26 Set 2025, Sex

Dom Bosco na Albânia. Um pai para muitos jovens

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O carisma salesiano está enraizado na Albânia, um país onde a obra salesiana é viva e fecunda: desde os inícios, nos anos 90, ao olhar para o futuro, as experiências contadas pelo padre José Liano, missionário guatemalteco a serviço da juventude albanesa, na comunidade de Escodra [Shkodër).


Como surgiu a presença salesiana na Albânia? O P. Orestes Valle conta que, diante da dramática situação italiana nos portos de Bari e Bríndisi em 1991, foi o próprio Papa São João Paulo II que pediu ao então Reitor-Mor, P. Egídio Viganò, a disponibilidade imediata dos salesianos para ir à Albânia. A chegada daqueles navios sobrecarregados de pessoas em busca de um futuro melhor partia seu coração e imediatamente lhe fez compreender que não se podia limitar à acolhida no porto: havia também a necessidade urgente de fazer o caminho inverso e ir ao encontro daqueles jovens pobres e abandonados deixados em casa.
A primeira expedição salesiana da Itália chegou no final de 1991. Oficialmente, a presença salesiana começou em 25 de setembro de 1992, em Escodra (Shkodër), no norte da Albânia, destinada a construir um futuro promissor, a partir de um presente pleno e alegre. O contexto era uma cidade historicamente importante, de grande cultura e fé, em meio a uma pobreza terrível, um número inimaginável de jovens, com a lembrança de muito sangue derramado, o sangue dos mártires católicos e de outras religiões.
A obra se desenvolveu em torno das necessidades dos jovens e de suas famílias: do oratório, coração e gênese da presença salesiana, à escola profissionalizante, depois ao internato, ao templo e à paróquia. Um desenvolvimento segundo o critério oratoriano: pátio, escola, casa e paróquia, como queria Dom Bosco. Depois de Escodra, os horizontes se abriram na capital Tirana, depois em Kosovo, em Prishtina e Gjilan, e, há quase três anos, também em Lushnje, no sul da Albânia.

A casa salesiana de Escodra está localizada no centro da cidade: há um número significativo de meninos matriculados no internato e o oratório continua a ser um pátio lotado todas as tardes. Desde os pequenos que vêm para o treino de futebol ou para a escola de dança folclórica, até os “grandes” que gostam de jogar vôlei, basquete ou simplesmente se encontram para conversar e passar um tempo juntos no oratório.
Todos os dias, às 18 horas, todas as atividades são interrompidas para a boa noite e oração, como é tradição salesiana. Todos os finais de semana os grupos de catequese se reúnem (sexta-feira) e os grupos de formação (sábado).
Isso de forma ordinária, porque depois teríamos de acrescentar os encontros vocacionais, as experiências de apostolado, o treinamento para os vários esportes e festas de acordo com o tempo litúrgico. Tudo isso é animado por uma comunidade crente bastante numerosa e por um número significativo de meninos e jovens animadores.

Poder-se-ia dizer que a beleza e a originalidade das obras salesianas albanesas é que, em seu conjunto, são acolhidas centenas de crianças e famílias de diferentes credos, oferecendo um serviço de educação e comunhão em um contexto inter-religioso. O nome e a tradição de “Don Bosko” (com k) são reconhecidos como um modelo de confiança, de trabalho e de bem generoso para a sociedade. Cada comunidade realiza sua missão em um contexto totalmente diferente em termos de fé, de proposta pastoral e de diálogo com a cidade; mas são feitos esforços para compartilhar, na medida do possível, entre salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora.
Para os jovens, tudo parece ser um único pátio em lugares diferentes. Essa harmonia e confiança são o trunfo para poder propor jogos, cursos, orações e itinerários de crescimento sem serem julgados como “propagandistas da fé” ou “interessados apenas no próprio bem”.

Quem entra em um ambiente salesiano se sente acolhido e capaz de acolher os outros, sem distinção. E, para os católicos, fazer parte do grupo de animadores e do pátio significa viver a própria vocação a serviço dos jovens, segundo o estilo salesiano, com a beleza de vê-los rezar, confessar-se e participar da missa regularmente.
O que está questionando os salesianos atualmente é encontrar as respostas certas para as necessidades dessa geração.
O fenômeno da migração é desolador, os indicadores de pobreza estão aumentando e as chances de um futuro digno em Escodra estão dramaticamente reduzidas. Tanto para estudar quanto para encontrar um emprego, é preciso ter muita sorte ou então é preciso ir embora. Os salesianos sonham com um centro diurno e um centro para jovens, com uma escola profissionalizante digna e eficiente e uma escola de idiomas, artes e esportes, o que daria aos seus sonhos uma forma, um presente e um futuro. Infelizmente, sem apoio financeiro, esses sonhos permanecem apenas como tinta em folhas de papel em branco. E, enquanto isso, os jovens e as famílias continuam indo embora daqui.
Mas os salesianos não param de sonhar, vivendo o presente como um dom verdadeiramente precioso de Deus. O P. José LIANO, missionário salesiano da Guatemala, nos diz: “Pessoalmente, sinto-me o salesiano mais sortudo do mundo: compartilhar a missão com salesianos de todo o mundo (Vietnã, Congo, Itália, Zâmbia, Índia, Eslovênia, Eslováquia, Guatemala, Albânia e Kosovo), com jovens e salesianos tão fiéis, em uma cidade tão bonita, dedicando-me a animar o oratório… não acontece todos os dias! Tudo isso, com a consciência de que entrar no contexto, conhecer a realidade e entender a língua foram processos lentos e custosos; mas, depois de um tempo, percebe-se o quanto valeu a pena. Uma missão tão desafiadora e bela é um estímulo à fidelidade criativa e à santidade!
Para a Albânia de hoje, se descortina um futuro complexo. Não faltam problemas. Ultimamente, o apoio econômico e os projetos que chegavam à Albânia têm sido direcionados a destinatários mais necessitados, especialmente na Ucrânia e na Turquia; isso sugere que também é hora de começar não apenas a receber, mas também a gerar apoio, embora ainda não seja possível cobrir totalmente os custos. Os jovens, fiéis e fortes, estão lá, pela graça de Deus. Hoje o desafio é encontrar o ponto de impulso, a maneira de transformar o contexto em uma certeza, um “oásis” para as gerações futuras e uma fonte de vocações, de santidade e de beleza.

Marco Fulgaro

By Editor BSOL

Editor do Website.