15 Out 2025, Qua

Jovens que protegem a vida: incubadoras de baixo custo para bebês prematuros

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Todos os anos, no mundo, mais de um milhão e meio de bebês prematuros morrem por falta de acesso a incubadoras adequadas. Esses dispositivos médicos essenciais muitas vezes são muito caros para os hospitais dos países em desenvolvimento, onde podem fazer a diferença entre a vida e a morte de recém-nascidos frágeis e vulneráveis.
Nesse contexto, nasceu na Espanha um projeto liderado por jovens apaixonados que, com criatividade, profissionalismo e espírito de solidariedade, estão contribuindo para salvar milhares de vidas. A iniciativa deles é um exemplo virtuoso de inovação social e, ao mesmo tempo, um verdadeiro testemunho da proteção da vida humana desde o seu primeiro suspiro. As incubadoras são produzidas em dez centros de formação profissional salesianos espalhados pelo território espanhol.

Paulo Sánchez e o projeto IncuNest: fé e inovação
O coração dessa iniciativa é Paulo Sánchez Bergasa, jovem engenheiro espanhol que decidiu dar continuidade a um projeto iniciado por seu colega Alejandro Escario, que em 2014 desenvolveu como tese de graduação um protótipo de incubadora de baixo custo.
Paulo se descreve assim: «Eu era um jovem desmotivado, com uma leve dependência de videogames». Conta que se aproximou do projeto para ajudar, mas logo o grupo original se desfez: um se dedicou à família, outro se mudou para os Estados Unidos, e ele ficou sozinho. «Me senti um pouco só e indigno, mas via aquilo como algo tão necessário que decidi dar o que tinha na época».
Por anos trabalhou no tempo livre, até que em 2019 fundou a ONG Medical Open World dentro da qual desenvolveu o projeto das incubadoras dedicadas a bebês prematuros ou com dificuldades.
Em fevereiro de 2025, recebeu um reconhecimento inesperado: a notícia do Prêmio Fundação Princesa de Girona, entregue a ele em julho na presença do Rei da Espanha, Felipe VI. A Fundação apoia o desenvolvimento profissional e educacional de jovens talentos, e justificou o prêmio assim: «Sua generosidade em compartilhar conhecimento e seu compromisso em quebrar barreiras inspiram aqueles ao seu redor e demonstram que a inovação pode estar a serviço da humanidade».
Esse prêmio marcou uma virada para Paulo: «Foi um grito muito alto, um chamado para deixar tudo e aproveitar essa oportunidade, porque é um megafone muito grande e eu preciso apostar tudo». Ele deixou seu emprego e se dedicou inteiramente ao projeto. Não foi uma escolha motivada por cálculos econômicos: por meses viveu apenas de suas economias, preocupando seus pais. «Meus pais me perguntavam: “mas de que você vai viver?”. Eu respondia: “colocarei o que estiver ao meu alcance e o resto deixo para Deus”».
Determinante também foi a experiência de voluntariado no Cottolengo do Padre Alegre, onde viu a total confiança das irmãs na Providência. «Eu via como vivem as irmãs dedicadas à providência e como nada lhes falta, e senti o mesmo chamado», lembra. E acrescenta: «Neste projeto, Deus foi a constante que me impulsionava; Ele transformou tristezas em alegrias, derrotas em oportunidades e abandono em compromisso».
Paulo não esconde sua fé católica; pelo contrário, a indica como a força motriz de seu trabalho: «Decidi colocar todo o meu empenho para salvar vidas… e o resto deixo nas mãos de Deus».

IncuNest: baixo custo, código aberto, impacto global
As incubadoras comerciais custam entre 30.000 e 35.000 euros e exigem equipamentos caros, manutenção complexa, pessoal especializado e, sobretudo, uma fonte de energia estável: condições frequentemente ausentes em áreas rurais ou nos países mais pobres. Sem elas, bebês prematuros correm risco de hipotermia, infecções e complicações graves.
A incubadora IncuNest não tem a sofisticação dos modelos tradicionais, mas garante o essencial: regula automaticamente a temperatura do ar e da pele do bebê, controla a umidade para proteger a pele frágil e inclui um módulo de fototerapia para tratar a icterícia, comum em prematuros.
É leve (12-13 kg), desmontável, transportável até em uma mala, e pode funcionar tanto com corrente 220/110 V quanto com baterias de carro de 12 V, uma vantagem decisiva onde a eletricidade não é estável. O custo dos materiais? Apenas 350 euros, cerca de cem vezes menos que as incubadoras convencionais.
Além disso, a tecnologia é open source [código aberto]: os planos e o software são acessíveis a todos, favorecendo a replicabilidade e a autonomia das comunidades locais.

Aprendizado e formação: os salesianos, ponte entre tecnologia e solidariedade
Uma característica distintiva do projeto é o envolvimento dos centros salesianos de formação profissional. Lá, os jovens aprendizes aprendem não só competências técnicas (mecânica, eletrônica, projeto, manutenção), mas também valores de solidariedade e compromisso social.
Além da construção das incubadoras, participam de workshops e seminários que os ajudam a crescer como cidadãos responsáveis, conscientes de que seu trabalho tem impacto concreto em milhares de famílias no mundo.
Essa dimensão educativa é parte integrante da missão do IncuNest: salvar vidas, formar pessoas, transformar comunidades.

Um impacto global e um futuro para expandir
Atualmente, mais de 220 incubadoras estão em operação em mais de 30 países, graças à colaboração com a ONG Ayuda Contenedores. Já salvaram a vida de mais de 4.000 crianças. As demandas superam em muito a disponibilidade, sinal de uma necessidade enorme e ainda não atendida.
«A necessidade é muito grande, mas se nosso esforço servir para salvar uma criança a mais, valerá a pena», afirma Paulo.
O objetivo agora é industrializar a produção para ampliar a difusão e multiplicar o impacto. O prêmio recebido representa uma importante plataforma para sensibilizar doadores e empresas. «Agora precisamos seguir mais fortes e ir mais longe para dar uma resposta adequada a essa emergência. Temos algo que já funciona e está salvando vidas: agora precisamos industrializar, crescer e alcançar mais lugares», conclui.

Este projeto possui um grande valor moral, pois afirma o primado da vida; um valor de justiça, pois permite que crianças das áreas mais pobres também sobrevivam; e um valor espiritual, pois vê a vida como um dom de Deus.
Paulo Sánchez Bergasa deixou tudo para responder a esse chamado. Sua fé cristã não é um detalhe marginal: é o motor que o sustenta na decisão de colocar a vida no centro, mesmo que isso signifique abrir mão de segurança pessoal e salário estável.

É um projeto que merece ser conhecido, apoiado e ampliado.

Indicamos os sites do projeto:
Site oficial: https://incunest.org
Site da Fundação Medical Open World: https://www.medicalopenworld.org/proyecto-incunest
Apresentação do projeto no canal do YouTube da Fundação Princesa de Girona: https://www.youtube.com/watch?v=b3d8OBgK_2Y&utm

Editor BSOL

Editor do Website.