Salesianos em Tijuana. Uma casa na fronteira

A apenas 30 metros da fronteira com os Estados Unidos, uma casa salesiana no México oferece muitos serviços aos jovens, aos pobres e aos migrantes, na área de fronteira terrestre mais movimentada do mundo, em uma cidade cuja população triplicou nos últimos 30 anos, e em uma área mundialmente famosa pelo muro que separa o México dos Estados Unidos.

Os Salesianos chegaram à cidade de Tijuana, Baixa Califórnia (México), na festa de São José, em 19 de março de 1987.
Foi no final dos anos 80 que o então Inspetor olhou para a fronteira norte do México, enfatizando que a presença do Norte teria que representar “pulmões” para garantir ar purificado para a missão e a vida apostólica e religiosa da Inspetoria Salesiana.

Com esta intenção, e querendo responder às muitas necessidades da cidade, os Salesianos se comprometeram a encontrar espaços para construir oratórios na cidade. Em menos de uma década, foram construídos nove oratórios, onde os jovens encontraram um lar, um parque infantil, uma escola e uma igreja.
Com o passar do tempo, a atenção foi voltada para diferentes necessidades; seis residências de trabalho foram criadas em diferentes bairros da cidade, formando o
Projeto Salesiano Tijuana. Cada uma delas abriga várias instituições, dando origem a mais de dez frentes de trabalho.

A primeira das obras foi a Paróquia e o Oratório Maria Auxiliadora, situada na “Colônia Herrera”. Tanto a paróquia como o oratório cuidam de vários problemas na colônia. Estão sendo dados passos para um acordo com a OIM (Organização Internacional para as Migrações) para oferecer um centro comunitário de saúde com aconselhamento jurídico e psicológico e assistência médica. No território da Paróquia há uma casa de acolhida chamada “Pro amore DEI”, que proporciona várias atividades. Este Oratório de Maria Auxiliadora oferece oficinas de curta duração e flexíveis que oferecem várias oportunidades de aprendizado, tudo em benefício das famílias; estas oficinas são frequentadas por crianças e famílias em situações de vulnerabilidade. Algumas dessas oficinas são: oficina de alfaiataria, salão de beleza, oficina de futebol, oficina de zumba, oficina de violão e de informática, aconselhamento psicológico e treinamento para adultos ou jovens fora do ambiente escolar, em acordo com o INEA (Instituto Nacional de Educação de Adultos).

Outra presença, localizada no centro da cidade, é o Oratório São Francisco de Sales, localizado na colônia Castillo. Esta presença também abriga várias instituições, incluindo: uma das residências da comunidade religiosa, o Oratório, os escritórios da COMAR (Comissão Mexicana de Ajuda aos Refugiados) que, em colaboração com a ACNUR (Agência das Nações Unidas para Refugiados), presta serviços aos requerentes de asilo (carteiras de identidade, ofertas de emprego, apoio jurídico) e os escritórios do Projeto Salesiano Tijuana. Este é um conjunto de serviços para os mais desfavorecidos, ou seja, estrangeiros que vêm para a cidade em busca de refúgio, com consideração à sua dignidade e seus direitos. No oratório, as famílias da colônia são assistidas com oficinas flexíveis e ágeis, oferecendo um espaço para o crescimento (é uma colônia de trabalhadores que tem sofrido muito nos últimos anos com o tráfico de drogas e assassinatos devido a esta situação). Para o Projeto Salesiano Tijuana tem sido e continua sendo de grande importância estar aberto à criação de redes e convênios com várias instituições que fortalecem e promovem ajuda para jovens, migrantes e famílias em situações de vulnerabilidade.

O Oratório Domingo Sávio está localizado no coração da colônia “Sánchez Taboada”. Esta colônia é muito especial. De acordo com estatísticas recentes, o bairro Sánchez Taboada ocupa o primeiro lugar em violência na cidade. Neste bairro, 146 pessoas foram mortas em menos de cinco meses, tornando-a a colônia mais violenta; o maior número de assassinatos intencionais foi registrado aqui. É aqui que está localizada a nossa presença salesiana, desenvolvendo vários serviços: uma presença que quer acima de tudo levar esperança às famílias e oportunidades às crianças. A situação de violência, pobreza e a posição orográfica da casa salesiana exigem apoio financeiro constante para manter as instalações e encontrar o pessoal apropriado para fornecer os serviços educacionais. Entre as atividades atualmente oferecidas estão: oficinas de futebol, de violão, de vôlei, de regulamentação escolar para crianças e adolescentes, oficina de inglês e laboratório de informática. Neste oratório, como nas outras cinco presenças, a catequese sacramental, os serviços litúrgicos e celebrações são oferecidos na capela.

O Oratório San José Operário está localizado na parte leste da cidade, na colônia chamada “Ejido Matamoros”. Possui instalações esportivas que oferecem serviços a um grande número de jovens, crianças e adultos que vêm jogar futebol; no decorrer de uma semana, mais de mil usuários passam por este centro esportivo. Neste oratório, o Movimento Juvenil Salesiano também é muito ativo, especialmente para adolescentes e crianças, com o movimento Amigos de Domingos Sávio, acólitos e corais. A Capela do Oratório oferece serviços litúrgicos diários abertos à comunidade. A presença salesiana neste Oratório inclui também uma escola superior que, estando localizada em uma área de tão grande crescimento na cidade, pode continuar prestando um serviço educativo indispensável e, em perspectiva, deve crescer no número de alunos e na qualidade de seus serviços educativos.

O Oratório São João Bosco está situado na colônia Mariano Matamoros, em El Florido. É um oásis de paz na parte leste da cidade e nós o chamamos assim porque em 2022, também aí foram registrados 92 homicídios. Esta presença salesiana está localizada em uma área de assentamentos de famílias que trabalham na “indústria maquiladora”. Ali a obra salesiana desenvolveu uma presença ampla e complexa, composta por quatro instituições: a casa de acolhida Dom Bosco (uma casa para mulheres e crianças, em operação desde dezembro de 2021), a escola Dom Bosco (uma escola com 200 alunos, para meninos e meninas, cursando o ensino primário), o oratório – centro juvenil (acolhe crianças, grupos juvenis, atletas da liga de futebol e basquete, grupo de balé folclórico, oficinas), a capela São João Bosco (oferece serviços litúrgicos com grande afluência de famílias e crianças que frequentam a catequese). Juntas, estas instituições animam um centro de integração para a comunidade local, sendo um espaço para uma variedade de pessoas (migrantes, crianças, jovens, famílias) que oferece a oportunidade de atualizar a missão salesiana, respondendo às necessidades sociais. Para realizar estas instituições de grande obra social, os Salesianos trabalham através de acordos de colaboração com várias organizações civis e governamentais e criando convênios com agências das Nações Unidas (ACNUR, OIM, UNICEF); eles também trabalham com grande abertura e flexibilidade com outras instituições que fornecem apoio e assistência nas áreas de saúde e educação.

O Refeitório Salesiano é uma obra de assistência social que dá origem a duas instituições (um centro de café da manhã e um lar para homens migrantes), que, por sua vez, oferecem uma ampla gama de serviços aos beneficiários. Esta obra salesiana está localizada na região centro-norte da cidade de Tijuana. Seu início data de 1999, mas antes daquele ano alguns ‘tacos’ já eram oferecidos nos escritórios do projeto salesiano. Este serviço de alimentar os pobres e migrantes que vagueiam pela cidade se desenvolveu e evoluiu, e em 2007-2008 foi estabelecido com suas próprias instalações para esta atividade onde atualmente opera: aqui, a atenção é dada aos migrantes vulneráveis (deportados/retornados, estrangeiros do centro e sul do México), aos sem-teto, aos idosos, às famílias pobres ou extremamente pobres, e aos homens, mulheres e crianças famintos.

Entre a variedade de serviços oferecidos estão cafés da manhã (entre 900 e 1200 por dia), ligações telefônicas para o exterior (25 por dia), chuveiros (até 150 por dia, três vezes por semana), cortes de cabelo, entrega de alimentos a famílias pobres (3-5 por dia), oferta para trocar de roupa (até 150 por dia, três vezes por semana) assistência médica (40-60 por dia), aconselhamento legal (8-20 por dia) sobre questões de migração, assistência psicológica, apoio e suporte emocional, oficinas para a prevenção da violência contra as mulheres, oficinas (arte gráfica, mosaico bizantino, alebrijes e pinhatas, oficina de rádio, etc.), intercâmbio de trabalho formal e informal, e uma oficina de rádio), intercâmbio de trabalho formal e informal (8-20 por dia), vínculos com centros de reabilitação. As atividades do Refeitório e do abrigo são apoiadas com a ajuda de voluntários diários (locais, nacionais e internacionais) em várias formas ou períodos, desenvolvendo uma grande abertura à colaboração interinstitucional.

O compromisso salesiano neste grande Projeto Salesiano Tijuana é fundamental porque a cidade continua a crescer, continua sendo a cidade fronteiriça com o maior número de pessoas em situação de mobilidade e migração; falar de Tijuana como fronteira é falar da fronteira terrestre mais atravessada do mundo. Mais de 20 milhões de veículos passam e mais de 60 milhões de pessoas entram nos Estados Unidos através desta fronteira em um ano. A migração continua sendo uma questão de grande atualidade. Nesta cidade fronteiriça, com tantos migrantes, há problemas com o tráfico humano, envolvimento com o mundo da venda e consumo de drogas. A cidade de Tijuana continua oferecendo grandes oportunidades para a realização de sonhos, com uma ampla gama de empregos, mas também continua sendo uma cidade com um alto nível de criminalidade, uma das mais violentas do país.

Sem dúvida, migrantes, crianças, jovens e famílias buscam no Projeto Salesiano de Tijuana ajuda e esperança na construção de seu futuro. A missão salesiana em Tijuana continua a ser um lugar onde os sonhos de Dom Bosco e a realização do carisma da Família Salesiana podem se desenvolver.

Também é possível acompanhar a presença salesiana em Tijuana através de suas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram, Youtube.

Agostinho NOVOA LEYVA, sdb
diretor da Casa Salesiana de Tijuana, México

Explicações:
tacos: comida típica mexicana, parecida com uma panqueca de farinha de milho.
alebrijes: estátuas típicas da cultura mexicana, tipo animais coloridos (feitos de papel machê ou madeira).
pinhatas: uma espécie de “balão surpresa”, feita de papel com várias doces e brinquedos dentro; são “quebrados” pelas crianças, que estão vendadas, enquanto tentam fazê-lo.




Descobrindo a vocação missionária

A experiência de Rodgers Chabala, um jovem missionário zambiano na Nigéria, a partir da redescoberta de Dom Bosco ao visitar seus lugares.

O jovem salesiano Rodgers Chabala faz parte da nova geração de missionários, segundo o paradigma renovado que vai além das fronteiras geográficas ou preceitos culturais: da Zâmbia foi enviado como missionário para a Nigéria. O curso missionário que ele viveu em setembro passado foi para ele um momento forte, sobretudo a atmosfera que respirava nos lugares de Dom Bosco: uma verdadeira experiência espiritual.

Dom Bosco começou seu trabalho com seus próprios rapazes, percebendo que ninguém estava cuidando das almas desses jovens piemonteses, que muitas vezes acabavam na prisão por roubo, contrabando ou outros crimes. Se esses jovens tivessem tido um amigo de confiança, alguém que os instruísse e lhes desse bom exemplo, eles não teriam chegado até lá; e assim Dom Bosco lhes foi enviado por Deus. Podemos dizer que tudo começou com o sonho dos nove anos, que Dom Bosco foi compreendendo com o tempo, graças ao auxílio de muitas pessoas que o ajudaram a discernir. Seu desejo pastoral de cuidar das almas dos jovens chegou ao mundo inteiro graças aos missionários salesianos, a começar por aquele grupo de onze enviados à Patagônia, Argentina, em 1875. Inicialmente, Dom Bosco não tinha a intenção clara de enviar missionários, mas Deus, com o tempo, purificou esse desejo e permitiu que o carisma salesiano se espalhasse por todos os cantos de nossa terra.

A vocação missionária salesiana é uma “vocação dentro de uma vocação”, um chamado à vida missionária dentro da própria vocação salesiana. Desde o início, Rodgers sentiu um forte desejo missionário, mas não foi fácil fazer os outros entenderem quais eram suas motivações. Na época de seu aspirantado, quando ainda não estava familiarizado com a vida salesiana, ficou muito impressionado com o testemunho de um missionário polonês e começou a refletir e a lutar consigo mesmo para decifrar as intenções de seu próprio coração. Quando o missionário perguntou “quem quer ser missionário?”, Rodgers não duvidou e iniciou o caminho do discernimento, a começar pela resposta do salesiano polonês de começar amando seu próprio país. Obviamente, muitos desafios começaram a surgir e não faltaram momentos de desânimo. Como ocorreu com Dom Bosco, para Rodgers a ajuda e a mediação de muitas pessoas foi essencial para distinguir a voz de Deus de outras influências e para purificar as próprias intenções. Deus fala através das pessoas; o discernimento não é apenas um processo individual, tem sempre uma dimensão comunitária.

Em setembro passado, Rodgers participou do curso de formação para novos missionários, que precede o envio oficial do Reitor-Mor. Chegando alguns dias depois dos outros, ele se encontrou novamente, depois de vários anos, com alguns de seus companheiros de noviciado e seu antigo diretor do estudantado de filosofia. Ele se juntou ao grupo e imediatamente notou uma atmosfera especial, rostos sorridentes e verdadeira alegria. As reflexões sobre interculturalidade e outros aprofundamentos fornecidos pelo Setor das Missões foram ferramentas úteis para preparar a partida missionária. Durante o curso, os participantes tiveram a oportunidade de visitar os lugares de Dom Bosco, primeiro no Colle Dom Bosco e depois em Valdocco. O Padre Alfred Maravilla, Conselheiro Geral das Missões, perguntou aos missionários recém-nomeados: “Que efeito essas visitas aos lugares santos de Dom Bosco têm em sua vida”. Quando se lê nos livros sobre a vida de Dom Bosco, podem surgir dúvidas e até ceticismo, mas ver esses lugares com os próprios olhos e respirar a atmosfera de Dom Bosco, refazendo sua história, é algo que dificilmente pode ser narrado. Além da memória histórica do que aconteceu com Dom Bosco, Domingos Sávio e Mamãe Margarida, esses lugares têm a capacidade de revigorar o carisma salesiano e de fazer refletir sobre a vocação de cada um. A simplicidade e o espírito de família de Dom Bosco mostram como a pobreza não é um obstáculo à santidade e à realização do Reino de Deus. Quando falamos de Dom Bosco, muitas vezes corremos o risco de omitir a parte mística, concentrando-nos apenas em atividades e obras. Dom Bosco era verdadeiramente um místico de espírito, que cultivava uma relação íntima com o Senhor; este é o ponto de partida para sua missão juvenil.

Assim chegamos ao dia 25 de setembro de 2022: O P. Ángel Fernández Artime, hoje Dom Bosco, preside a missa com os salesianos da 153ª expedição missionária SDB e das irmãs da 145ª expedição FMA, na Basílica de Maria Auxiliadora, em Valdocco. Rodgers lembra-se de ter-se encontrado, alguns dias antes, com seu novo superior da Inspetoria ANN (Nigéria-Níger), e de ter sentido o peso da responsabilidade pela escolha missionária que havia feito. Durante a missa, diz Rodgers, “recebi a cruz missionária e o desejo de ser missionário foi amplamente concretizado”.
“A vocação missionária é uma bela vocação, uma vez terminada cuidadosamente a caminhada de discernimento. Isso exige uma abertura de espírito para apreciar o modo de vida de outros povos. Rezemos, pois, por todos os missionários do mundo e por aqueles que estão discernindo a vocação missionária, para que Deus os guie e inspire em suas vidas”.

Enviado por
Marco Fulgaro




Voluntariado internacional em Benediktbeuern

Voluntários Dom Bosco: o compromisso dos jovens por um futuro melhor

Há mais de 20 anos, a Inspetoria salesiana alemã de Dom Bosco está envolvida no campo do voluntariado juvenil. Através do programa “Voluntários Dom Bosco”, os Salesianos na Alemanha oferecem anualmente a cerca de 90 jovens uma experiência educativa e de vida nas casas salesianas da Inspetoria e em vários países do mundo.

Para muitos jovens alemães é costume, uma vez terminada a educação escolar, dedicar um ano de suas vidas ao trabalho social. Para muitos deles, o perfil dos Salesianos é uma fonte de inspiração no momento de escolher uma organização para acompanhá-los durante esta experiência.

Apesar da secularização da sociedade alemã e da constante perda de fiéis pela Igreja nos últimos anos, muitos jovens batem à porta dos salesianos com a clara intenção de ajudar o próximo e dar uma pequena contribuição para um mundo melhor. Esses jovens encontram na figura de Dom Bosco uma forma de fé e um exemplo de vida. Nem todos que solicitam admissão ao programa de voluntariado nos escritórios competentes da Inspetoria em Benediktbeuern e Bonn tiveram experiência em grupos de jovens ligados à Igreja, especialmente com os Salesianos durante suas vidas.

Alguns deles não são batizados, mas reconhecem na oferta educacional salesiana uma possibilidade de crescimento pessoal, baseada em valores fundamentais para seu próprio desenvolvimento. É por isso que todos os anos muitos jovens começam uma experiência de voluntariado com o programa “Voluntários Dom Bosco”: durante os fins de uma semana de treinamento, os jovens não só aprendem informações úteis sobre os projetos, mas também se confrontam com o sistema preventivo e a espiritualidade salesiana, preparando-se, assim, para o tempo que colocarão a serviço de outros jovens.

Os voluntários são acompanhados durante sua experiência por uma equipe de coordenadores, que cuidam, não apenas dos aspectos organizacionais, mas sobretudo do apoio antes, durante e depois da experiência de voluntariado. Sim, porque o ano de voluntariado não termina no último dia de serviço na casa anfitriã salesiana, mas continua por toda a vida. Esse ano a serviço de outros representa uma base de valores que tem forte impacto sobre o desenvolvimento futuro dos voluntários. Dom Bosco educou os jovens para torná-los cidadãos justos e bons cristãos: o programa Voluntários Dom Bosco se inspira neste princípio fundamental da pedagogia salesiana e procura criar a base para uma sociedade melhor, na qual os valores cristãos caracterizem mais uma vez nossas vidas.

A Inspetoria alemã oferece oportunidades para que os jovens se encontrem em todos os estágios da experiência de voluntariado: reuniões de orientação, oferta de informação on-line, cursos de treinamento, festas e encontros anuais de intercâmbio de experiências, são todas atividades básicas nas quais o sucesso do programa “Voluntários Dom Bosco” é construído.

Uma equipe de coordenação formada por colaboradores do centro de treinamento juvenil Aktionszentrum Benediktbeuern e do escritório da missão em Bonn, apoiada pelo ecônomo provincial P. Stefan Stöhr e o responsável pela pastoral juvenil P. Johannes Kaufmann, administra e dirige todas as atividades, desenvolvendo o programa em todos os seus componentes.

A experiência de voluntariado começa com a inscrição no programa: os jovens que participam do programa nacional começam seus serviços em setembro e participam de 25 dias de treinamento durante o ano do voluntariado. Para os voluntários que pretendem ir ao exterior, o caminho é um pouco mais longo: após uma reunião de orientação no outono, são feitas seleções e os candidatos recebem informações de ex-voluntários que já participaram do programa no passado.

A fase de treinamento começa nos primeiros meses do ano e inclui um total de 12 dias de preparação, durante os quais os voluntários recebem informações sobre a pedagogia de Dom Bosco, o trabalho dos Salesianos no mundo, temas importantes como a comunicação intercultural e as precauções a serem tomadas em caso de emergência durante a experiência no exterior. Em julho, os voluntários recebem uma bênção e uma medalha Dom Bosco como símbolo de pertencer à Família Salesiana.

A partida dos jovens está prevista para setembro e, no meio do serviço, são oferecidas reuniões de reflexão nas diversas regiões onde os voluntários trabalham, realizadas pela equipe de coordenação da Inspetoria alemã.

A experiência termina com um seminário conclusivo, logo após o retorno do serviço no exterior, no qual são lançadas as bases para um futuro compromisso com a Família Salesiana. Anualmente, são organizadas duas reuniões na Inspetoria para todos que participaram do programa desde o início das atividades, nos anos 90. A equipe de coordenação da Inspetoria cuida de todos os aspectos organizacionais, incluindo: busca de casas salesianas interessadas em colaborar no campo do voluntariado; financiamento de atividades por meio de fundos ministeriais e europeus; apoio no caso de emergências; organização dos aspectos de seguro-saúde dos voluntários; comunicação com as famílias dos voluntários.

Mais de mil jovens já participaram do programa “Voluntários Dom Bosco” na Alemanha e no exterior durante os últimos 25 anos. Em um estudo realizado há alguns meses pelas Inspetorias alemãs, do qual participaram cerca de 180 ex-voluntários, constatou-se que os jovens continuam comprometidos com o trabalho social, mesmo muitos anos após sua experiência como voluntários. Particularmente evidente é o foco dos entrevistados em questões, como injustiça social, racismo, ecologia e desenvolvimento sustentável. Este estudo demonstrou o valor deste programa, não apenas em termos da ajuda imediata que os voluntários podem dar às comunidades anfitriãs durante seu ano de serviço, mas também em termos dos efeitos positivos que podem ser registrados a longo prazo, uma vez que eles tenham concluído seus estudos acadêmicos ou iniciado seu caminho profissional.

Um aspecto importante do programa “Voluntários Dom Bosco” é sua inclusão em programas nacionais e europeus, tais como o “European Solidarity Corps” da Comissão Europeia, os programas nacionais de voluntariado do Ministério da Família e Juventude ou o programa “weltwärts” do Ministério Federal de Cooperação Econômica, para que as ofertas de treinamento dos Salesianos possam ser mais visíveis para as instituições. Os constantes controles de qualidade realizados por associações competentes certificam a eficiência e a transparência da oferta de treinamento do programa “Voluntários Dom Bosco” em uma base semestral.

Um aspecto desses controles de qualidade muitas vezes diz respeito à cooperação entre nossos escritórios competentes e as estruturas anfitriãs na Alemanha e em diferentes países ao redor do mundo. Isto distingue a oferta salesiana de muitas outras agências privadas de voluntariado, que cooperam com várias organizações com os mais variados perfis. Nossos voluntários trabalham exclusivamente em instalações salesianas e estão especialmente preparados para esta experiência de vida.

Não importa se um voluntário é empregado em uma pequena vila no sul da Índia ou em uma metrópole europeia. Há algo que une todos esses jovens e os faz sentir-se em casa durante sua experiência: Dom Bosco, com sua presença nas comunidades anfitriãs, oferece-lhes um ponto de referência na vida diária e lhes dá conforto e proteção nos momentos mais difíceis. É claro que seria muito fácil dizer que uma experiência de voluntariado sempre vai bem ou sem problemas: especialmente a fase de assentamento pode criar vários problemas de integração para os voluntários.

Mas é justamente nessas situações que se pode observar o crescimento dos jovens, que aprendem a conhecer melhor a si mesmos, seus limites e seus recursos. O acompanhamento prestado pelas comunidades anfitriãs salesianas e pelo pessoal dos centros de coordenação inspetoriais alemães pretende transformar até mesmo as fases mais difíceis dessa viagem em oportunidades de reflexão e crescimento pessoal.

Muitos desafios nos esperam no futuro: os últimos dois anos nos mostraram que o mundo está mudando e o medo de que a guerra acabe com a perspectiva de uma sociedade mais justa parece estar crescendo nas novas gerações. O programa “Voluntários Dom Bosco” quer ser um lampejo de luz e uma fonte de esperança, para que nossos jovens possam construir um futuro melhor para nosso planeta mediante seu compromisso.

Francesco BAGIOLINI
Benediktbeuern, Alemanha

Galeria de fotos Voluntariado internacional em Benediktbeuern

1 / 6

2 / 6

3 / 6

4 / 6

5 / 6

6 / 6


Voluntariado internacional em Benediktbeuern
Voluntariado internacional em Benediktbeuern
Voluntariado internacional em Benediktbeuern
Voluntariado internacional em Benediktbeuern
Voluntariado internacional em Benediktbeuern
Voluntariado internacional em Benediktbeuern





In memoriam. P. Davi FACCHINELLO, sdb

Uma vida pelos outros: P. Davi FACCHINELLO, sdb

            Nascido na cidade milenar de Treviso em 21 de maio de 1974, o P. Davi Facchinello foi batizado na igreja paroquial de Loria (Treviso) onde sua família vivia. Frequentou a escola obrigatória em seu local de nascimento e continuou como estagiário na escola gráfica de dois anos do Instituto São Jorge em Veneza, onde conheceu os Salesianos. Começou uma experiência na Comunidade Salesiana de Propostas em Mogliano Veneto, continuando seus estudos de design gráfico em Noventa Padovana, onde recebeu suas qualificações. Esta experiência o levou a conhecer as atividades do oratório paroquial em Mogliano, animação de verão e grupos de formação, que se tornariam catalisadores de sua resposta a um chamado divino, entrando no noviciado em 1993.
            Seu primeiro destino pastoral foi na casa de Mogliano Veneto Astori, com o cargo de catequista do ensino médio, onde permaneceu até 2011. Então recebeu um novo destino para a casa de Este, com a função de vigário da comunidade e animador pastoral entre os estudantes do Centro de Formação Profissional. Em seu coração nasceu o desejo de ter uma experiência pastoral em terras de missão, e se colocou à disposição da Congregação Salesiana para este fim. Apenas seus superiores indicaram o Peru como seu destino, imediatamente começou a estudar a língua espanhola, língua que continuou a aprofundar na realidade da missão, ao mesmo tempo em que imergiu na cultura local.

            Desde sua chegada ao Peru em 2017, após um período de hospedagem, foi enviado à comunidade missionária de Monte Salvado, na região de Cusco. Lá começou como vigário paroquial da Paróquia Maria Auxiliadora de Quebrada Honda, no Vale do Yanatile, na densidade da floresta, onde os salesianos acompanham as missões andinas. Após quase dois anos, foi nomeado pároco no dia 12 de abril de 2019.
            Assim que chegou, dedicou-se a conhecer o povo e se colocar a serviço pastoral, sendo fiel às instruções da Arquidiocese de Cusco e em colaboração com a comunidade local. Sendo uma paróquia missionária, visitava periodicamente todas as setenta e três comunidades, viajava para as aldeias mais remotas e chegava às casas mais humildes e distantes de uma vasta região. Ansioso para se aproximar ainda mais das almas que ele servia, começou a aprender a língua quíchua.
            Iniciou projetos de assistência e promoção, tais como a cantina paroquial e um amplo programa de assistência psicológica e, como bom salesiano, deu impulso a muitos oratórios nas diversas aldeias. Desenvolveu intensamente a renovação da catequese na linha da Iniciação à Vida Cristã, em profunda harmonia com o Projeto Educacional-Pastoral da Inspetoria. Seu compromisso com a Igreja local foi tão grande que foi nomeado decano da região pelo arcebispo de Cuzco. Entre os testemunhos do povo, destaca-se o cuidado especial que ele teve com algumas pessoas (os mais pobres dos pobres), que Davi acompanhava e promovia de forma especial e muito discreta.

            Os testemunhos recebidos confirmam que ele foi gentil e atento aos irmãos da comunidade, um religioso exemplar e um apóstolo laborioso e comprometido. Desde o primeiro momento, conquistou o coração de todos com sua bondade e alegria serena; conseguiu conquistar a estima e a confiança de todos: companheiros, colegas de trabalho, paroquianos e jovens, graças a seu otimismo, bom senso, prudência e disponibilidade.
            Além de todo esse trabalho apostólico, Davi era um irmão muito amado: adorava estar na comunidade salesiana, os irmãos apreciavam seu bom humor e sua capacidade de criar laços estreitos.

            Os jovens do Monte Salvado (a escola para jovens da selva que frequentam a comunidade missionária salesiana) o amavam muito, apreciavam o fato de que ele estava feliz por passar tempo com eles durante o intervalo, e ficaram impressionados com seu entusiasmo quando ensinava catequese: era um verdadeiro sacramento da presença salesiana.
            Sua viagem terrestre terminou ali: após compartilhar a festa da Mãe Auxiliadora com a comunidade paroquial em 24 de maio de 2022, na viagem de volta, partiu para o céu após um acidente de carro por volta da meia-noite. Sua última celebração a Nossa Senhora o terá acompanhado ao Paraíso.
            Dois traços fundamentais que Dom Bosco viu em São Francisco de Sales – caridade apostólica e bondade amorosa – são aqueles que ele mais encarnou. É quase um reflexo do que um de seus compatriotas, o P. Antônio Cojazzi, dizia: “Cara alegre, coração na mão, lá vai o salesiano”.

            Esperamos que, do céu, ele nos obtenha muitas e santas vocações para acompanhar os jovens em sua jornada terrena. Enquanto isso, vamos rezar por ele.
            Senhor, concedei-lhe descanso eterno, e que a luz perpétua brilhe sobre ele. Que descanse em paz!


Vídeo comemorativo




Missionário na Amazônia

Ser missionário na Amazônia é deixar-se evangelizar pela floresta

A beleza do povo indígena do Rio Negro conquista os corações e faz com que o próprio coração mude, se dilate, se surpreenda e se identifique com essa terra, a ponto de ser impossível esquecer-se da “querida Amazônia”! Esta é a experiência de Leonardo, um jovem salesiano no coração da Amazônia.

Como surgiu no seu coração a ideia ser missionário?
Durante muitos anos este desejo amadureceu dentro de mim ao ouvir os relatos de missionários salesianos, seus testemunhos de portadores do amor de Deus ao mundo. Sempre admirei esses irmãos, que, experimentando o amor divino em suas vidas, não podiam ficar calados; antes, sentiam-se impelidos a anunciá-lo aos outros, a fim de que também eles provassem quanto são amados por Deus. Foi assim que pedi para fazer uma experiência nas missões salesianas da Amazônia entre os povos indígenas. Em 2021 passei, então, a viver e trabalhar como “tirocinante” na comunidade missionária de São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas: foi uma verdadeira “escola missionária”, repleta de novas descobertas e experiências, de desafios nunca pensados, enfrentando realidades até então totalmente desconhecidas.

Quais foram suas primeiras impressões ao chegar a uma terra desconhecida?
Desde o primeiro momento em que olhei pela janelinha do avião e vi aquela imensidão de floresta e vários rios “caiu a ficha” em minha mente: realmente estou na Amazônia! Assim como sempre vi na TV, a região amazônica é de uma beleza exuberante, com paisagens naturais belíssimas, verdadeiras obras-primas de Deus Criador. Outra primeira impressão muito bonita é ver tantos irmãos e irmãs indígenas, com características físicas tão marcantes, como a cor da pele, os olhos brilhantes e os cabelos pretos. Ver a diversidade e riqueza cultural da Amazônia é fazer memória viva da nossa história, lembrar a nossa origem como Brasil e compreender melhor quem somos enquanto povo.

 

E por que a escolha da Amazônia? O que ela tem de particular para você?
A Igreja, incluindo nossa Congregação Salesiana, é essencialmente missionária. Porém, na região Norte isso ganha ainda mais intensidade, porque os territórios são imensos; os acessos, geralmente pelo rio, são difíceis e caros; a diversidade cultural e linguística é vasta e há uma enorme carência de padres, religiosos e religiosas e outras lideranças que possam levar adiante a evangelização e a presença da Igreja nessas terras. Por isso, existe muito trabalho e trabalho “pesado”, exigente… Não é apenas serviço de visitas, pregações, celebração dos Sacramentos, como pode se pensar da vida missionária, mas, é partilhar da vida e dos trabalhos do povo, carregar peso, sentir na própria pele a carência, a exclusão e o abandono do povo por parte dos políticos; ficar horas na estrada ou no rio; sentir as picadas dos insetos; comer a comida do povo simples, “temperada” com os temperos do amor, da partilha e da acolhida; escutar as histórias dos mais velhos, muitas vezes com palavras e expressões que não conhecemos bem; sujar os pés e as roupas de lama, desatolar carro; ficar sem internet e, às vezes, até sem energia elétrica… Tudo isso está envolvido com a vida salesiana missionária na Amazônia!

Conte algo mais da obra salesiana onde você morou… O que fazem os Salesianos em favor dos jovens da região?
Uma das finalidades de nossa comunidade salesiana em São Gabriel é o Oratório e a Obra social: é o pátio salesiano, nosso trabalho direto com a juventude “gabrielense” que, diariamente, frequenta nosso Oratório e encontra em nossa casa um espaço para brincar, se divertir e conviver de maneira saudável com seus amigos e colegas. Os jovens daqui amam o esporte, especialmente a paixão nacional que é o futebol. Como a cidade não oferece muitas opções de lazer e esporte, a garotada se faz presente em nossa obra durante todo o tempo que estamos em funcionamento e reclamam muito quando chega o horário de encerrar as atividades do dia. Uma média de 150 a 200 jovens passam por nossa obra diariamente. Além disso, o Centro Missionário Salesiano oferece cursos para os adolescentes e jovens, como informática e padaria.

E se algum jovem, conhecendo a vocês, e gostando do carisma expressa o desejo de ser salesiano, ele tem como se formar?
Sim, já a alguns anos funciona também em nossa comunidade o “Centro de Formação indígena” (CFI), que visa acompanhar e acolher os jovens indígenas de todas nossas comunidades missionárias, que desejam fazer um acompanhamento vocacional e serem ajudados na elaboração de um Projeto de Vida. Esse acompanhamento constitui o Aspirantado Indígena da Inspetoria Salesiana Missionária da Amazônia (ISMA). Além de oferecer esse itinerário formativo, o CFI oferece aulas de língua portuguesa, Salesianidade, cursos de informática e padaria, acompanhamento espiritual e psicológico e gradual inserção na vida salesiana. Realmente é uma experiência muito valorizada por eles, já que são os primeiros passos no caminho formativo e é feito no seu ambiente, com seu povo, com o carinho e proximidade dos salesianos e dos leigos animadores.

Você falou que existem outras comunidades missionárias além de São Gabriel? Como é isso? Como funciona o trabalho missionário no Rio Negro?
A nossa comunidade de São Gabriel, por ter mais conexões e serviços, é a base e aquela que cuida a vinculação e a logística com as nossas missões que ficam mais no interior, especialmente Maturacá (com o povo Yanomami) e Iauaretê (no “triângulo tukano”). Nessas realidades missionárias, não existe comércio formal e, quando há, os preços são extremamente elevados. Sendo assim, toda a compra de alimentos, produtos de higiene, materiais para reparos e combustível para as embarcações usadas nas “itinerâncias” (visitas pastorais às comunidades ribeirinhas) e para a produção de energia elétrica via gerador, são realizadas em São Gabriel e, depois, enviadas por nós, via transporte fluvial, até essas localidades. Trata-se de um trabalho braçal bastante intenso, porque temos que comprar e, depois, carregar muito peso até as embarcações que vão levar esses produtos para os nossos irmãos viverem e trabalharem nas outras missões. Carregamos sacos de alimento, caixas de isopor com carnes e vários “carotes” (vasilhames de plástico para transporte de líquidos) de 50L de combustível cada. Além disso, nossa casa tem vários quartos, sempre disponíveis e preparados para hospedar os irmãos missionários que estão de passagem por São Gabriel, seja indo ou voltando das demais missões. É um verdadeiro trabalho de assistência e em rede.

E dessas “itinerâncias” pelos rios, lembra de alguma experiência mais forte?
Sim, claro, em relação às “itinerâncias”, uma experiência que me marcou profundamente, foi a itinerância em Maturacá. Vivemos dias de profunda experiência do encontro com Deus mediante o encontro com o outro, com o diferente de nós, com o nosso próximo, porque fizemos a visita pastoral, conhecida como itinerância, às comunidades do povo Yanomami.

Visitamos, além da sede da Missão salesiana, em Maturacá, mais seis comunidades (Nazaré, Cachoeirinha, Aiari, Maiá, Marvim e Inambú). Foram dias intensos e bastante desafiadores. Primeiro porque cada comunidade está bem distante uma da outra e o acesso só é possível através dos rios da nossa querida Amazônia, percorridos num bote com motor (chamado de “voadeira”), debaixo de sol forte ou chuva intensa. Segundo, são comunidades Yanomami tradicionais, então, o choque cultura é inevitável, pois são hábitos, costumes e modos de vida completamente diferentes de nós, não-indígenas. Terceiro, tem os desafios práticos, como a falta de energia elétrica 24h, nenhum sinal telefônico, pouca oferta e variedade de comida, banhar-se e lavar roupas no rio, conviver com os insetos e outros animais da floresta… Um verdadeiro “mergulho” antropológico e espiritual. Celebramos a Eucaristia em todas as comunidades e vários batizados em algumas delas, fizemos visitas às famílias e oratório com as crianças. É uma experiência fantástica de encontro, dias especiais, dias de gratidão, dias de retorno ao mais essencial da nossa fé e da nossa Espiritualidade Juvenil Salesiana: o amor por Jesus, fruto do nosso encontro pessoal com Ele, e o amor pelo próximo, que se manifesta no desejo de estar com ele e se fazer amigo dele.

Essa “itinerância” marcante, sem dúvida deixou muita aprendizagem para sua vida, não é?
A itinerância é uma verdadeira “escola” e nos dá lições de vida: despojamento, porque quanto mais “coisas” vamos acumulando mais “pesada” se torna a caminhada; viver o presente, porque no meio da Amazônia, sem acesso a meios de informação, o único contato é com a realidade atual, aquela que está ao redor, a floresta, o rio, o céu, o bote; gratuidade, porque enfrentamos dificuldades e cansaços sem esperar gestos de gratidão humana. Enfim, a itinerância geográfica nos leva para uma “itinerância interior”, para uma conversão, um retorno ao essencial da vida e da fé. Navegar pelos rios da Amazônia é navegar para rios interiores.  Estar nas missões é ser constantemente provocado a libertar-se de ideias pré-concebidas e rígidas para ser mais livre para amar e acolher o outro e lhe anunciar a alegria do Evangelho.

Uma lição muito especial que aprendo todos os dias nas missões é que, para ser um bom missionário devo ser alguém profundamente marcado e alcançado pelo amor misericordioso de Deus e, somente a partir dessa experiência, posso me dispor a “levar” e “mostrar”, em todas as partes, como Deus nos ama e pode transformar a nossa vida inteira. Aprendo também que, sendo missionário, levo e mostro esse amor, primeiro, com minha própria vida entregue à missão. Sem dizer palavra alguma, com o simples fato de deixar minhas origens e abraçar novas culturas, posso revelar que o amor de Deus vale muito mais do que tudo aquilo que consideramos valioso em nossa vida. Portanto, a vida do missionário é seu primeiro e maior testemunho e anúncio!

Você viveu esta experiência missionaria, mas pode-se dizer que também você foi evangelizado? O que gerou satisfação no seu coração?
Enfim, estando em São Gabriel, município mais indígena do Brasil, “lar” de 23 etnias, pluricultural e multilinguístico, percebo diariamente que, ao nos chamar para ser missionários e missionárias, Deus nos chama para sermos capazes de nos encantar diante da beleza e do mistério que é cada pessoa e cada cultura do nosso mundo. Por isso, seguindo o exemplo do Mestre Jesus, missionário do Pai, nós somos chamados a “esvaziar-nos” de tudo para “preenchermo-nos” das belezas e maravilhas presentes em todos os cantos da Terra e associar a elas a preciosidade do Evangelho. Esta foi das vivências mais profundas para mim.

No fim disso tudo, acredito que a satisfação vem do sorriso e dos gritos dos nossos meninos e meninas brincando, correndo, pulando, jogando bola, contando suas piadas; vem dos olhares curiosos e brilhantes dos homens e mulheres da floresta; a alegria vem do contemplar a beleza da natureza, a generosidade do povo e a perseverança dos cristãos e cristãs que ficam, às vezes, meses sem a presença de um sacerdote, mas, olham e tocam com amor e devoção os pezinhos da pequena imagem de Nossa Senhora ou a cruz lá do altar. Nas missões salesianas do Rio Negro se aprende a viver sem os excessos, a valorizar a simplicidade e se alegrar com as coisas pequenas da vida. Tudo aqui se torna festa, dança, música, celebração, fé… Aqui vive-se naquela mesma pobreza e simplicidade dos inícios de Valdocco, onde viveram e se santificaram Dom Bosco, Mamãe Margarida, o menino Sávio, P. Rua e tantos outros. Estar na Amazônia com certeza nos enriquece muito como gente, cristão e Salesianos de Dom Bosco!

Entrevista do P. Gabriel ROMERO, com o jovem salesiano Leonardo Tadeu DA SILVA OLIVEIRA, da Inspetoria São João Bosco com sede em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

Galeria de fotos da Amazônia

1 / 18

2 / 18

3 / 18

4 / 18

5 / 18

6 / 18

7 / 18

8 / 18

9 / 18

10 / 18

11 / 18

12 / 18

13 / 18

14 / 18

15 / 18

16 / 18

17 / 18

18 / 18


Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia
Missionário na Amazônia





Família Salesiana. Como ramos de uma árvore

Eu sempre admirei Dom Bosco, sua paixão pelos jovens, sua espiritualidade feita de alegria e concretude, mas eu não sabia que havia uma grande Família ao seu redor. Quando alguém me falou pela primeira vez sobre a Família Salesiana há algum tempo atrás, ele apontou para um grande carvalho em pé majestosamente na minha frente e disse: “Olhe para aquela árvore. A Família Salesiana é assim: tem um tronco forte e sólido que é Dom Bosco, bem enraizado no chão, na realidade concreta da vida cotidiana – os jovens, os pobres, os desafios de cada dia que esperam respostas, … – e tem muitos ramos que olham para o céu – os vários Grupos nascidos de seu carisma. Há grupos de religiosos e grupos de leigos, homens e mulheres, até trinta e duas realidades que compartilham a mesma espiritualidade, a mesma paixão pela missão, mas cada um a realiza de sua própria maneira específica”!

Gostei da imagem da árvore: os ramos estavam próximos uns dos outros, crescendo de forma independente, mas unidos ao tronco e nutridos pela mesma seiva da planta. Juntos eles tornavam a árvore frondosa, exuberante, um abrigo excepcional para as muitas aves que a escolheram como seu lar. Poderia ter sido um lar para mim também! Também gostei da ideia de “família”: me faziam sentir algo de bom, de intimidade, de apoio mútuo. A primeira coisa que atraiu meu interesse foi o fato de que todos os Grupos juntos, apesar de sua autonomia, formam uma grande realidade onde se vive uma atmosfera de fraternidade e alegria, de proximidade e confiança. É um estilo que caracteriza todos os Grupos: os Salesianos de Dom Bosco, as Filhas de Maria Auxiliadora, os Salesianos Cooperadores, a Associação de Maria Auxiliadora  (ADMA), e todos aqueles que, ao longo dos anos, foram fundados por “filhos de Dom Bosco”, cada um com sua particularidade. Há irmãs que cuidam de leprosos e aquelas que cumprem sua missão em pequenos centros onde outros não chegam; religiosas que se põem a serviço dos nativos e outras que acolhem crianças. E depois há grupos de leigos, desde aqueles que evangelizam através dos meios de comunicação de massa até aqueles que estão envolvidos na atividade missionária ad gentes ou que estão empenhados em estar presentes na esfera social, trazendo os valores recebidos nos ambientes salesianos. Finalmente, existem também Institutos Seculares para homens e mulheres, com leigos consagrados empenhados em se tornarem missionários no coração do mundo.

Uma grande variedade de vocações unidas pelo único carisma, pela única espiritualidade: a de Dom Bosco.

Eu também queria entrar nesta aventura. Ao longo do meu percurso entendi o que significava “pertencer”: assim como fazer parte de uma família natural não significa simplesmente ter o mesmo sobrenome, mas também participar de sua história, compartilhar seus valores, seus projetos, seus trabalhos, assim é para a Família Salesiana. Pertencer a ela é uma escolha, é uma vocação à qual se responde e a partir desse momento se cresce junto, se criam e se fortalecem laços, se sonha juntos, se planeja juntos, se constrói juntos, se apoiam mutuamente, se amam. Isto é constituir Família!

Já em 2009, o sucessor de Dom Bosco na época, P. Pascual Chávez, dizia com convicção: “A esta Família faço o convite urgente de adquirir uma nova mentalidade, de pensar e agir sempre como Movimento, com um espírito intenso de comunhão (concórdia), com um desejo convicto de sinergia (unidade de intenções), com uma capacidade madura de trabalhar em rede (unidade de projetos)”.

Não, portanto, uma agregação de grupos que, como mônadas, vivem de forma autorreferencial, ignorando o caminho dos outros, mas sim a resposta a um chamado para viver em plena comunhão, provocando uma verdadeira revolução copernicana! É uma questão de poder sentir, quando se adere a um grupo salesiano, que não se está sozinho, que em primeiro lugar se adere a uma Família, um Movimento de espiritualidade apostólica, que depois se torna específico em uma forma particular de viver o mesmo dom. É uma questão de aprender a reconhecer-se como parte de um todo e compreender que, caminhando e trabalhando em sinergia com os outros, estamos todos enriquecidos e podemos alcançar melhores resultados. Trata-se de aprender a reconhecer a riqueza dos carismas dos outros, de comprometer-se com o crescimento não só do próprio, mas também dos outros grupos, e de construir uma comunhão feita de respeito pelas especificidades de cada um, de colaboração, de apreço por todos.

Don Bosco tinha uma intuição original e fascinante: unir forças para uma missão mais eficaz!

Em uma carta ao Cardeal João Cagliero (27 de abril de 1876), de fato, Dom Bosco escrevia: “Uma vez podia ser suficiente unir-se em oração, mas agora que existem tantos meios de perversão, especialmente em detrimento da juventude de ambos os sexos, é necessário unir-se no campo de ação e de trabalho”.

E novamente no Boletim Salesiano de janeiro de 1878, dirigindo-se aos Cooperadores: “Devemos unir-nos entre nós e todos com a Congregação. Unamo-nos, portanto, visando o mesmo fim e usando os mesmos meios para alcançá-lo. Unamo-nos, portanto, como uma só família, com os laços da caridade fraterna”.

Este “trabalhar juntos” nem sempre significa, porém, trabalhar “ombro a ombro”, não significa ter uma uniformidade de intervenção, não significa todos fazerem a mesma coisa, mas saber ler juntos os contextos pessoais e sociais dos jovens, saber encontrar possíveis estratégias de intervenção para atingir objetivos comuns, saber coordenar, em sinergia, na reciprocidade, na responsabilidade comum e de cada um.

Como em qualquer família, também na Família de Dom Bosco todos têm seu próprio papel, mas todos estão se esforçando para alcançar os mesmos objetivos. Cada grupo tem sua especificidade, que deve ser respeitada e valorizada; tem sua própria caracterização que não esgota por si só o carisma que o Espírito deu através de Dom Bosco à Igreja e ao mundo, mas traz à luz aspectos sempre novos e originais. Ninguém, por outro lado, pode afirmar ser o “dono” do carisma, mas simplesmente seu guardião! Na Família Salesiana, pode-se dizer que cada grupo está incompleto sem o outro. Tudo isso me faz pensar em um rosto de Dom Bosco feito de muitas peças de um quebra-cabeças: se faltarem algumas peças, as características da imagem serão desfiguradas, o rosto não será reconhecível. Todas s peças montadas mostrarão um Dom Bosco completo.

Juntos, em comunhão, para viver a missão! Desta forma, todos os Grupos podem colaborar na formação e aprofundamento carismático; podem, a partir de situações concretas, planejar juntos e promover um compromisso compartilhado no território onde cada um pode oferecer sua própria “especialização”; podem trabalhar em rede em espírito fraterno, para serem mais eficazes.

Sabemos bem como é urgente, hoje em dia, comprometer-nos com um mundo mais justo e mais humano; como é necessário indicar horizontes de esperança a tantos jovens; como é indispensável dar testemunho de solidariedade, unidade, comunhão em uma sociedade constantemente tentada a fechar-se em si mesma.

Sim, esta é realmente uma bela Família!

Quero cantar meus agradecimentos a Dom Bosco que, disponível para o Espírito Santo, semeou uma semente na terra. Essa semente brotou, tornou-se uma grande planta com muitos ramos, folhas, flores: … uma grande árvore.

Agora sei que quem sente a mesma paixão de Dom Bosco, o mesmo desejo de se tornar missão para os jovens, os pobres, os últimos, encontrará seu lugar entre seus ramos e contribuirá para tornar o mundo mais belo.

Giuseppina BELLOCCHI




Da Croácia à Etiópia: o sonho missionário de Dom Bosco continua

Da Croácia à Etiópia: o sonho missionário de dom Bosco continua

Testemunho de Josip Ivan SOLDO, sdb, um missionário croata de Dom Bosco, enviado à Etiópia, entre os membros da 151ª expedição missionária. O chamado missionário surge dentro da vocação salesiana como um convite para sair e ir aonde o Senhor nos chama.

Meu nome é Josip SOLDO, sou um salesiano croata, nascido na Bósnia-Herzegovina.
Começo dizendo que minha família sempre desempenhou um papel importante em minha vida: tenho três irmãos e duas irmãs, uma das quais é minha irmã gêmea. Tenho muito orgulho de meus dezesseis sobrinhos; minha mãe Verônica ainda está viva, enquanto meu pai morreu em 2006.
Se eu olhar para minha história vocacional, posso dizer que desde muito jovem senti o desejo de ser padre; já era acólito aos cinco anos de idade e mantive este serviço até o ensino médio. Na adolescência, porém, afastei-me da Igreja, mantendo apenas a tradição de ir à missa aos domingos e ir à confissão, mas sem nenhum interesse ou envolvimento real.

Por volta dos 24-25 anos de idade minha começou conversão. Naquela época eu trabalhava em uma empresa de fast-food e senti a necessidade de me reconectar com Deus, lendo a Bíblia em minhas pausas de trabalho. A Palavra de Deus desceu lentamente em meu coração e me senti confuso: eu era um jovem “normal”, adorava ir a discotecas, sair com amigos e me divertir com eles, fazer com que as garotas me notassem, esperando um dia encontrar minha alma gêmea. O encontro com um padre salesiano mudou minha vida e tomei a decisão de aprofundar minha compreensão do carisma de Dom Bosco com o desejo de um dia me tornar um padre salesiano. Durante dois anos eu estive na comunidade do pré-noviciado; eu precisava realmente conhecer Dom Bosco porque os Salesianos não estavam presentes onde eu morava; basta dizer que em minha aldeia eles me perguntaram se os Salesianos faziam parte da Igreja Católica, pensando que eram uma seita. A ideia de ajudar os jovens pobres, educá-los para uma vida melhor e aproximá-los de Cristo me fascinou imediatamente.

Em 2016 me mudei para a Itália, para Roma, onde fiquei por três anos, primeiro no noviciado de Genzano, onde emiti meus primeiros votos como religioso em 8 de setembro de 2017, e depois na Comunidade de São Tarcísio para estudar filosofia na Universidade Pontifícia Salesiana. Dentro de mim senti um forte desejo de ir mais além, de ir longe, mas ainda não estava maduro o suficiente para tomar uma decisão séria e difícil, como a vida missionária. Quando voltei à Croácia para meu estágio, percebi que minhas dúvidas, incertezas, o medo de não me sentir à altura ou a inexperiência não poderiam me impedir de me tornar um missionário. Deus trabalha através de nós mesmos também quando não estamos conscientes e não podemos confiar somente em nossa própria força humana, limitada. Ele usa nossas fraquezas, nossas pequenas nuances para mostrar Sua grandeza. Muitas vezes me aconteceu que eu tinha me preparado bem para as reuniões com os jovens e depois eles muitas vezes não se lembravam de nada da reunião, mas me diziam como eram significativas para eles as coisas ditas em momentos informais, o que muitas vezes eu nem mesmo percebia. Entendi que Deus não precisa de super-heróis, mas de “servos inúteis” que têm em seus corações o desejo de servi-Lo, e assim escrevi meu pedido ao Reitor-Mor para ser um missionário salesiano, ad gentes.

No mesmo ano em que a pandemia de Covid começou, recebi a resposta da Casa Geral: missionário com destino à Etiópia! O primeiro passo foi aprender a paciência, em meio às limitações devidas à situação de saúde e à lentidão da burocracia para obter os documentos necessários. Enquanto isso, fiz meu estágio nas comunidades de Split e Zagreb, duas experiências diferentes nas quais tive a oportunidade de conhecer muitos irmãos santos e jovens que me mostraram o rosto e a voz de Deus.

Finalmente, no início de setembro do ano passado, cheguei à Etiópia! No programa “Bosco Children” em Adis Abeba pude estar entre os meninos: muitos deles vêm da rua, os salesianos lhes dão uma segunda chance, acolhendo-os no centro; há meninos refugiados, meninos que tiveram que fugir de suas cidades ou de suas casas, outros nasceram e sempre viveram na rua. Nós salesianos lhes oferecemos a chance de ter uma nova vida, através da educação, moradia e tudo o que é necessário para uma vida digna de um ser humano. Os meninos que entram no programa “Bosco Children” vivem lá por dois ou três anos até estarem prontos para serem reintegrados em sua família ou sociedade. Outro serviço que realizei este ano foi a construção do site (boscochildren.com), com a ajuda e o apoio de alguns bons irmãos da Croácia e do movimento juvenil croata chamado Nova Eva. Tendo tido experiência como cozinheiro no passado, propuseram-me assar pão com os jovens: todos os dias cozíamos pão para todo o centro e comunidade, com o sonho de um dia abrir uma verdadeira padaria com empregos e cursos de treinamento. Para o resto, nosso centro é um “Valdocco em Addis Abeba”: fazenda com coelhos, galinhas e vacas, escola para mecânicos de automóveis, carpintaria, metalúrgicos, eletricistas, cozinheiros, alfaiates… tudo para educar nossos meninos e prepará-los para a vida.

O choque cultural para mim foi bastante forte: a comida diferente, uma língua que eu não podia aprender imediatamente, os costumes de uma nova cultura… Experimentei muitas emoções, me senti nervoso e muitas vezes quis me isolar.

Tenho que agradecer ao Setor para as Missões da Congregação pelo curso de treinamento missionário que acaba de terminar, pois foi uma oportunidade para citar esses choques, para ver que outros missionários também experimentam os mesmos desafios e que o processo de inculturação não é fácil. Apesar das dificuldades, sinto em meu coração um forte desejo de ir adiante e me impulsionar para me superar. Com o tempo sei que compreenderei que na vida missionária o Senhor não pede muito, “Ele pede tudo” para lhe dar tudo.

Minha formação para o sacerdócio continua através do início dos estudos em teologia, antes de retornar à missão. Certamente haverá novos desafios, mas haverá também a alegria de estar onde o Senhor me quer, a plenitude de saber que o que estou fazendo é a vontade de Deus. Agora eu sinto que não há nada que possa preencher o coração como o Senhor faz quando você está lá onde Ele quer, quando você sabe que sua vida encontra a plenitude do sentido em Seu plano Divino, e a esperança de que Ele nunca me afastará de suas mãos até o céu, onde eu espero estar um dia junto com muitos irmãos.

Entrevistador: Marco FULGARO