Um centro de proteção para meninos de rua: em Lagos, Nigéria

Em Lagos, na Nigéria, em uma cidade superpovoada e em crescimento, onde mais de 40% da população são jovens com menos de 18 anos, os salesianos abriram uma casa para meninos de rua.

Lagos é um dos 36 estados da Nigéria federal. É praticamente uma cidade-estado, capital do país até 1991, quando Abuja foi oficialmente reconhecida como a nova capital, no centro do país. Com seus 16 milhões de habitantes, é a segunda área urbana mais populosa da África, depois do Cairo, e com sua área metropolitana de 21 milhões de habitantes, é uma das mais populosas do mundo. Além disso, está em constante crescimento, tanto que se tornou a primeira cidade da África e a sétima do mundo em termos de velocidade de crescimento populacional.
Com um clima muito quente, situada a apenas 6 graus ao norte da linha do Equador, está localizada no continente, abrindo-se para o Lago Lagoon e o Oceano Atlântico. Graças à sua localização, sempre foi uma cidade comercial, tanto que, embora a capital tenha sido transferida, continua sendo o centro comercial e econômico do estado e um dos portos mais importantes da África Ocidental.
Com 230 milhões de habitantes, a Nigéria é o país mais populoso da África e o sexto país mais populoso do mundo. A Nigéria tem a terceira maior população jovem do mundo, depois da Índia e da China, com mais de 90 milhões de habitantes com menos de 18 anos.
A situação da juventude nessa cidade é comparável à de Turim na época de Dom Bosco. Muitos jovens pobres da zona rural e urbana migram para a cidade de Lagos em busca de trabalho e de uma vida melhor, mas estão sujeitos à exploração, abandono, pobreza e privações. Correm o risco de permanecerem na rua, de sofrerem abusos, de serem vítimas do tráfico de pessoas, de entrarem em conflito com a lei ou de abusarem de drogas.

Os salesianos vieram em auxílio destes meninos e jovens, com uma Casa Dom Bosco, um centro de proteção para meninos de rua, aprovado pelo Ministério da Juventude e Desenvolvimento Social do Estado de Lagos, como uma casa de reabilitação para meninos vulneráveis. É uma casa dedicada a melhorar a vida dos meninos de rua, meninos vulneráveis, proporcionando-lhes um ambiente familiar alternativo, abrigo, educação, apoio emocional, proteção e aprimoramento das habilidades para a vida. O ponto de partida é a crença de que toda criança tem um potencial positivo e que os jovens representam o futuro do país. Se o ambiente for bom, se receberem uma boa educação e virem bons exemplos, eles também poderão crescer e se tornar uma esperança para os outros.

A Casa Dom Bosco inclui hóspedes residentes e não residentes.
Os meninos residentes são aqueles que moram na casa, frequentam a escola dentro da casa e participam de todas as atividades que os levarão a se tornarem pessoas melhores e a se reintegrarem às suas famílias e comunidades. Alguns dos programas realizados na casa, na área de aquisição de habilidades e capacitação, são alfaiataria, corte de cabelo, confecção de sapatos, enquanto na área de desenvolvimento de talentos são música, teatro, dança e coreografia. Os meninos também participam de várias atividades terapêuticas, esportivas e recreativas para promover seu desenvolvimento social e físico.

Em seu trabalho com esses meninos, os salesianos perceberam o potencial da música, especialmente na reabilitação das crianças mais novas. Ao ajudá-las a conhecer e usar instrumentos musicais, é possível aliviar o peso de suas experiências de vida, ajudando-as a superar vários traumas e também fortalecendo um bom relacionamento familiar entre elas. O mesmo acontece com a dança. As crianças são muito atraídas pela coreografia, querem tentar e não desanimam quando percebem que erraram, mas tentam novamente com perseverança até conseguirem, aprendendo com seus erros. A dança incentiva os meninos a experimentar e a encontrar caminhos diferentes para esquecer seus problemas.

Mas a Casa Dom Bosco não fecha suas portas para aqueles que não querem ficar. Os hóspedes não residentes são aqueles que vivem nas ruas e muitas vezes vêm em busca de abrigo temporário. A casa serve como um ponto de parada para que eles descansem, brinquem, tomem banho, troquem de roupa, recebam medicamentos e alimentos. Nessas ocasiões, também lhes são oferecidas atividades de acompanhamento: aconselhamento e reabilitação psicológica, localização e reintegração familiar, continuação da educação, aquisição de habilidades, cuidados médicos e de saúde complexos e colocação no mercado de trabalho.

Essa é uma ajuda valiosa, pois a maioria desses jovens tem entre 14 e 24 anos e muitos deles estão envolvidos em algum tipo de trabalho, o que lhes permite ganhar algo para cobrir suas despesas diárias com alimentação, roupas e outras necessidades. Boa parte deles trabalha no setor informal, ajudando em casamentos, em canteiros de obras, carregando cargas em estacionamentos de ônibus, vendendo sacos de água e bebidas na rua, fazendo os trabalhos mais humildes. E é bom ver isso, porque significa que querem ganhar a vida honestamente, mas nem sempre encontram alguém para ajudá-los.

Como se pode imaginar, as meninas não estão em uma situação melhor e isso representa um desafio para os salesianos: pensar também nelas de alguma forma. É também por isso que os salesianos pedem apoio para melhorar as habilidades de sua equipe e da administração em geral, e estão abertos a receber assistência para melhorar a qualidade do trabalho. Sozinhos, eles podem fazer pouco, mas junto com outros podem fazer muito.

P. Rafael AIROBOMAN, sdb
Diretor do Don Bosco Home Child Protection Centre, Lagos, Nigéria




A carga dos 101. Casa Salesiana Monterosa

“Que emoção… há um ano o Padre Ángel estava conosco!”.
Foi assim que começamos a festa da nossa Comunidade no domingo, 8 de maio de 2022. Há apenas um ano, o nosso Reitor-Mor esteve conosco em Turim, no Oratório Miguel Rua, para celebrar os 100 anos da Obra. E com ele estava também o prefeito da cidade!
Sim… 100 anos!

Era o verão de 1922 quando um grande grupo de jovens, a União dos Pais de Família e a Comissão das Patronesses, liderados pelo P. Lunati, inauguraram o Oratório Miguel Rua, com seus salões, igreja, pátio, creche dirigida pelas FMA e escola de costura. A construção foi possível graças à ajuda de muitos voluntários e também ao apoio de muitos benfeitores, o primeiro entre muitos, o Papa Bento XV, com sua generosa doação de 10.000 liras. Desde então, o trabalho nunca parou e se expandiu logo depois com o Teatro e, em 1949, com a Escola de Treinamento Industrial, a fim de preparar os jovens para o trabalho.
Em 1958, a Comunidade se tornou Paróquia, um justo reconhecimento pelo trabalho religioso e social que os Salesianos realizavam no Bairro Monterosa há quarenta anos; nos anos seguintes, a Escola Profissionalizante se tornou Escola Média.

Casa Salesiana de Monterosa, década de 1960. Fora da sala de jogos

Graças a várias contribuições, à vontade e ao sacrifício de jovens e voluntários, nos anos 70 chegou a Escola Infantil e, em 1991, o Ginásio e os novos campos de futebol. Em 2008, com a preciosa presença das FMA, foi acrescentada a Escola Primária e ampliado o grupo dos Amigos do Berço e da Oficina Mamãe Margarida. Tantos caminhos se abriram e garantiram que as crianças e os jovens do bairro encontrassem um lugar seguro e acolhedor, mesmo durante os momentos mais difíceis, começando com a guerra, o fascismo… até o fechamento devido à pandemia em 2020. E mesmo durante o confinamento, nossos Salesianos e FMA fizeram sentir sua presença com reuniões on-line, cantos nos telhados e jogos organizados em plataformas digitais.

Reler a história do nosso Oratório nos dá arrepios… um telheiro, o pátio e um galpão disponibilizados por um benfeitor num bairro popular, onde as crianças se reuniam pelas ruas à procura de alguém que cuidasse delas e as amasse. Pois foi justamente ali que os Salesianos decidiram estabelecer-se, para ficar aí naquela realidade tão próxima à de Dom Bosco. E ainda: o Centro Recreativo Mamãe Margarida, o número de crianças aumentando e o telheiro que se torna insuficiente, a disponibilidade de tantos pais e mães que oferecem suas habilidades e capacidades.

Casa Salesiana de Monterosa. Time de futebol de Bandina, 1952

Tudo começou em 1922 e, portanto, em 2022, comemoramos nossos primeiros 100 anos. Foi um ano precioso em muitos aspectos. Olhar para a história e ver quantas semelhanças existem entre o passado e nossa vida cotidiana nos deu um maravilhoso impulso de entusiasmo. Hoje, como naquela época, as crianças estão procurando por aqueles que possam amá-las, que com sua presença diária possam testemunhar a elas o quanto são importantes, o quanto são valiosas. E assim, no Miguel Rua, temos as escolas infantil, primária e secundária; temos o teatro e o Centro Poliesportivo; temos a creche em colaboração com os serviços sociais da cidade de Turim; temos o catecismo e os grupos formativos. Tanta coisa para os jovens e adolescentes, mas também tanta coisa com e para as famílias: Grupo Familiar, “Baby Rua”, Jovens Recém-Casados, Grupo Evergreen, Oficina Mamãe Margarida e Amigos do Miguel Rua.

Tal realidade funciona porque aqueles que passam por ela a experimentam como um lar, como sua comunidade. E é por isso que, por ocasião do Centenário, a Comunidade Educativo-Pastoral decidiu empreender um caminho sinodal, verificando o território e analisando as necessidades para tentar, juntos, dar respostas e oferecer propostas aos muitos jovens que hoje cruzam a soleira dos nossos pátios.

Um caminho, o do Centenário, que, com os pés firmemente plantados no presente e a história do passado clara em nossas mentes, nos questionou sobre o futuro. Identificamos as palavras-chave de nosso ser neste bairro e decidimos nos deixar guiar por: família, acolhimento, trabalho, formação, evangelização e juventude. Em torno dessas pedras angulares, lançamos as bases para recomeçar e colocar todos de volta no caminho certo para o bem dos jovens que entram pela porta do Oratório. No “novo” Miguel Rua há agora uma Oficina para alfaiataria, carpintaria, robótica e criação de vídeos, onde crianças e jovens podem ter uma experiência de oficina, a fim de aprenderem fazendo. Nas oficinas instaladas no primeiro andar, voluntários experientes oferecem seu tempo para ajudar as crianças a se expressarem, tentando trabalhar juntos em um pedaço de madeira, com o pirógrafo ou a serra, ou em um pedaço de tecido com agulha e linha. Mas isso não é tudo: há também salas de aula ao ar livre para nossas escolas e uma horta educacional que oferece feijão verde e tomate para as crianças que se revezam no cuidado de suas mudas.
Em um bairro multiétnico e diversificado como o nosso, a prioridade sempre foi as famílias mais pobres e, por isso, com a nossa paróquia, além dos serviços de caridade habituais para pagar as contas de gás ou oferecer uma sacola de compras, nasceram dois novos projetos importantes: o Amigo Clique, para oferecer ferramentas úteis àqueles que têm dificuldade de entrar no mundo digital, como criar um e-mail ou marcar um médico on-line, e o Amigo Fala, para que todos os recém-chegados possam conhecer e usar bem o idioma italiano.

E, com o impulso do Centenário, não paramos de reinventar o presente; estamos nos movendo para o futuro próximo. Estamos repensando como reestruturar as instalações da antiga cancha de bochas, que está em desuso há algum tempo, para ser uma presença cada vez mais ativa na área, atendendo às necessidades atuais. Gostaríamos de retomar a ideia de 1949 do “Treinamento Industrial” e estudar uma moderna Central de Trabalho para os jovens que não conseguem seguir percursos estruturados e contínuos; gostaríamos de estar presentes para todas as crianças que não conseguem se “encaixar” na escola, especialmente por causa dos efeitos deixados pelos períodos de confinamento, e assim criar um centro profissional pós-escolar que ofereça métodos de estudo, acompanhamento para as famílias e serviços individualizados. E, como queria Dom Bosco, estamos determinados a relançar todas as atividades relacionadas ao nosso Teatro: música, dança, declamação. Começaremos com a encenação de um novo musical que entusiasmará as crianças e revelará seus talentos.

Hoje, em nossos pátios, há mais de 100 crianças brincando todos os dias, temos mais de 500 crianças matriculadas em atividades esportivas e 200 em atividades formativas do Oratório. Temos os grupos de crianças do catecismo e pelo menos 50 crianças por semana que vêm para as atividades depois da escola. Temos mais de 520 crianças matriculadas em nossas escolas e 20 que frequentam nossa creche todos os dias. Quando nos reunimos para comer na Festa da Comunidade, preparamos mais de 500 pratos de polenta e ensopado… e depois muitos se matriculam nas Colônias de Férias, acampamentos de verão à beira-mar e nas montanhas.

Tudo isso é possível graças aos Salesianos e às Filhas de Maria Auxiliadora que estão incansavelmente presentes, cada um servindo com sua própria faceta e disponibilidade. Graças aos inúmeros animadores, voluntários que vivem em nossos pátios como se fossem suas próprias casas e nunca se ausentam para realizar os mais diversos serviços.

Casa Salesiana de Monterosa. Atividades com os meninos, 2023

Obrigado aos funcionários que acreditam em sua vocação e não cruzam a porta apenas para fazer seu trabalho. Obrigado às instituições locais que aconselham, sugerem e trabalham em rede. Obrigado aos muitos benfeitores que não deixam de apoiar as inúmeras despesas. Obrigado às famílias que continuam a acreditar na parceria educativa que pode ser criada entre adultos para o bem das crianças. Obrigado àqueles que nos deixaram, mas que continuam a apoiar-nos e a proteger nossas atividades.
Sobretudo, graças a Maria Auxiliadora, São Domingos Sávio, Dom Bosco e Madre Mazzarello que nos guiam, abençoam e enchem de graças.

Por ocasião do centenário, pedimos àqueles que passaram por aqui que nos contassem um pouco de suas vidas no Miguel Rua, e chegaram 100 histórias lindas, cheias de emoção e paixão. Pois bem, em todas elas há a lembrança de alguém, padre, freira, animador, catequista… que ofereceu um pedaço de sua vida para outros em nossa Obra. É por isso que o Miguel Rua é assim, uma presença viva no Distrito Barreira de Milão.

Voltando à primeira frase da nossa história, no domingo celebramos a festa da Comunidade no 101º aniversário da fundação da Obra e, como disse o nosso Inspetor, temos muito a comemorar novamente… e como o dálmata da história de Walt Disney, carregados e entusiasmado, partimos para a CARGA do 101!

Uma voluntária.




Salesianos em Tijuana. Uma casa na fronteira

A apenas 30 metros da fronteira com os Estados Unidos, uma casa salesiana no México oferece muitos serviços aos jovens, aos pobres e aos migrantes, na área de fronteira terrestre mais movimentada do mundo, em uma cidade cuja população triplicou nos últimos 30 anos, e em uma área mundialmente famosa pelo muro que separa o México dos Estados Unidos.

Os Salesianos chegaram à cidade de Tijuana, Baixa Califórnia (México), na festa de São José, em 19 de março de 1987.
Foi no final dos anos 80 que o então Inspetor olhou para a fronteira norte do México, enfatizando que a presença do Norte teria que representar “pulmões” para garantir ar purificado para a missão e a vida apostólica e religiosa da Inspetoria Salesiana.

Com esta intenção, e querendo responder às muitas necessidades da cidade, os Salesianos se comprometeram a encontrar espaços para construir oratórios na cidade. Em menos de uma década, foram construídos nove oratórios, onde os jovens encontraram um lar, um parque infantil, uma escola e uma igreja.
Com o passar do tempo, a atenção foi voltada para diferentes necessidades; seis residências de trabalho foram criadas em diferentes bairros da cidade, formando o
Projeto Salesiano Tijuana. Cada uma delas abriga várias instituições, dando origem a mais de dez frentes de trabalho.

A primeira das obras foi a Paróquia e o Oratório Maria Auxiliadora, situada na “Colônia Herrera”. Tanto a paróquia como o oratório cuidam de vários problemas na colônia. Estão sendo dados passos para um acordo com a OIM (Organização Internacional para as Migrações) para oferecer um centro comunitário de saúde com aconselhamento jurídico e psicológico e assistência médica. No território da Paróquia há uma casa de acolhida chamada “Pro amore DEI”, que proporciona várias atividades. Este Oratório de Maria Auxiliadora oferece oficinas de curta duração e flexíveis que oferecem várias oportunidades de aprendizado, tudo em benefício das famílias; estas oficinas são frequentadas por crianças e famílias em situações de vulnerabilidade. Algumas dessas oficinas são: oficina de alfaiataria, salão de beleza, oficina de futebol, oficina de zumba, oficina de violão e de informática, aconselhamento psicológico e treinamento para adultos ou jovens fora do ambiente escolar, em acordo com o INEA (Instituto Nacional de Educação de Adultos).

Outra presença, localizada no centro da cidade, é o Oratório São Francisco de Sales, localizado na colônia Castillo. Esta presença também abriga várias instituições, incluindo: uma das residências da comunidade religiosa, o Oratório, os escritórios da COMAR (Comissão Mexicana de Ajuda aos Refugiados) que, em colaboração com a ACNUR (Agência das Nações Unidas para Refugiados), presta serviços aos requerentes de asilo (carteiras de identidade, ofertas de emprego, apoio jurídico) e os escritórios do Projeto Salesiano Tijuana. Este é um conjunto de serviços para os mais desfavorecidos, ou seja, estrangeiros que vêm para a cidade em busca de refúgio, com consideração à sua dignidade e seus direitos. No oratório, as famílias da colônia são assistidas com oficinas flexíveis e ágeis, oferecendo um espaço para o crescimento (é uma colônia de trabalhadores que tem sofrido muito nos últimos anos com o tráfico de drogas e assassinatos devido a esta situação). Para o Projeto Salesiano Tijuana tem sido e continua sendo de grande importância estar aberto à criação de redes e convênios com várias instituições que fortalecem e promovem ajuda para jovens, migrantes e famílias em situações de vulnerabilidade.

O Oratório Domingo Sávio está localizado no coração da colônia “Sánchez Taboada”. Esta colônia é muito especial. De acordo com estatísticas recentes, o bairro Sánchez Taboada ocupa o primeiro lugar em violência na cidade. Neste bairro, 146 pessoas foram mortas em menos de cinco meses, tornando-a a colônia mais violenta; o maior número de assassinatos intencionais foi registrado aqui. É aqui que está localizada a nossa presença salesiana, desenvolvendo vários serviços: uma presença que quer acima de tudo levar esperança às famílias e oportunidades às crianças. A situação de violência, pobreza e a posição orográfica da casa salesiana exigem apoio financeiro constante para manter as instalações e encontrar o pessoal apropriado para fornecer os serviços educacionais. Entre as atividades atualmente oferecidas estão: oficinas de futebol, de violão, de vôlei, de regulamentação escolar para crianças e adolescentes, oficina de inglês e laboratório de informática. Neste oratório, como nas outras cinco presenças, a catequese sacramental, os serviços litúrgicos e celebrações são oferecidos na capela.

O Oratório San José Operário está localizado na parte leste da cidade, na colônia chamada “Ejido Matamoros”. Possui instalações esportivas que oferecem serviços a um grande número de jovens, crianças e adultos que vêm jogar futebol; no decorrer de uma semana, mais de mil usuários passam por este centro esportivo. Neste oratório, o Movimento Juvenil Salesiano também é muito ativo, especialmente para adolescentes e crianças, com o movimento Amigos de Domingos Sávio, acólitos e corais. A Capela do Oratório oferece serviços litúrgicos diários abertos à comunidade. A presença salesiana neste Oratório inclui também uma escola superior que, estando localizada em uma área de tão grande crescimento na cidade, pode continuar prestando um serviço educativo indispensável e, em perspectiva, deve crescer no número de alunos e na qualidade de seus serviços educativos.

O Oratório São João Bosco está situado na colônia Mariano Matamoros, em El Florido. É um oásis de paz na parte leste da cidade e nós o chamamos assim porque em 2022, também aí foram registrados 92 homicídios. Esta presença salesiana está localizada em uma área de assentamentos de famílias que trabalham na “indústria maquiladora”. Ali a obra salesiana desenvolveu uma presença ampla e complexa, composta por quatro instituições: a casa de acolhida Dom Bosco (uma casa para mulheres e crianças, em operação desde dezembro de 2021), a escola Dom Bosco (uma escola com 200 alunos, para meninos e meninas, cursando o ensino primário), o oratório – centro juvenil (acolhe crianças, grupos juvenis, atletas da liga de futebol e basquete, grupo de balé folclórico, oficinas), a capela São João Bosco (oferece serviços litúrgicos com grande afluência de famílias e crianças que frequentam a catequese). Juntas, estas instituições animam um centro de integração para a comunidade local, sendo um espaço para uma variedade de pessoas (migrantes, crianças, jovens, famílias) que oferece a oportunidade de atualizar a missão salesiana, respondendo às necessidades sociais. Para realizar estas instituições de grande obra social, os Salesianos trabalham através de acordos de colaboração com várias organizações civis e governamentais e criando convênios com agências das Nações Unidas (ACNUR, OIM, UNICEF); eles também trabalham com grande abertura e flexibilidade com outras instituições que fornecem apoio e assistência nas áreas de saúde e educação.

O Refeitório Salesiano é uma obra de assistência social que dá origem a duas instituições (um centro de café da manhã e um lar para homens migrantes), que, por sua vez, oferecem uma ampla gama de serviços aos beneficiários. Esta obra salesiana está localizada na região centro-norte da cidade de Tijuana. Seu início data de 1999, mas antes daquele ano alguns ‘tacos’ já eram oferecidos nos escritórios do projeto salesiano. Este serviço de alimentar os pobres e migrantes que vagueiam pela cidade se desenvolveu e evoluiu, e em 2007-2008 foi estabelecido com suas próprias instalações para esta atividade onde atualmente opera: aqui, a atenção é dada aos migrantes vulneráveis (deportados/retornados, estrangeiros do centro e sul do México), aos sem-teto, aos idosos, às famílias pobres ou extremamente pobres, e aos homens, mulheres e crianças famintos.

Entre a variedade de serviços oferecidos estão cafés da manhã (entre 900 e 1200 por dia), ligações telefônicas para o exterior (25 por dia), chuveiros (até 150 por dia, três vezes por semana), cortes de cabelo, entrega de alimentos a famílias pobres (3-5 por dia), oferta para trocar de roupa (até 150 por dia, três vezes por semana) assistência médica (40-60 por dia), aconselhamento legal (8-20 por dia) sobre questões de migração, assistência psicológica, apoio e suporte emocional, oficinas para a prevenção da violência contra as mulheres, oficinas (arte gráfica, mosaico bizantino, alebrijes e pinhatas, oficina de rádio, etc.), intercâmbio de trabalho formal e informal, e uma oficina de rádio), intercâmbio de trabalho formal e informal (8-20 por dia), vínculos com centros de reabilitação. As atividades do Refeitório e do abrigo são apoiadas com a ajuda de voluntários diários (locais, nacionais e internacionais) em várias formas ou períodos, desenvolvendo uma grande abertura à colaboração interinstitucional.

O compromisso salesiano neste grande Projeto Salesiano Tijuana é fundamental porque a cidade continua a crescer, continua sendo a cidade fronteiriça com o maior número de pessoas em situação de mobilidade e migração; falar de Tijuana como fronteira é falar da fronteira terrestre mais atravessada do mundo. Mais de 20 milhões de veículos passam e mais de 60 milhões de pessoas entram nos Estados Unidos através desta fronteira em um ano. A migração continua sendo uma questão de grande atualidade. Nesta cidade fronteiriça, com tantos migrantes, há problemas com o tráfico humano, envolvimento com o mundo da venda e consumo de drogas. A cidade de Tijuana continua oferecendo grandes oportunidades para a realização de sonhos, com uma ampla gama de empregos, mas também continua sendo uma cidade com um alto nível de criminalidade, uma das mais violentas do país.

Sem dúvida, migrantes, crianças, jovens e famílias buscam no Projeto Salesiano de Tijuana ajuda e esperança na construção de seu futuro. A missão salesiana em Tijuana continua a ser um lugar onde os sonhos de Dom Bosco e a realização do carisma da Família Salesiana podem se desenvolver.

Também é possível acompanhar a presença salesiana em Tijuana através de suas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram, Youtube.

Agostinho NOVOA LEYVA, sdb
diretor da Casa Salesiana de Tijuana, México

Explicações:
tacos: comida típica mexicana, parecida com uma panqueca de farinha de milho.
alebrijes: estátuas típicas da cultura mexicana, tipo animais coloridos (feitos de papel machê ou madeira).
pinhatas: uma espécie de “balão surpresa”, feita de papel com várias doces e brinquedos dentro; são “quebrados” pelas crianças, que estão vendadas, enquanto tentam fazê-lo.