By Editor BSOL 
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A Croácia salesiana representa uma parte da Congregação Salesiana que merece atenção especial. Em um país com quase 4 milhões de habitantes, inúmeras vocações estão surgindo, não apenas entre os salesianos, mas também entre as Filhas de Maria Auxiliadora. Recentemente, a comunidade recebeu um novo inspetor salesiano: Dom Milan Ivančević. Tivemos o prazer de entrevistá-lo e queremos compartilhar seu testemunho.
Poderia se apresentar?
Milan Ivančević, salesiano, nascido em 25 de outubro de 1962, em Šlimac (Rama – Prozor, BiH). Sou um dos três irmãos e três irmãs, e tenho 29 sobrinhos. Terminei o ensino fundamental e médio na minha cidade natal. Depois de estudar matemática e física em Mostar e de dois anos de ensino em uma escola primária, entrei na comunidade salesiana no outono de 1989. Fiz os votos perpétuos em 8 de setembro de 1997 e fui ordenado sacerdote em 27 de junho de 1998.
Como sacerdote salesiano, desempenhei os seguintes serviços:
– 1998 – 1999: Vigário paroquial na paróquia de Maria Auxiliadora em Knežija;
– 1999 – 2002: professor de religião em Žepče;
– 2002 – 2003: conselheiro da Comunidade para a Educação das Vocações Salesianas em Podsused;
– 2003 – 2005: estudo especializado em Roma na UPS (licenciatura em espiritualidade);
– 2005 – 2006: conselheiro da Comunidade para a Educação das Vocações Salesianas em Podsused;
– 2006 – 2015: diretor na mesma comunidade e membro do Conselho inspetorial;
– 2015 – 2021: diretor da comunidade salesiana de Žepče e diretor do KŠC Don Bosco;
– 2021 – 2024: pároco e diretor da comunidade em Split;
– 2024 –: inspetor.
Quem foi o primeiro a lhe contar a história de Jesus?
Minha mãe me ensinou os primeiros passos na fé, com a palavra e com o exemplo. Mais tarde, ao crescer, todos os outros membros da família também nos formaram na fé, pois em casa havia oração regular: oração da manhã e da noite, antes e depois das refeições.
Morávamos em uma aldeia a 7 km da igreja, mas íamos regularmente à Santa Missa dominical. Tudo era impregnado de fé, mas também de muito sofrimento. Minha região sofreu muito durante a Segunda Guerra Mundial. Em um dia, minha mãe, quando tinha apenas 11 anos, perdeu dois irmãos que foram mortos pelos cetnici (sérvios) no outono de 1942 apenas porque eram croatas. Essa ferida marcou a família por toda a vida, junto com a pobreza.
Como conheceu Dom Bosco / os salesianos?
Ouvi falar dos Salesianos bastante tarde. Durante meus estudos de matemática, expressei o desejo à minha tia, já falecida, que era uma freira na Alemanha, de querer me tornar padre. Ela me forneceu quatro endereços da Alemanha aos quais é possível recorrer em relação à vocação ao sacerdócio. Entre eles estava o endereço dos Salesianos na Alemanha. Assim, comecei a me corresponder com eles, e as cartas foram traduzidas pelo salesiano croata P. Franjo Crnjaković, que na época trabalhava na Alemanha. Quando o momento estava maduro para entrar na comunidade, surgiu o problema de não conhecer a língua alemã. Então, o P. Franjo me enviou o endereço dos salesianos de Zagreb e assim me tornei salesiano croata.
Tinha até o ensino superior em matemática. Por que salesiano?
Eu amava matemática e trabalhar com crianças na escola. Gostava de ajudar os jovens a resolver problemas de matemática. Desde a minha infância, a vocação sacerdotal de alguma forma fervia em mim. A primeira que lembro foi uma experiência com um parente idoso que estava entre os poucos parentes a receber uma aposentadoria. Quando eu estava na terceira série, um dia ele me viu feliz por minhas ótimas notas e me disse: “Prometa-me que você estudará para se tornar padre, e a partir de agora eu lhe darei 5 stoi de cada uma das minhas aposentadorias” (valor atual 10 euros). E, claro, eu prometi, porque para mim, quando criança, isso era um grande valor. Muitos anos depois, quando já trabalhava em uma escola e estava perto da decisão de entrar na comunidade, fui ao seu funeral e na sepultura aberta agradeci a ele e prometi que me tornaria padre. Entre as crianças a quem ensinei matemática, havia também aquelas abandonadas pelos pais. Observar a situação delas me ajudou a decidir seguir o caminho do serviço aos jovens como salesiano.
A alegria mais bonita e o maior esforço
As experiências da confissão me tornam especialmente feliz. Quando vejo diante de mim a transformação da alma humana e me reconheço como o meio pelo qual isso acontece, não pode ser comparado a nada na terra, é um evento celestial. Especialmente quando se trata de jovens, mas nessas situações toda alma é jovem porque é bela. E o que mais me fere é o desespero das crianças e dos jovens quando seus pais se separam. Estou sempre profundamente comovido com seu sofrimento. E também a consciência de quando as pessoas levam a decisão de abortar de forma leviana. Me dá arrepios por causa da cegueira em que as pessoas não estão cientes do quão grande é o erro que estão cometendo. Essas coisas penetraram profundamente na humanidade e a questionam.
Quais são as necessidades locais mais urgentes e dos jovens? O que poderia ser feito mais e melhor?
A necessidade mais urgente da nossa população é devolver esperança às pessoas para que não tenham medo da vida e fortalecer as pessoas na fé de que Deus guia e sustenta este mundo. A vida é muito mais bonita e rica quando está impregnada de fé, porque é na fé que ela tem um significado evidente e pode sempre encontrar motivos de alegria. A cultura moderna rouba esse valor dos jovens e o substitui por valores de curta duração, que se consomem fácil e rapidamente, deixando um vazio na alma. Temos a sorte de que um grande número de jovens consiga cultivar e viver sua fé, às vezes até contra a corrente. Mas, infelizmente, muitos ainda estão longe da fé e buscam um sentido em algo menor do que eles.
Talvez pudéssemos sair ainda mais e começar a procurar os abandonados. Mas é necessário sair preparados, se levarmos apenas nossas forças, conseguiremos um pouco, mas se avançarmos com a força de Deus, então Ele faz muito por nossas pequenas coisas. Acho que em nossos corações, que são consagrados a Deus, precisamos recuperar aquele amor original e testemunhar com renovada força que Deus está realmente vivo e que nos convida a participar de sua vida. E isso não pode ser escondido, as almas veem.
Como vê o futuro?
O futuro, assim como o presente, está nas mãos de Deus. A Bíblia nos ensina que o mundo está em boas mãos. É por isso que não devemos ter medo. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31). É verdade que as mudanças ocorrem a uma velocidade incrível, o mundo está se tornando cada vez menor porque tudo é fácil e rápido de alcançar. Culturas e tradições se misturam e ninguém pode imaginar quais serão as consequências. Mas se confiarmos no Senhor, que é a fonte da vida, Ele levará tudo para o bem. Cabe a nós ouvir, discernir e buscar nosso lugar e nosso papel no que Ele nos pede. E se estivermos nesse caminho, então estamos prontos para as maravilhosas surpresas que o Senhor está preparando para nós.
Qual lugar ocupado por Maria Auxiliadora na sua vida?
Maria, a Mãe de Jesus, tem um lugar importante na minha vida. Minha mãe nos indicou a presença de Nossa Senhora durante toda a sua vida e sussurrou e rezou o rosário até seu último suspiro. Eu também gosto de fazer peregrinações aos santuários de Nossa Senhora e testemunho como seu olhar infunde esperança nas pessoas. Dom Bosco nos deixou a devoção a Maria Auxiliadora e nos prometeu que veríamos o que são os milagres, se tivermos confiança infantil na Imaculada Auxiliadora. O mistério do Natal e da Eucaristia não pode ser compreendido sem mergulhar profundamente, e a maneira mais simples de conseguir isso é rezar o rosário.
O que diria aos jovens neste momento?
Minha mensagem para os jovens é que não tenham medo de serem crentes, mesmo que a moda chame isso de retrocesso. E de fato, ninguém está tão interessado no nosso amanhã quanto Deus, que em seus mandamentos nos dá a força para o futuro. Ele nos prepara para o futuro com seus mandamentos. Se a cada dia tentarmos harmonizar nossa vida de acordo com o Decálogo, então já podemos dizer de nós mesmos: bem-aventurados aqueles que vêm atrás de nós, porque terão pessoas à sua frente. Portanto, jovens, sejam corajosos, não tenham medo da vida, é o presente mais bonito de Deus.
Milan Ivančević, sdb
inspetor Croácia