27 Dez 2025, Sáb

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“Mais uma vez pude constatar pessoalmente, viajando pelo mundo salesiano, que Maria Auxiliadora – como prometeu Dom Bosco – é um farol de luz, um porto seguro, o amor materno de seu filho e de todos nós”.


Caros amigos de Dom Bosco, do Boletim Salesiano e de seu precioso carisma, como costumo fazer, quero partilhar com vocês, neste mês de maio, um acontecimento que vivi recentemente e me tocou o coração e, ao mesmo tempo, me fez pensar muito na responsabilidade que temos para com a devoção a Maria Auxiliadora.
No dia em que João Bosco entrou no seminário, Mamãe Margarida disse-lhe: “Quando você veio ao mundo, eu o consagrei à Santíssima Virgem; quando você começou seus estudos, recomendei-lhe a devoção à nossa Mãe: agora o recomendo a ser todo dela: ame os devotos companheiros de Maria; e se você se tornar sacerdote, recomende e propague sempre a devoção a Maria. Ao terminar estas palavras, minha mãe ficou emocionada: “Mãe, eu lhe respondi, agradeço por tudo o que a senhora disse e fez por mim; estas suas palavras não serão ditas em vão e eu as guardarei em toda a minha vida”.
Como recordam com frequência as nossas Memórias, Dom Bosco lançou-se nos braços da divina Providência, como uma criança nos braços de sua mãe.

Uma cidade salesiana

No final de março, quando fui novamente ao Peru – na América Latina – quis ir ao noroeste do país para visitar uma cidade e uma presença salesiana muito significativa. Por várias razões.
Em primeiro lugar, porque Piura é chamada pelos seus habitantes de “a cidade do calor eterno” ou também “a cidade onde o verão nunca termina”, é certamente muito quente e a umidade faz com que seja ainda mais quente.
Mas, ao mesmo tempo, é uma cidade muito salesiana. Mais de um século de presença marcou ali o espírito do povo com um estilo de relação e ligações educativas e relacionais muito familiar, muito simples, enfim, muito salesiano.
Sobretudo, é uma cidade muito mariana e, na órbita das duas presenças salesianas, é muito devota de Maria Auxiliadora.

Enfim, gostaria de destacar o magnífico serviço educativo prestado desde o início da presença com a escola Dom Bosco e, sobretudo, nas últimas décadas, com a presença salesiana na Boscônia, uma presença humilde e bela num dos bairros mais conturbados, periféricos e pobres, e onde, graças ao empenho de tantas pessoas (tanto na sociedade civil como na Igreja) E, sobretudo graças ao carisma de Dom Bosco, esta parte da cidade continua a ser transformada, dando oportunidades de formação profissional a centenas de meninos e meninas que, onde não poderiam ter qualquer oportunidade, deixam hoje esta casa salesiana com uma profissão aprendida, praticada e formada para o mundo do trabalho.
Na Boscônia há até um magnífico centro médico salesiano dirigido por um ramo de nossa família, as Salesianas.
Creio ter descrito rapidamente o que encontrei na “cidade do eterno calor”. Tudo é digno de nota, mas fiquei particularmente tocado pela profunda devoção a Maria Auxiliadora. Quase inesperadamente – porque apenas algumas semanas antes eu havia anunciado que gostaria de conhecê-los – encontrando-me às 18 horas de um dia normal da semana, no meio de uma multidão de mais de três mil pessoas que se haviam reunido para celebrar a Eucaristia em honra de nossa Mãe Auxiliadora.
Vi centenas de crianças e jovens com seus pais, dezenas e dezenas de meninos, meninas e adolescentes dos diversos oratórios salesianos locais, professores, educadores, etc.
O “calor eterno da cidade” parecia pouco em comparação com a fé, a devoção, a interioridade e a oração, o canto e tudo o mais que eu imaginava enchia o coração daquelas pessoas, assim como enchia o meu.
Mais uma vez pude ver pessoalmente, viajando pelo mundo salesiano, que Maria Auxiliadora – como prometeu Dom Bosco – é um farol de luz, um porto seguro, o amor materno de seu filho e de todos nós, seus filhos e filhas. Ela é em última análise a MÃE na qual nos abandonamos e que sempre nos conduzirá a seu amado Filho. Vi isso também em Piura.

Nossa Senhora na varanda
E, ao mesmo tempo, gostaria de acrescentar outro pequeno comentário com uma necessária autocrítica para todos nós que somos filhos e filhas de Dom Bosco. O espírito de Deus chega aonde quer e toca o coração de seus fiéis de uma maneira que só ele sabe como. Este é o caso da devoção à Mãe do Filho de Deus, e minha nota crítica é que nem em todas as partes do mundo a Mãe do Céu, nossa Mãe Auxiliadora dos Cristãos, se fez conhecer da mesma maneira, com a mesma intensidade, com a mesma paixão apostólica. Há lugares onde desenvolvemos escolas, onde fomos adiante, onde certamente servimos ao bem do povo, mas não conseguimos torná-la conhecida e amada.
Isso seria incompreensível para Dom Bosco. Digo-lhes que para mim é igualmente incompreensível e inaceitável. Porque, além disso, se houvesse pessoas na família de Dom Bosco que não se referissem a Maria Auxiliadora, elas seriam outra coisa, mas não seriam filhos e filhas de Dom Bosco. Ela, a Mãe, e a devoção a Maria Auxiliadora como Mãe do Senhor e nossa Mãe não é opcional no carisma salesiano, como não o era para Dom Bosco. É, muito simplesmente, essencial. Maria Santíssima é a fundadora e ela será a apoiadora de nossas obras”, repetia continuamente Dom Bosco, “Ela será larga conosco de dons temporais e espirituais, ela será nossa guia, nossa mestra, nossa mãe”. Todos os bens do Senhor chegam até nós por Maria”.
Em um de seus sonhos, Dom Bosco viu uma senhora muito nobre, vestida de realeza, que saiu da sua varanda gritando: “Meus filhos, venham, abriguem-se sob o meu manto”.
É meu ardente desejo que ela, a Mãe do Filho predileto, ela, a Auxiliadora, continue sendo tão especial em todas as partes do mundo quanto na “cidade do eterno calor” (Piura-Peru).
Feliz festa de Maria Auxiliadora para todos no mundo inteiro.


Ángel Card. FERNÁNDEZ ARTIME

Reitor-Mor dos Salesianos de Dom Bosco