27 Dez 2025, Sáb

Entrevista com o novo inspetor, P. Simão Zakerian

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Ele fez sua Primeira Profissão em Damasco no dia 8 de setembro de 2002 e a Profissão Perpétua em Aleppo no dia 2 de agosto de 2008. Foi ordenado sacerdote em sua cidade natal, Qamishli, no dia 11 de setembro de 2010. Após a formação inicial, serviu a Inspetoria em diversos ministérios, assumindo várias responsabilidades. De 2010 a 2014 em Aleppo, na Síria, atuou como colaborador pastoral; de 2015 a 2017 em Damasco, serviu como Diretor. De 2017 a 2018 em Alexandria, no Egito, ocupou novamente o cargo de Diretor e, de 2018 a julho de 2024 em Al-Fidar e El Houssoum, no Líbano, sempre com a responsabilidade de Diretor. Em nível inspetorial, serviu como conselheiro delegado da Pastoral Juvenil por cerca de 12 anos, encerrando esse serviço em junho de 2024 e, em seguida, iniciando o novo serviço no dia 6 de julho de 2024 como inspetor. A Inspetoria do Oriente Médio abrange Palestina – Israel, Síria, Egito e Líbano.


Poderia se apresentar?
Nasci na Síria, em uma cidade chamada al-Qamishli (no nordeste da Síria), no dia 2 de julho de 1978, em uma família armênia, e como todos os armênios da diáspora, sobreviveu ao genocídio otomano de 1915, quando meus avós fugiram e chegaram até Qamishli. Meu pai se chama Aram e minha mãe Araxi; somos uma família de dois irmãos e seis irmãs.

Quem lhe contou por primeiro a história de Jesus?
Minha família sempre teve uma profunda fé cristã que meus pais me transmitiram desde que eu era criança, também com a ajuda da minha avó que falava sobre Jesus. A Igreja Armênia também me ajudou, pois quando era pequeno, eu era coroinha e servia a missa. Depois, comecei a frequentar o oratório de Dom Bosco na minha cidade, desde a quinta série. Como eu gostava muito de jogar futebol, continuei frequentando o Dom Bosco por vários anos e, aos poucos, minha pertença ao oratório cresceu cada vez mais, me envolvendo não apenas em atividades esportivas, mas também em atividades de animação e serviço.

Qual é a história da sua vocação?
Minha vocação nasceu de um desejo que Deus colocou em meu coração. Quando servia a missa, dizia a mim mesmo: quando eu crescer, estarei também no altar como este sacerdote. Depois de conhecer os Salesianos, esse desejo amadureceu cada vez mais e o exemplo dos Salesianos, que estavam conosco no pátio, na igreja e nos vários momentos de nossa vida, me fez pensar seriamente sobre minha vida e seu sentido. Assim, comecei a refletir mais profundamente e a me perguntar o porquê da minha existência e o sentido da minha vida. Comecei, portanto, a me questionar como poderia discernir minha vocação, a perguntar o que Deus queria de mim. Com esses pensamentos, com a oração e com o serviço, caminhei em busca da vontade do Senhor para mim. Em Qamishli, havia um missionário italiano que estava sempre conosco no pátio; organizava torneios de futebol, nos encorajava, nos acompanhava à igreja para viver a santa missa e a adoração eucarística, e nos mostrava filmes sobre a vida dos santos, para depois nos incentivar a fazer obras de caridade e serviço no oratório e fora dele. Seu testemunho me fez refletir que eu também poderia viver e fazer como ele. Assim, com sua ajuda e a de outros salesianos, comecei meu discernimento. Eu amava a vida daquele salesiano porque ele estava próximo de Deus, das pessoas e dos jovens como Dom Bosco, com uma vida alegre e bela, simples e profunda. Dava para perceber que o que ele fazia não era um trabalho, mas uma vocação divina!

Como sua família reagiu?
Minha família é simples e, no início, não queria que eu deixasse a casa, mas depois entendeu que era um chamado do Senhor e assim me foi permitido iniciar o caminho. A partir desse momento, minha família sempre incentivou minha vocação com carinho e oração.

Quais foram os maiores desafios?
O maior desafio foi deixar o mundo para seguir Cristo na vida consagrada. Isso não foi fácil, porque minha vida estava ligada a muitos amigos e ao futebol. Eu era jogador e jogava num time da minha cidade na série A; então foi pesado deixar tudo isso.

Qual a sua experiência mais bonita?
Devo dizer que, uma vez iniciado o caminho, experimentei o que Jesus diz no evangelho, que quem o segue terá em troca muitos irmãos, irmãs, amigos, coirmãos, jovens e leigos com quem compartilhar a vida e a missão. Isso é realmente um presente maravilhoso.

Como são os jovens do lugar?
Os jovens da nossa inspetoria são heróis, são incríveis. Como sempre digo a todos, eles são os verdadeiros protagonistas da história de nossas terras, porque sempre viveram em situações muito difíceis e de guerra, porque aprenderam a viver nessas situações como cristãos e como testemunhas, com muita fé e esperança. Para mim, eram e ainda são um exemplo maravilhoso.

O que poderia ser feito mais e melhor?
O futuro dos jovens em nossas terras hoje é muito ambíguo e difícil, mas eles podem fazer muito; e rezo a Deus que nos conceda a paz, para que possam construir um futuro nessas terras e olhar para o amanhã com esperança e sem medo, porque Ele está conosco e não nos abandona.

Que lugar Maria Auxiliadora ocupa na sua vida?
Em nossas casas do Oriente Médio, nós salesianos, junto com os jovens, estamos acostumados a invocar muito frequentemente Maria Auxiliadora, porque sabemos que foi Ela quem ajudou Dom Bosco, especialmente nos momentos mais difíceis. E nós, justamente nesses momentos de guerra, não cessamos de pedir sua intercessão materna: Ela, o nosso refúgio; Ela, a Nossa Senhora dos tempos difíceis, como dizia Dom Bosco.

O que diria aos jovens neste momento?
Digo aos jovens para não terem medo da vida e das dificuldades, mas para enfrentarem tudo com amor e esperança; não sozinhos, mas com Deus e com os irmãos e irmãs, porque juntos podemos mudar a nós mesmos e o mundo; assim viveram e fizeram nossos santos e nosso pai e fundador Dom Bosco. Portanto, convido os jovens a abrirem o coração ao chamado de Deus, a não serem indiferentes quando ouvirem Sua voz… não endureçam o coração! E concluo dizendo a mim mesmo e a todos os jovens, as mesmas palavras do Papa Francisco na Cristus Vivit: “Ele vive e te quer vivo!”


P. Simão ZAKERIAN
inspetor do Oriente Médio

Editor BSOL

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