontrar uma maneira de realizá-los.
Apesar das circunstâncias difíceis, ela começou a escrever peças de teatro e a apresentá-las em pequenos locais de sua região. No entanto, seus primeiros esforços não foram bem-sucedidos e ela enfrentou uma rejeição depois da outra. Em 2021, Adna encenou sua primeira peça, “Sei que sou uma menina”, em sua comunidade. A peça foi mal recebida e Adna perdeu todas as suas economias. No entanto, ela continuou a ter fé e, aos poucos, construiu seu futuro.
Durante a mobilização do Don Bosco Tech em Srinagar, perto de sua localidade, Adna viu a equipe do Don Bosco Tech e conversou com eles sobre seus problemas. A equipe a convenceu a participar do treinamento e lhe garantiu assistência no emprego; então ela decidiu entrar para o CRM Domestic Voice Domain.

A descoberta de Adna veio em 2021, quando ela percebeu que estava mais perto de seus sonhos após o treinamento no Don Bosco Tech Training Centre em Srinagar. 
Desde então, Adna se tornou uma das figuras mais influentes e bem-sucedidas do setor de terceirização de processos de negócios. Apesar de enfrentar obstáculos e contratempos significativos, ela perseverou, continuou a trabalhar duro e acreditou em si mesma e em sua visão.
Atualmente, ela trabalha como executiva de processos de atendimento ao cliente no Banco J&K, com o apoio da DigiTech, Call System Pvt. Ltd, com um salário mensal de 12.101 rúpias.
Adna agora está muito satisfeita com sua vida e também está ajudando muitas meninas a participar de treinamentos profissionais no Don Bosco Tech Training Centre, Rajbagh, Srinagar.

Peesara Niharika

Peesara Niharika vem de uma localidade rural distante do centro Don Bosco Tech, em Karunapuram. Ela se formou com o apoio de seus pais, que são trabalhadores diaristas. Dificuldades e deficiências têm sido as palavras de ordem de sua vida desde muito cedo. Em um determinado momento de sua vida, chegou a abandonar a escola e sustentou seus pais financeiramente, trabalhando em uma fazenda com os moradores do lugar. Mas ela ansiava por buscar estudos superiores quando via seus colegas de classe indo para a universidade enquanto ela trabalhava no campo de arroz.
Um dia, enquanto procurava uma oportunidade de emprego, Niharika se deparou com a ala de mobilização em Karunapuram, organizada pela equipe do Don Bosco Tech Centre, e tomou a firme decisão de se inscrever no programa de treinamento profissional. Interessada em gestão de relacionamento com clientes, ela se inscreveu no programa CRM Domestic Non-Voice no Don Bosco Tech Centre, em Karunapuram.
Ela foi muito ativa e versátil durante o programa de treinamento, tentando se comunicar de forma eficaz com todos os participantes de seu grupo. Ela tem vários talentos, com habilidades como dançar, cantar e tocar, e espalha com entusiasmo a positividade ao seu redor. Graças às sessões de habilidades para a vida, ela conseguiu se livrar da timidez e do medo do palco.

Na época da entrevista, ela foi contratada pela Ratnadeep em Hyderabad para o cargo de Representante de Atendimento ao Cliente com um salário de 14.600 rúpias por mês, incluindo seguro. Agora ela pode cuidar de sua família e sustentar seus pais, que são extremamente gratos à Don Bosco Tech Society pela enorme transformação na vida de sua filha. Niharika afirma com veemência que sua jornada no centro Don Bosco Tech Karunapuram permanecerá uma lembrança feliz para o resto de sua vida.

Chanti V.

A diferença entre quem és e quem queres ser é o que fazes”.
Chanti vem de uma família de baixa renda em Vepagunta, Vishkapattanam. Depois de concluir o ensino médio, ele queria fazer um curso superior, mas não podia arcar com as despesas das mensalidades. Foi então que ele ficou sabendo do centro de treinamento Don Bosco Tech em Sabbavaram por meio de um amigo da vizinhança e de uma atividade de mobilização em seu vilarejo. Ele ficou sabendo pelos conselheiros que esse instituto oferece treinamento gratuito com certificações da National Skill Development Corporation.
Depois de se matricular no Don Bosco Tech, além do curso de comércio eletrônico, Chanti também aprendeu inglês falado e a usar um computador. Os instrutores ainda se lembram de que, em seu primeiro dia no Don Bosco Tech, notaram sua pouca habilidade de comunicação e seu conhecimento mínimo de informática. Em seu vilarejo, não havia um sistema educacional adequado nem instalações que lhe permitissem adquirir essas habilidades. Mas sua perseverança para consolidar o aprendizado de uma nova matéria e a necessidade de um emprego melhor convenceram os instrutores a colocá-lo no setor de comércio eletrônico.
Ele conseguiu um emprego na empresa Ecom Express como garoto de recados. Depois de perceber seu talento, a empresa lhe deu mais responsabilidades e agora ele ganha 20.000 rúpias por mês.

Ele e seus pais estão extremamente felizes com sua conquista. Ele é muito grato ao Instituto por ter feito dele o que ele é hoje. Ele agora se tornou um exemplo inspirador para os meninos de sua aldeia que estão lutando para encontrar um emprego decente. Ele informou muitos deles sobre a DB Tech, Sabbavaram, e muitos expressaram o desejo de se matricular no instituto.

Klerina N Arengh

Klerina N Arengh, de Meghalaya, concluiu seu 10º ano em 2009 como candidata particular. Então, ela ouviu falar da Don Bosco Tech Society, que oferece treinamento gratuito e colocações fora do estado. Ela ficou muito interessada e decidiu participar do treinamento.
Ela se inscreveu no curso Skill Meghalaya F&B Service Associate Batch-2 no centro Don Bosco Tech em Shillong. Todos os seus colegas de classe eram mais jovens do que ela, então a maioria deles a provocava e a chamava de mãe, mas ela os ignorava.
Ela era muito pontual, respeitosa e aprendia muito bem. Ela aprendia tudo mais rápido do que seus colegas de grupo. Durante os dois meses de treinamento, ela demonstrou disciplina e obteve excelentes resultados. Finalmente, depois de concluir o treinamento, a DB Tech ofereceu a ela um emprego no JW Marriott Sahar Mumbai, como Administradora, com um salário mensal de 15.000 rúpias.
Ela é muito grata à DBTech e à MSSDS Skill Meghalaya por lhe darem a oportunidade de ganhar a vida decentemente. Agora, com o salário, ela poderá sustentar financeiramente seus pais.

dom Biju Michael, SDB
Conselheiro Geral para a Ásia Sul




Presença salesiana no Caribe

Sob o sol do Caribe, em aldeias cheias de vida e alegria, Dom Bosco continua a ser uma resposta significativa para os jovens dessas terras.

Há mais de cem anos, a presença salesiana encontrou ambiente e clima fértil em alguns países do Caribe, que hoje, como no passado, confirmam sua importância na presença de seus jovens, em seu povo alegre, afetuoso e simples, em sua sensibilidade religiosa e em sua capacidade de acolhê-los: Cuba, Haiti, República Dominicana e Porto Rico ofereceram e continuam a oferecer um ambiente propício à missão salesiana e uma terra fértil para o carisma de Dom Bosco.

Os Salesianos, organizados em duas Inspetorias, a das Antilhas e a do Haiti, junto com muitos outros membros da Família Salesiana, concretizam hoje essa presença. Eles são fruto da generosidade e da paixão de grandes missionários, com boa vontade, grandes sonhos, confiança na Providência e compromisso com a educação e a evangelização dos jovens; assim se consolidou a presença de Dom Bosco. Houve também fatos históricos naturais ou sociais que motivaram as decisões que levaram à sua atual conformação.

Um pouco de história

Embora o primeiro pedido de salesianos para as Índias Ocidentais date de 1896, o primeiro país a receber uma presença salesiana foi Cuba, em 1916, seguida pela República Dominicana, em 1933, depois pelo Haiti, em 1936, e finalmente Porto Rico, em 1947.

Dolores Betancourt, natural de Camagüey, havia assinado um acordo particular em Turim com o padre Paulo Álbera a respeito de uma fundação em sua cidade natal. Os primeiros salesianos chegaram a Cuba em 4 de abril de 1917 para abrir uma obra em Camagüey.

O padre José Calasanz (1872-1936), originário de Azanuy, na Espanha, salesiano desde 1890, foi enviado como missionário para promover fundações em Cuba, Peru e Bolívia. Em 1917, os primeiros salesianos entraram em Cuba, junto com o padre Estêvão Capra e dois coadjutores (os senhores Ullivarri e Celaya). Em 1917, os salesianos foram encarregados da igreja dedicada a Nossa Senhora da Caridade em uma área rural de Camagüey, de onde coordenaram a primeira escola de artes e ofícios.

Haiti, Cap-Haïtien

As comunidades salesianas começaram a crescer e a se consolidar em Cuba, primeiro compartilhando a propriedade canônica com a Inspetoria Salesiana de Tarragona, na Espanha. Em 1924, passou para a Inspetoria do México e, três anos depois, devido à perseguição religiosa sofrida no México, a sede da Província foi transferida para Havana, Cuba.

O Padre Pittini desempenhou as funções de Provincial na parte leste dos Estados Unidos e lá recebeu instruções do Superior Geral, Padre Pedro Ricaldone, para se mudar para Santo Domingo, a fim de examinar a possibilidade de a Congregação se estabelecer na República Dominicana.

Em 16 de agosto de 1933, o Padre Pittini chegou ao porto de São Pedro de Macorís. Em fevereiro de 1934, o Padre Pittini assumiu o papel de Superior dos Salesianos que acabavam de chegar à República Dominicana; ele supervisionou o trabalho da escola em construção e conheceu os dominicanos. Em 11 de outubro de 1935, o Papa Pio XI o nomeou Arcebispo de Santo Domingo.

Haiti, Pétion-Ville

Os salesianos chegaram ao Haiti em 1936. O Reitor-Mor encarregou o Padre Pedro Gimbert, ex-Inspetor de Lyon, de implantar o carisma salesiano no Haiti. Ele chegou em 27 de maio de 1936, acompanhado por um coadjutor salesiano, o Sr. Adriano Massa. Mais tarde, outros coirmãos chegaram para completar a comunidade.

Desde a sua fundação, o Haiti fez parte sucessivamente da Inspetoria Salesiana do México-Antilhas, com sede em Havana; mais tarde, passou a fazer parte da Inspetoria das Antilhas – junto com Cuba, República Dominicana e Porto Rico – com sede em Santo Domingo.

Haiti, Gressier

A fundação em Porto Rico se tornou realidade em 24 de abril de 1947, quando o padre Pedro M. Savani, ex-Inspetor do México-Antilhas, chegou para assumir a paróquia de São João Bosco em Santurce, na rua Lutz. A partir daí, ele começou a administrar um Oratório no que hoje é o terreno de Cantera, onde, em 1949, iniciou a construção da capela que mais tarde se tornaria a imponente Igreja-Santuário de Maria Auxiliadora.

A ereção canônica da Inspetoria das Antilhas ocorreu em 15 de setembro de 1953, durante o reitorado do P. Renato Ziggiotti, sob o patrocínio de São João Bosco, com sede em La Víbora (Havana, Cuba). Mais tarde, foi transferida para Compostela (Havana Velha). Após a Revolução Cubana, a sede provincial foi transferida para Santo Domingo, República Dominicana, no “Colégio Dom Bosco”, onde permaneceu até 1993, quando foi transferida para sua localização atual na Calle 30 de Marzo, 52, na cidade de Santo Domingo.

Desde janeiro de 1992, o Haiti é uma Visitadoria, com sede em Porto Príncipe.

Dom Bosco no Caribe hoje
A Inspetoria Salesiana das Antilhas é formada por três países da região do Caribe: Cuba, República Dominicana e Porto Rico. O Haiti forma uma Inspetoria separada. No total, há 169 salesianos de Dom Bosco nos quatro países: 15 em Cuba, 74 no Haiti, 67 na República Dominicana e 13 em Porto Rico.

As obras que as duas Inspetorias animam em 32 comunidades são: 41 centros educativos (dos quais pelo menos 20 são centros de formação técnica), 33 oratórios, 23 obras sociais, 8 casas de retiro-reunião, 1 centro de formação ambiental, 3 casas de formação, 4 centros de comunicação social – estúdios de gravação, 2 estações de rádio e 18 paróquias com 80 capelas e 44 casas de missão.

A Família Salesiana no Caribe tem uma grande vitalidade e é composta por vários grupos: Salesianos de Dom Bosco, Filhas de Maria Auxiliadora, Salesianos Cooperadores, Associação de Maria Auxiliadora, Ex-alunos (SDB-FMA), Filhas dos Sagrados Corações, Voluntárias de Dom Bosco, Damas Salesianas e Missionárias Paroquiais de Maria Auxiliadora (esta última, uma Pia União, aprovada pelo Arcebispo de Santo Domingo, Dom Otávio A. Beras; foi fundada pelo P. Andrés Nemeth, sdb, em 16 de junho de 1961; embora não faça parte da Família Salesiana, por causa de sua proximidade, participa de suas reuniões). As relações são cordiais, alguns projetos pastorais são compartilhados e as reuniões são frequentes.

Em um clima social e político muito particular, os quatro países estão experimentando uma migração em massa de seus jovens e de famílias inteiras, motivada pela fome, pela falta de alimentos e de trabalho, pela violência e pela busca de oportunidades mais bem remuneradas. Nessas circunstâncias, a presença salesiana continua muito comprometida com os processos de educação, formação profissional, cidadania e vida de fé. Há um sério compromisso com a defesa dos direitos à educação, à alimentação e a uma vida digna para crianças, adolescentes e jovens; os pátios são usados para acompanhar e incentivar atividades lúdicas e encontros que permitem fazer amigos. A música e a dança são expressões naturais que encontram nos oratórios salesianos o estímulo e o espaço para se expressarem em sua melhor forma. Seus pátios sempre foram lugares de encontro e refúgio, mesmo diante de eventos naturais que os atingiram.

Essa presença hoje é profética ao compartilhar com as pessoas as realidades sociais que cada país está vivendo, decidindo permanecer perto dos mais necessitados, encorajando a fé cotidiana, uma amizade simples que fala de Deus, cheia de esperança e conforto, com gestos fraternos de solidariedade e amor pelos mais vulneráveis, especialmente crianças e jovens.

Santo Domingo, La Plaza

P. Hugo OROZCO SÁNCHEZ, sdb
Conselheiro Regional para a Região Interamérica